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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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IDÉIA 527 IDÉIA<br />

to <strong>de</strong> encontro e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação entre a infinida<strong>de</strong><br />

divina e o finito corpóreo (Werke, I, II, p.<br />

187). Para Goethe, a I. é a força divina formadora<br />

da natureza (Werke, ed. Hempel, XIX. pp. 63,<br />

158). Schopenhauer consi<strong>de</strong>ra a I. como a primeira<br />

e imediata objetivação da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

viver, portanto como "forma eterna" ou "o<br />

mo<strong>de</strong>lo" das coisas (Die Welt, I, § 25). Hegel,<br />

por fim, vê na I. "o verda<strong>de</strong>iro em si e para si, a<br />

unida<strong>de</strong> absoluta do conceito e da objetivida<strong>de</strong>".<br />

Nesse sentido, ela não é representação<br />

nem conceito <strong>de</strong>terminado. "O absoluto é a I.<br />

universal e única que, com o julgar, se especifica<br />

no sistema das I. <strong>de</strong>terminadas, que no entanto<br />

voltam para a I. única, sua verda<strong>de</strong>. Por<br />

força <strong>de</strong>sse juízo, a I. é, em primeiro lugar, apenas<br />

a única e universal substância, mas, na forma<br />

verda<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong>senvolvida, ela é como sujeito,<br />

por isso como espírito" (Ene, § 213).<br />

Nesta forma verda<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong>senvolvida ela é I.<br />

absoluta, ou seja, Razão Autoconsciente, que se<br />

manifesta nas três <strong>de</strong>terminações do espírito<br />

absoluto (arte, religião, <strong>filosofia</strong>) e se realiza no<br />

estado, também <strong>de</strong>nominado por Hegel" realida<strong>de</strong><br />

da I." (Fil. do dir., % 258, comentário). Isso<br />

não passava <strong>de</strong> uma tradução para termos mo<strong>de</strong>rnos<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que o antigo platonismo<br />

estabelecera entre a I. como objeto inteligível e<br />

a Inteligência. O i<strong>de</strong>alismo contemporâneo,<br />

mesmo se inspirando em Hegel, não adotou a<br />

terminologia hegeliana nesse aspecto: <strong>de</strong>u à razão<br />

autoconsciente os nomes <strong>de</strong> Espírito,<br />

Absoluto ou Consciência, e não o <strong>de</strong> Idéia. Em<br />

todos os <strong>de</strong>mais aspectos, a noção <strong>de</strong> I. permanece<br />

ligada à noção platônica <strong>de</strong> exemplar<br />

ou arquétipo eterno, e isso tanto para os que<br />

a aceitam quanto para os que a negam.<br />

2- No segundo significado, I. significa representação<br />

em geral. Esse significado já se encontra<br />

na tradição literária (p. ex., em MON-<br />

TAIGNE, Essais, II, 4), mas Descartes introduziu-o<br />

na linguagem filosófica, enten<strong>de</strong>ndo por I. o<br />

objeto interno do pensamento em geral. Nesse<br />

sentido, afirma que por I. se enten<strong>de</strong> "a forma<br />

<strong>de</strong> um pensamento, para cuja imediata percepção<br />

estou ciente <strong>de</strong>sse pensamento" (Resp. II,<br />

<strong>de</strong>f. 2). Isso significa que a I. expressa aquele<br />

caráter fundamental do pensamento graças ao qual<br />

ele fica imediatamente ciente <strong>de</strong> si mesmo. Para<br />

Descartes, toda I. tem, em primeiro lugar, uma<br />

realida<strong>de</strong> como ato do pensamento e essa realida<strong>de</strong><br />

é puramente subjetiva ou mental. Mas,<br />

em segundo lugar, tem também uma realida<strong>de</strong><br />

que Descartes <strong>de</strong>nominou escolasticamente <strong>de</strong><br />

objetiva, porquanto representa um objeto: neste<br />

sentido as I. são "quadros" ou "imagens" das<br />

coisas (Mêd., III). Esta terminologia era amplamente<br />

aceita pela <strong>filosofia</strong> pós-cartesiana. A<br />

Lógica <strong>de</strong> Port-Royal adotou-a, enten<strong>de</strong>ndo por<br />

I. "tudo o que está em nosso espírito quando<br />

po<strong>de</strong>mos dizer com verda<strong>de</strong> que concebemos<br />

uma coisa, seja qual for a maneira como a concebemos"<br />

(ARNAULD, Log., I, 1). Também foi<br />

aceita por Malebranche (Rech. <strong>de</strong> Ia ver., II, 1)<br />

e Leibniz, que consi<strong>de</strong>ra as I. como "os objetos<br />

internos" da alma (Nouv. ess. II, 10, § 2). Este<br />

último, porém, pretendia reservar o termo I.<br />

apenas para o conhecimento claro, distinto e<br />

a<strong>de</strong>quado, passível <strong>de</strong> ser analisado em seus<br />

constituintes últimos e isento <strong>de</strong> contradições<br />

(Phil. Schriften, ed. Gerhardt, IV, pp. 422 ss.)<br />

Spinoza, por sua vez, entendia por I. "o conceito<br />

formado pela mente enquanto pensa" e preferia<br />

a palavra "conceito" a "percepção" porque<br />

a percepção parece indicar a passivida<strong>de</strong><br />

da mente diante do objeto, enquanto o conceito<br />

exprime sua ativida<strong>de</strong> (Et., II, <strong>de</strong>f. 3). Por<br />

outro lado, Hobbes já <strong>de</strong>finira a I. como "a<br />

memória e a imaginação das gran<strong>de</strong>zas, dos<br />

movimentos, dos sons, etc, bem como da or<strong>de</strong>m<br />

e das partes <strong>de</strong>les, coisas estas que, apesar<br />

<strong>de</strong> serem apenas I. ou imagens, ou seja, qualida<strong>de</strong>s<br />

internas da alma, aparecem como externas<br />

e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da alma" (Decorp., 7, § 1).<br />

Mas, sem dúvida, foi Locke quem difundiu esse<br />

significado (Ensaio, I, 1, 8) e o impôs ao empirismo<br />

inglês e ao iluminismo, através dos quais<br />

entrou para o uso comum. Para Locke, assim<br />

como para Descartes, a I. é o objeto imediato<br />

do pensamento: I. é "aquilo que o homem encontra<br />

em seu espírito quando pensa" (Ibid., II,<br />

1,1). No prefácio da IV edição do Ensaio, Locke<br />

insistia na conexão da I. com a palavra. "Escolhi<br />

esse termo" — dizia ele — "para <strong>de</strong>signar,<br />

em primeiro lugar, todo objeto imediato do<br />

espírito, que ele percebe, tem à sua frente e é<br />

distinto do som que ele emprega para servirlhe<br />

<strong>de</strong> signo; em segundo lugar, para mostrar<br />

que essa I. assim <strong>de</strong>terminada, que o espírito<br />

tem em si mesmo, conhece e vê em si mesmo,<br />

<strong>de</strong>ve estar ligada sem mudanças àquele nome,<br />

e aquele nome <strong>de</strong>ve estar ligado exatamente<br />

àquela idéia" (Ibid., trad. it., I, p. 23). Estas observações<br />

permaneceram como fundamento <strong>de</strong>ssa<br />

noção que, nesse aspecto, acabou por i<strong>de</strong>ntificar-se<br />

com a noção <strong>de</strong> representação. Wolff<br />

dizia: "A representação <strong>de</strong> uma coisa <strong>de</strong>nomina-se<br />

I. quando se refere à coisa, ou seja, quan-

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