22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ESCÂNDALO 344 ESCOLASTICA<br />

do E. pelo mesmo motivo pelo qual Hegel não a<br />

elaborou: porque não admitem a possibilida<strong>de</strong><br />

do erro. Para outras correntes, porém, o motivo<br />

é diferente: elas reconheceram a intrínseca falibilida<strong>de</strong><br />

(v.) dos procedimentos cognoscitivos<br />

<strong>de</strong> que o homem dispõe e, portanto, a possibilida<strong>de</strong><br />

do E. não se distingue da possibilida<strong>de</strong><br />

do conhecimento. Em certo sentido, esse ponto<br />

<strong>de</strong> vista significa um retorno à teoria platônica<br />

do E. ou, pelo menos, ao seu pressuposto <strong>de</strong><br />

que as <strong>de</strong>terminações do conhecimento, assim<br />

como as do ser, não <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas<br />

necessida<strong>de</strong>s, mas possibilida<strong>de</strong>s (v.).<br />

ESCÂNDALO (in. Scandal; fr. Scandale, ai.<br />

Skandal; it. Scandaló). Kierkegaard transformou<br />

o E. numa categoria religiosa, <strong>de</strong>finindo-o<br />

como "o pecado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sesperar da remissão<br />

dos pecados". Para o intelecto humano, o perdão<br />

do pecado é a mais impossível <strong>de</strong> todas as<br />

coisas: <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista, a religião é a "possibilida<strong>de</strong><br />

do escândalo" {Die Krankheit zum<br />

To<strong>de</strong>, II, B, B; trad. it., Fabro, p. 347; cf. Diário,<br />

X J A, 133).<br />

ESCATOLOGIA (in. Eschatology, fr. Eschatologie;<br />

Eschatologie, it. Escatologia). Termo<br />

mo<strong>de</strong>rno que indica a parte da teologia que<br />

consi<strong>de</strong>ra as fases "finais" ou "extremas" da<br />

vida humana ou do mundo: morte, juízo universal,<br />

pena ou castigo extraterrenos e fim do<br />

mundo. Os filósofos usam às vezes esse termo<br />

para indicar a consi<strong>de</strong>ração dos estágios finais<br />

do mundo ou do gênero humano (cf. RENOU-<br />

VIER, Nouvelle monadologie, 1899, VII, 139-40).<br />

ESCOCESA, ESCOLA (in. Scottish school; fr.<br />

Écoleécossaise, ai. SchottischeScbule, it. Scuola<br />

scozzesè). Grupo <strong>de</strong> filósofos escoceses que<br />

compreen<strong>de</strong> Thomas Reid (1710-96), Dugald<br />

Stewart (1753-1828), Thomas Brown (1778-<br />

1820), William Hamilton (1788-1856) e Henri<br />

Mansel (1820-71), cujas doutrinas fundamentais<br />

são: 1- recurso ao senso comum para garantir<br />

algumas verda<strong>de</strong>s teóricas e morais consi<strong>de</strong>radas<br />

fundamentais para o homem (v. SENSO<br />

COMUM); 2- realismo natural, teoria <strong>de</strong> que o<br />

objeto imediato do conhecimento não é a idéia<br />

(como se julgara <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Descartes até Hume),<br />

mas a coisa externa (v. REALISMO).<br />

ESCOLASTICA (in. Scholasticism, fr. Scolastique,<br />

ai. Scholastik, it. Scolasticd). 1. Em<br />

sentido próprio, a <strong>filosofia</strong> cristã da Ida<strong>de</strong> Média.<br />

Nos primeiros séculos da Ida<strong>de</strong> Média, era<br />

chamado <strong>de</strong> scholasticus o professor <strong>de</strong> artes<br />

liberais e, <strong>de</strong>pois, o docente <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> ou<br />

teologia que lecionava primeiramente na esco-<br />

la do convento ou da catedral, <strong>de</strong>pois na Universida<strong>de</strong>.<br />

Portanto, literalmente, E. significa <strong>filosofia</strong><br />

da escola. Como as formas <strong>de</strong> ensino medieval<br />

eram duas (Jectio, que consistia no<br />

comentário <strong>de</strong> um texto, e disputatio, que<br />

consistia no exame <strong>de</strong> um problema através<br />

da discussão dos argumentos favoráveis e<br />

contrários), na E. a ativida<strong>de</strong> literária assumiu<br />

predominantemente a forma <strong>de</strong> Comentários<br />

ou <strong>de</strong> coletâneas <strong>de</strong> questões (v. QUESTÃO).<br />

O problema fundamental da E. é levar o homem<br />

a compreen<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong> revelada. A E.<br />

é o exercício da ativida<strong>de</strong> racional (ou, na prática,<br />

o uso <strong>de</strong> alguma <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>terminada,<br />

neoplatônica ou aristotélica) com vistas ao<br />

acesso à verda<strong>de</strong> religiosa, à sua <strong>de</strong>monstração<br />

ou ao seu esclarecimento nos limites em<br />

que isso é possível, aprestando um arsenal<br />

<strong>de</strong>fensivo contra a incredulida<strong>de</strong> e as heresias.<br />

A E., portanto, não é uma <strong>filosofia</strong> autônoma,<br />

como, p. ex., a <strong>filosofia</strong> grega: seu dado ou sua<br />

limitação é o ensinamento religioso, o dogma.<br />

Para exercer essa tarefa, não confia apenas nas<br />

forças da razão, mas chama em seu socorro a<br />

tradição religiosa ou filosófica, recorrendo às<br />

chamadas auctoritates. Auctoritas é a <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> um concilio, uma máxima bíblica, a sententia<br />

<strong>de</strong> um padre da Igreja ou mesmo <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

filósofo pagão, árabe ou judaico. O recurso<br />

à autorida<strong>de</strong> é a manifestação típica do caráter<br />

comum e supra-individual da investigação E.,<br />

em que cada pensador quer sentir-se apoiado<br />

pela responsabilida<strong>de</strong> coletiva da tradição eclesiástica.<br />

A E. medieval costuma ser distinguida em<br />

três gran<strong>de</strong>s períodos: 1 B a alta E., que vai do<br />

séc. IX ao fim do séc. XII, caracterizada pela<br />

confiança na harmonia intrínseca e substancial<br />

entre fé e razão e na coincidência <strong>de</strong> seus resultados;<br />

2 a o florescimento da E., que vai <strong>de</strong><br />

1200 aos primeiros anos do séc. XTV, época dos<br />

gran<strong>de</strong>s sistemas, em que a harmonia entre fé e<br />

razão é consi<strong>de</strong>rada parcial, apesar <strong>de</strong> não se<br />

consi<strong>de</strong>rar possível a oposição entre ambas; 3 9<br />

dissolução da E., que vai dos primeiros <strong>de</strong>cênios<br />

do séc. XIV até o Renascimento, período<br />

em que o tema básico é a oposição entre fé e<br />

razão.<br />

Esse conceito da E. foi extraído da obra fundamental<br />

<strong>de</strong> M. Grabman, Die Geschicbte <strong>de</strong>r<br />

scholastichen Metho<strong>de</strong> (1909, reimpr. 1956).<br />

Não faltaram tentativas <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a E. como<br />

uma síntese doutrinária completa, na qual confluíam<br />

e fundiam-se contribuições individuais

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!