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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ESCOLHA 346 ESCOLHAS, AXIOMA DAS<br />

a E. do que já se é e não se po<strong>de</strong> não ser. Esse<br />

conceito <strong>de</strong> E. da E. acaba eliminando a própria<br />

E., que, como Aristóteles reconhecera, está<br />

sempre ligada ao possível. Por outro lado,<br />

Sartre insistiu na perfeita arbitrarieda<strong>de</strong> da E.,<br />

i<strong>de</strong>ntificou E. e consciência e viu, por isso, um<br />

ato <strong>de</strong> E. em todo ato <strong>de</strong> consciência (Z 'être et<br />

le néant, pp. 539 ss.). Isso po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>,<br />

mas <strong>de</strong> certo modo é oportuno sair em busca<br />

<strong>de</strong> um sentido mais específico <strong>de</strong> E., segundo o<br />

qual nem todos os atos sejam escolhas. Esse<br />

sentido po<strong>de</strong> ser precisamente o <strong>de</strong> E. da E.,<br />

não como E. do que já foi escolhido, mas como<br />

E. do que po<strong>de</strong> ainda ser escolhido. Nesse sentido,<br />

a "E. possível" é não só a E. que se oferece<br />

como possibilida<strong>de</strong>, mas a E. que, uma vez<br />

feita, afigura-se ainda possível. Entendido nesse<br />

sentido, o conceito <strong>de</strong> E. torna-se suscetível<br />

<strong>de</strong> tratamento objetivo e capaz <strong>de</strong> orientar a<br />

análise das técnicas <strong>de</strong> E. Desse ponto <strong>de</strong> vista,<br />

é indispensável <strong>de</strong>terminar, em primeiro lugar<br />

o contexto das E., ou seja, o campo <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>siw)<br />

objetivas em que a E. <strong>de</strong>ve atuar. P.<br />

ex., para o homem que sofreu uma afronta, as<br />

opções <strong>de</strong> vingança pela força ou pela violência<br />

são diferentes das que lhe são oferecidas<br />

pelo sistema jurídico em que vive. Além disso,<br />

sempre com referência a um contexto <strong>de</strong>terminado,<br />

po<strong>de</strong>-se fazer a distinção entre grau <strong>de</strong><br />

E., que é o número <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s oferecidas<br />

por <strong>de</strong>terminado contexto, e extensão da<br />

E., que é o número <strong>de</strong> indivíduos que têm<br />

acesso a <strong>de</strong>terminada E. em dado contexto.<br />

Entre extensão e grau po<strong>de</strong> haver todas as relações<br />

possíveis, pois o aumento no grau po<strong>de</strong><br />

influir na extensão e vice-versa. O critério da<br />

repetibilida<strong>de</strong> das E., com base nas consi<strong>de</strong>rações<br />

acima, especialmente com base nas normas<br />

técnicas do contexto, é adotado por todas<br />

as disciplinas (conquanto implicitamente): p.<br />

ex., um axioma matemático ou lógico continuará<br />

sendo admitido (ou seja, sua E. se repete)<br />

enquanto não levar a uma contradição; uma<br />

técnica científica ou produtiva continuará em<br />

uso (ou seja, será sempre escolhida) enquanto<br />

não <strong>de</strong>r ensejo a inconvenientes ou<br />

não for encontrada outra melhor; e assim<br />

por diante.<br />

Hoje, em todas as ciências, especialmente<br />

na matemática, na lógica, na psicologia e na<br />

sociologia, é gran<strong>de</strong> o uso da noção <strong>de</strong> E.<br />

Mas, como se disse, raramente ela é analisada<br />

por essas ciências, que pressupõem seu<br />

significado corrente. Por outro lado, as análi-<br />

ses feitas pelos filósofos nem sempre dão conta<br />

dos caracteres fundamentais da E. Bergson,<br />

p. ex., consi<strong>de</strong>rou as alternativas diante das<br />

quais se encontra situada toda E. como falsas<br />

"espacializações" dos estados interiores <strong>de</strong> hesitação;<br />

portanto, concebeu a E. como algo<br />

que, "à maneira <strong>de</strong> um fruto maduro, separase<br />

dos estados consecutivos do eu" (Les données<br />

immédiates <strong>de</strong> Ia conscience, 1889, p. 134).<br />

Mas está claro que, se as alternativas são fictícias,<br />

fictícia é a própria E. que vive só no possível,<br />

que é constituído por alternativas. Característica<br />

mais autêntica da E. humana foi<br />

evi<strong>de</strong>nciada por Dewey: "A E. não é uma preferência<br />

que emerge da indiferença: é a emergência<br />

<strong>de</strong> uma preferência unificada a partir<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> preferências competitivas".<br />

Portanto, a E. racional é apenas aquela que<br />

unifica e harmoniza diferentes tendências concorrentes<br />

{Human Nature and Conduct, 1929,<br />

p. 193). Assim, Dewey alija da E. o critério <strong>de</strong><br />

racionalida<strong>de</strong>, pondo-se num plano em que é<br />

possível sugerir inúmeros critérios. Tem, contudo,<br />

o mérito <strong>de</strong> ter ressaltado a importância da<br />

E. e sua onipresença. "A operação <strong>de</strong> E.", disse<br />

ele, "é inevitável em qualquer empreendimento<br />

que exija a reflexão. Em si mesma, não é falsificadora.<br />

A ilusão resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que a sua<br />

presença é oculta, camuflada, negada. Um método<br />

empírico <strong>de</strong>scobre e põe a nu a operação<br />

<strong>de</strong> E., como faz com qualquer outro acontecimento"<br />

(Experience and Nature, 1926, p. 35).<br />

ESCOLHAS, AXIOMA DAS (in. Axiom of<br />

choice, fr. Axiome <strong>de</strong>s choix, ai. Auswahlprinzip,<br />

it. Assíoma <strong>de</strong>lle scelte). Tem esse nome um<br />

princípio enunciado por Zermelo em 1904, segundo<br />

o qual, dada uma classe K cujos membros<br />

são classes não vazias a, b, c,... existe uma<br />

função/que estabelece a correspondência entre<br />

cada classe a, b, c, e um elemento e um só<br />

da classe fia), fib),fic)... Esse postulado, na<br />

forma <strong>de</strong> um axioma multiplicativo, foi reexposto<br />

por Russell da seguinte forma: dada uma<br />

classe K, cujos membros são classes não vazias,<br />

que não têm nenhum membro em comum,<br />

existe uma classe A, cujos membros são todos<br />

membros dos membros <strong>de</strong> K e que tem só<br />

um membro em comum com cada membro <strong>de</strong><br />

K. Zermelo <strong>de</strong>monstrou que os dois axiomas<br />

são equivalentes. Os matemáticos utilizavam com<br />

freqüência uma assunção <strong>de</strong>sse gênero, mas a<br />

sua enunciação explícita suscitou dúvidas e<br />

discussões, substancialmente quanto ao conceito<br />

<strong>de</strong> "existência" dos membros <strong>de</strong> um conjunto.

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