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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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PROBABILIDADE<br />

duais. É preciso observar que. entre os indícios<br />

ou provas que po<strong>de</strong>m ser assumidos como<br />

confirmação <strong>de</strong> uma hipótese qualquer, como<br />

fundamento <strong>de</strong> um juízo <strong>de</strong> P.. nada impe<strong>de</strong><br />

que se inclua a consi<strong>de</strong>ração cias freqüências<br />

estatísticas às quais se reduz o segundo conceito<br />

<strong>de</strong> P. As vezes, porém, a P. estatística taz<br />

parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação da P. singular com sinal<br />

invertido; p. ex.. para quem aposta na loteria,<br />

a freqüência com que certo número toi sorteado<br />

nos últimos tempos é um indício cie P.<br />

negativa: para ele, são bons os números menos<br />

sorteados durante um período mais ou menos<br />

longo.<br />

2" O segundo conceito lundamental 6 <strong>de</strong> P.<br />

coletiva ou estatística, cujo objeto nunca são<br />

eventos ou fatos individuais, mas classes, espécies<br />

ou qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> eventos, po<strong>de</strong>ndo, portanto,<br />

ser expressos apenas por funçõesproposicioimis<br />

(\\), e não por proposições. Seu<br />

antece<strong>de</strong>nte histórico mais distante é o conceito<br />

aristotélico do verossímil (v.): "Provável é<br />

aquilo que sabidamente acontece ou não na<br />

maioria das vezes, que é ou não na maioria cias<br />

vezes" (An. pr.. II, 27. 70 a 3; Rei., 1. II, 135" 7 a<br />

3Í). Mas a formulação rigorosa <strong>de</strong>sse conceito<br />

só foi feita recentemente por Fischer (Philosophicül<br />

Tmuscictions ofthe Royal Society. série<br />

A. 1922), por Von Moisés (Probability. Sla/istics<br />

and '1'rutb, 1928). por Popper (I.ogik <strong>de</strong>r Forschung,<br />

1934) e por Reichenbach ( Wabrscbeinlicbkeilslehn:<br />

1935; Theory of Probability,<br />

1948).<br />

Como ilustração <strong>de</strong>ssa noção <strong>de</strong> P., po<strong>de</strong>mos<br />

escolher a elaboração <strong>de</strong> Von Moisés, com<br />

o conceito da freqüência-limite. Se para ;/ observações<br />

o evento examinado ocorre in vezes,<br />

o quociente tn/nc a freqüência relativa cia<br />

ciasse <strong>de</strong> eventos em questão: relativa ao número<br />

n cie observações. Mas se quisermos falar<br />

simplesmente em freqüência, sem limitar a<br />

extensão das observações, po<strong>de</strong>mos supor que,<br />

à medida que o numerador e o <strong>de</strong>nominador<br />

vão ficando maiores, a função m/n ten<strong>de</strong> para<br />

um valor-limite. po<strong>de</strong>ndo-se consi<strong>de</strong>rar esse<br />

valor-limite como medida da freqüência, ou<br />

seja. como medida da P. no sentido proposto.<br />

Assim. p. ex.. se lançando uma moeda 1.000<br />

vezes tivermos freqüência 550 para cara. se em<br />

2.000 vezes tivermos freqüência 490, em 3.000<br />

freqüência SOS. em 4.000, freqüência 49~\ em<br />

10.000, freqüência 5.003, e assim por diante,<br />

visto que o valor-limite <strong>de</strong>ssas séries é O.S.<br />

assumiremos esse valor-limite como valor da<br />

7 95 PROBABILIDADE<br />

P. do acontecimento em questão. Mas esse<br />

acontecimento nunca é singular, portanto a<br />

P. assim calculada não servirá para prever o<br />

resultado do próximo lance da moeda e permitir,<br />

p. ex., que um jogador escolha a sua<br />

aposta. A P. <strong>de</strong>ssa espécie vale para classes <strong>de</strong><br />

eventos, e não para eventos singulares. Não se<br />

po<strong>de</strong> falar. p. ex.. da P. <strong>de</strong> um indivíduo qualquer<br />

morrer no ano em curso, mesmo quando<br />

conhecemos o limite <strong>de</strong> freqüência da mortalida<strong>de</strong><br />

no grupo ao qual ele pertence (cl. também<br />

<strong>de</strong> YON MOISKS. Kleines Lebrbuch <strong>de</strong>s<br />

Positivismns. § Í4). Keinchenbach afirmou a<br />

propósito: "A asserção que concerne à P. <strong>de</strong><br />

um caso individual tem significado fictício.<br />

construído através da transferência <strong>de</strong> significado<br />

do caso geral para o particular. A adoção<br />

dos significados fictícios não é justificável por<br />

motivos cognitivos, mas porque é útil aos<br />

objetivos da ação consi<strong>de</strong>rar tais asserçòes<br />

dotadas cie significado" ( Tbeory of Probability.<br />

p. 3 7 " 7 ). A outra característica fundamental<br />

da teoria é a eliminação do princípio <strong>de</strong><br />

indiferença, ou seja. cia P. cipriori.A teoria estatística<br />

da P. <strong>de</strong> fato nada po<strong>de</strong> dizer a respeito<br />

cia P. cie uma classe <strong>de</strong> eventos se antes não tiver<br />

<strong>de</strong>terminado as freqüências <strong>de</strong>sse evento;<br />

portanto, qualquer grau <strong>de</strong> P. só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado<br />

eiposteriori. ou seja. <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> efetuada<br />

a <strong>de</strong>terminação das freqüências (Ri-i-<br />

Clll-NHACII, Op. Cil.. § 70. pp. 359 SS.).<br />

A teoria coletiva ou estatística cia P. foi amplamente<br />

aceita na <strong>filosofia</strong> contemporânea<br />

(vejam-se, além das obras citadas, |. O. Wisno\[,<br />

Fonndalions of Inference in Mdtnrcil<br />

Science. 1952. e BRAITHVAITK. Scíenlífic lixflanation.<br />

1953). Outra <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>ssa doutrina<br />

foi feita por Popper, principalmente com<br />

vistas à sua utilização na teoria quântica. domo<br />

dissemos, a P. estatística não se refere a eventos<br />

singulares, mas a classes ou seqüências cie<br />

eventos. Popper propõe consi<strong>de</strong>rar como <strong>de</strong>cisivas<br />

as condições sob as quais a seqüência é<br />

produzida, vale dizer, consi<strong>de</strong>rar que as lreqüências<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das condições experimentais<br />

e portanto constituem uma qualida<strong>de</strong> disposicio)Kil&.\<br />

or<strong>de</strong>nação experimental. Popper<br />

diz: "Qualquer or<strong>de</strong>nação experimental é capaz<br />

<strong>de</strong> produzir uma seqüência <strong>de</strong> treciüeneias<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ssa particular or<strong>de</strong>nação, se<br />

repetirmos a experiência mais vezes. Estas freqüências<br />

virtuais po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>nominadas probabilida<strong>de</strong>s.<br />

Mas, visto que as P. <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m cia<br />

or<strong>de</strong>nação experimental, elas po<strong>de</strong>m ser

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