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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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IDENTIDADE, FILOSOFIA DA 529 IDENTIDADE, PRINCÍPIO DE<br />

2 a A segunda <strong>de</strong>finição é <strong>de</strong> Leibniz, que<br />

aproxima o conceito <strong>de</strong> I. ao <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> (v.):<br />

"Idênticas são as coisas que se po<strong>de</strong>m substituir<br />

uma à outra salva veritate. Se A estiver contido<br />

numa proposição verda<strong>de</strong>ira e se, pondose<br />

B no lugar <strong>de</strong> A, a proposição resultante<br />

continuar sendo verda<strong>de</strong>ira, e se o mesmo<br />

acontecer em qualquer outra proposição, diz-se<br />

que Ae B são idênticos; reciprocamente, se A e<br />

B são idênticos, a substituição a que nos referimos<br />

po<strong>de</strong> acontecer" (Specimen Demonstrando<br />

Op., ed. Erdmann, p. 94). Definição análoga foi<br />

aceita por Wolff, que <strong>de</strong>finia como idênticas<br />

"as coisas que se po<strong>de</strong>m substituir uma à outra,<br />

salvaguardando quaisquer <strong>de</strong> seus predicados"<br />

(Ont., § 181). Com base neste sentido da palavra,<br />

começou-se a falar <strong>de</strong> proposições idênticas,<br />

que Leibniz distinguiu em: afirmativas, do<br />

tipo "Cada coisa é aquilo que é"; negativas,<br />

que são regidas pelo princípio <strong>de</strong> contradição<br />

(v.); díspares, que afirmam que "o objeto <strong>de</strong><br />

uma idéia não é o objeto <strong>de</strong> outra idéia" (Nouv.<br />

ess., IV, 2, § 1). Estas observações <strong>de</strong> Leibniz<br />

são repetidas com poucas alterações pela lógica<br />

contemporânea (CARNAP, Der Logische Aufbau<br />

<strong>de</strong>r Welt, § 159; QUINE, From a Logical Point of<br />

View, 1953, VIII, 1).<br />

3 a A terceira concepção diz que po<strong>de</strong> ser<br />

estabelecida ou reconhecida com base em<br />

qualquer critério convencional. De acordo com<br />

essa concepção, não é possível estabelecer em<br />

<strong>de</strong>finitivo o significado da I. ou o critério para<br />

reconhecê-la, mas, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado sistema<br />

lingüístico, é possível <strong>de</strong>terminar esse critério<br />

<strong>de</strong> forma convencional, mas oportuna.<br />

Esta concepção foi apresentada por F. Waismann<br />

num artigo <strong>de</strong> 1936 ("Über <strong>de</strong>n Begriff<br />

<strong>de</strong>r I<strong>de</strong>ntitãt", em Erkenntniss, VI, pp. 56 ss.),<br />

em polêmica aberta contra a <strong>de</strong>finição carnapiana<br />

<strong>de</strong> I.; foi representada por P.T. Geach<br />

(em oposição a Quine), segundo o qual, quando<br />

se diz "xé idêntico a y", tem-se uma expressão<br />

incompleta, abreviativa <strong>de</strong> ''xé o mesmo A<br />

<strong>de</strong> y", on<strong>de</strong> "A" é um nome cujo significado resulta<br />

do contexto ("I<strong>de</strong>ntity", em Rev. ofMet.,<br />

1967, pp. 2-12). Esta é a concepção menos<br />

dogmática e mais ajustada às exigências do pensamento<br />

lógico-filosófico.<br />

IDENTIDADE, FILOSOFIA DA (in I<strong>de</strong>ntity-philosophy;<br />

fr. Philosophie <strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>ntité;<br />

ai. I<strong>de</strong>ntitãtsphilosophie; it. Filosofia <strong>de</strong>lia<br />

i<strong>de</strong>ntitã). Assim Schelling <strong>de</strong>nominou sua <strong>filosofia</strong>,<br />

porquanto <strong>de</strong>fine o Absoluto como I.<br />

do objeto com o sujeito, da natureza com o<br />

espírito, do inconsciente com o consciente<br />

(Werke, II, pp. 371 ss.) (v. NATUREZA, FILOSO-<br />

FIA DA).<br />

IDENTIDADE, PRINCÍPIO DE (lat Principium<br />

i<strong>de</strong>ntitatis; in. Law of i<strong>de</strong>ntity; fr. Príncipe<br />

dH<strong>de</strong>ntité; ai. Satz <strong>de</strong>r I<strong>de</strong>ntitãt; it. Principio<br />

di i<strong>de</strong>ntitã). O reconhecimento explícito<br />

<strong>de</strong>ste princípio como um dos princípios lógicos<br />

ou ontológicos fundamentais, ao lado dos<br />

princípios <strong>de</strong> contradição e do terceiro excluído,<br />

é coisa recente porque não passa da época<br />

<strong>de</strong> Wolff. Aristóteles ignora o princípio da I., o<br />

mesmo ocorrendo com toda a tradição medieval.<br />

O próprio Leibniz consi<strong>de</strong>ra o enunciado:<br />

"Tudo é aquilo que é" como tipo das verda<strong>de</strong>s<br />

idênticas afirmativas, sem atribuir-lhe a posição<br />

<strong>de</strong> princípio, que atribui apenas ao <strong>de</strong> contradição<br />

e ao <strong>de</strong> razão suficiente (Théod., I, § 44;<br />

Monad., §§ 31-32, 35). Ele afirma: "As verda<strong>de</strong>s<br />

primitivas <strong>de</strong> razão são aquelas a que dou o<br />

nome geral <strong>de</strong> idênticas porque parece que<br />

elas não fazem mais que repetir a mesma coisa<br />

sem dizer nada <strong>de</strong> novo. As verda<strong>de</strong>s idênticas<br />

po<strong>de</strong>m ser afirmativas ou negativas. As afirmativas<br />

são como as seguintes: Cada coisa é aquilo<br />

que é, e outros tantos exemplos nos quais A<br />

é A, B é B" (Nouv. ess, IV, 2, § 1). Por outro<br />

lado, o reconhecimento da certeza das proposições<br />

idênticas era muito antigo: encontrandose<br />

já em S. Tomás, que dizia: ''Devem ser notórias<br />

por si mesmas as proposições nas quais se<br />

afirma a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma coisa consigo mesma,<br />

como em homem é homem ou nas quais o<br />

predicado está incluído na <strong>de</strong>finição do sujeito<br />

como em homem é animal" (Contra Gent,<br />

I, 10).<br />

Por outro lado, Leibniz também conhecia a<br />

fórmula geral das I., como ocorria com Locke,<br />

que a enumerava entre as máximas cujo caráter<br />

inato se reconhece, graças ao consenso universal<br />

que suscitam: "Aí estão dois dos célebres<br />

princípios, aos quais, mais que a qualquer outro,<br />

se atribui a qualida<strong>de</strong> dos princípios inatos:<br />

Tudo aquilo que é é, e: É impossível que uma<br />

coisa seja e não seja ao mesmo tempo" (Ensaio,<br />

I, 1, 4). Tanto Locke quanto Leibniz parecem<br />

referir-se à fórmula da I. como máxima bem<br />

conhecida e reconhecida, mas que ainda não<br />

foi alçada ao nível <strong>de</strong> princípio ontológico<br />

ou lógico.<br />

Ora, essa fórmula começara a circular na<br />

Escolástica do séc. XIV, sobretudo entre os partidários<br />

<strong>de</strong> Scot e Ockham, na tentativa <strong>de</strong> reduzir<br />

o princípio <strong>de</strong> contradição (que conti-

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