22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAVERNA, ÍDOLOS DA 131 CERTEZA<br />

observação <strong>de</strong> Hegel (l.c) que C. suié equivalente<br />

a effectus sui.<br />

CAVERNA, ÍDOLOS DA. V. ÍDOLOS.<br />

CAVERNA, MITO DA. Mito exposto por<br />

Platão no livro VII da República, segundo o<br />

qual a condição dos homens no mundo é semelhante<br />

à <strong>de</strong> escravos presos numa C, que só<br />

conseguem enxergar projetadas no fundo da C.<br />

as sombras das coisas e dos seres que estão<br />

fora. A <strong>filosofia</strong> é, em primeiro lugar, a saída da<br />

C. e a observação das coisas reais e do princípio<br />

da sua vida e da sua cognoscibilida<strong>de</strong>, isto é,<br />

do Sol (o bem [v.]); e, em segundo lugar, o retorno<br />

à C. e a participação nas obras e nos valores<br />

próprios do mundo humano (Rep., 519 c-d).<br />

CAVILAÇÃO (lat. Cavillatio; in. Cavil; it.<br />

Cavilló). Esse termo foi proposto por Cícero<br />

como tradução da palavra grega sophisma, que<br />

<strong>de</strong>pois foi traduzida por falácia (v.) {De oral,<br />

II, 54, 217; cf. SÊNECA, fíp., 111; QUINTIUANO, Inst.<br />

or, IX, 1, 15). Nesse sentido, esse termo ainda<br />

foi recordado no séc. XVII (cf. JUNGIUS, Lógica<br />

hamburgensis, 1638, VI, 1, 16).<br />

CELANTES. Palavra mnemônica usada pelos<br />

escolásticos para indicar o sexto modo da<br />

primeira figura do silogismo, mais precisamente<br />

o que consiste em uma premissa universal<br />

negativa, uma premissa universal afirmativa e<br />

uma conclusão universal negativa, como no<br />

exemplo: "Nenhum animal é pedra; todo homem<br />

é animal: logo, nenhuma pedra é homem"<br />

(PEDRO HISPANO, Summ. log., 4.08).<br />

CELARENT. Palavra mnemônica usada pelos<br />

escolásticos para indicar o segundo modo<br />

da primeira figura do silogismo, mais precisamente<br />

o que consiste em uma proposição universal<br />

negativa, uma proposição universal afirmativa<br />

e uma conclusão universal negativa,<br />

como no exemplo: "Nenhum animal é pedra;<br />

todo homem é animal: logo, nenhum homem é<br />

pedra" (PEDRO HISPANO, Summ. log., 4.07).<br />

CERTEZA (gr. Pepatcoxiíç; lat. Certitudo; in.<br />

Certitu<strong>de</strong>, Certainty, fr. Certítu<strong>de</strong>, ai. Gewissheit;<br />

it. Certezza). Essa palavra tem dois significados<br />

fundamentais: l s segurança subjetiva da<br />

verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um conhecimento; 2 Q garantia que<br />

um conhecimento oferece da sua verda<strong>de</strong>.<br />

Esses dois significados ainda se mantêm e para<br />

eles o inglês tem duas palavras diferentes:<br />

certitu<strong>de</strong>, que se refere ao primeiro, e certainty,<br />

ao segundo. Os dois significados nem<br />

sempre constituem alternativas exclu<strong>de</strong>ntes,<br />

mas freqüentemente são complementares. Todavia,<br />

no pensamento clássico prevalece o se-<br />

gundo significado, o objetivo, e a garantia a<br />

que se faz alusão é a soli<strong>de</strong>z ou a estabilida<strong>de</strong><br />

do conhecimento verda<strong>de</strong>iro. Segundo esse<br />

conceito, que Platão expressou do modo mais<br />

claro, a estabilida<strong>de</strong> do conhecimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da estabilida<strong>de</strong> do seu objeto, <strong>de</strong> sorte que só<br />

po<strong>de</strong>m ser estavelmente conhecidas (isto é,<br />

com C.) as coisas estáveis, ao passo que as coisas<br />

instáveis, isto é, mutáveis, só po<strong>de</strong>m ser<br />

objeto <strong>de</strong> conhecimento provável (Tira., 29<br />

b-c; Fil, 59 b). Nesse sentido, a C. é apenas um<br />

atributo da verda<strong>de</strong>: é o caráter estável, ou seja,<br />

nào sujeito a <strong>de</strong>smentidos, da própria verda<strong>de</strong>.<br />

No mesmo sentido a C. foi entendida por Aristóteles<br />

{Mel, IV, 1008 a 16; 1011 b 13; etc.) e<br />

por Sexto Empírico: este último associa a C. à<br />

verda<strong>de</strong> e à ciência (Pirr. hyp., I, 191; II. 214;<br />

Adv. math., VII, 151, etc).<br />

A noção subjetiva da C. e os problemas a ela<br />

inerentes nasceram com a importância atribuída<br />

pelo Cristianismo à fé, quando foi reconhecida<br />

a possibilida<strong>de</strong> da segurança subjetiva do<br />

saber, nào garantida por um critério objetivo <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>. Mas, obviamente, o reconhecimento<br />

<strong>de</strong>ssa possibilida<strong>de</strong> não levava a negar, mas a<br />

reconhecer a outra possibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> garantia<br />

objetiva. Por isso, os dois conceitos <strong>de</strong> C. são<br />

sempre esclarecidos juntos e <strong>de</strong> modo complementar,<br />

na tradição filosófica. S. Tomás distingue<br />

dois modos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a certeza. O primeiro<br />

consiste em consi<strong>de</strong>rar a causa <strong>de</strong>la e,<br />

sob esse aspecto, a fé é mais certa cio que a sabedoria,<br />

do que a ciência e do que o intelecto,<br />

porque se fundamenta na verda<strong>de</strong> divina, ao<br />

passo que essas três coisas se baseiam na razão<br />

humana. No segundo modo, a C. po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada sob o aspecto do objeto (subiectum) e,<br />

assim sendo, é mais certo o objeto que mais se<br />

adapta ao intelecto humano e é menos certa a<br />

fé (S. Th., II, 2, q. 4, a. 8). Obviamente, a C.<br />

consi<strong>de</strong>rada na sua causa é a C. subjetiva, isto<br />

é, a segurança subjetiva da verda<strong>de</strong> da crença,<br />

enquanto a C. consi<strong>de</strong>rada no seu objeto é a C.<br />

objetiva; e, <strong>de</strong> fato, S. Tomás atribui a primeira<br />

C. à ação da vonta<strong>de</strong>, não à da razão (Ibid., II,<br />

2, q. 2, a. 1, ad 3 S ). Com Descartes, a <strong>filosofia</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna i<strong>de</strong>ntificou verda<strong>de</strong> com C: a primeira<br />

regra cartesiana, "só aceitar por verda<strong>de</strong>iro<br />

o que se reconhece evi<strong>de</strong>ntemente como tal",<br />

estabelece essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, cujo ato ou manifestação<br />

é o próprio cogito, na medida em que<br />

faz da C. que o eu tem da própria existência o<br />

próprio princípio da verda<strong>de</strong>. Essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

também é evi<strong>de</strong>nte em Locke, que faz a distin-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!