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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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MODALIDADE 677 MODALIDADE<br />

<strong>de</strong>r, portanto, que tenha sido exposta a tese da<br />

extensionalida<strong>de</strong> (v•.), que eqüivale à eliminação<br />

das M. dos enunciados. Contudo essa tese<br />

nào impediu que seus próprios <strong>de</strong>fensores tentassem<br />

uma interpretação das M. Russell afirmou<br />

que as M. nào são proprieda<strong>de</strong>s das proposições,<br />

mas das funçõesproposicionais (v.):<br />

assim, seria necessária a função proposicional<br />

"Se x é homem, x é mortal", que é sempre<br />

verda<strong>de</strong>ira; seria possível a função "xé homem",<br />

que algumas vezes é verda<strong>de</strong>ira; e seria impossível<br />

a função "xé unicorno", que nunca é verda<strong>de</strong>ira<br />

("The Philosophy of Logical Atomism",<br />

1918, cap. V, em Logic and Knowledge, pp. 230<br />

ss.). Mas essa interpretação <strong>de</strong> Russell eqüivale<br />

simplesmente à inversão paradoxal das M., porquanto<br />

o sentido modal da expressào "Se x é<br />

homem, xé mortal" não é a necessida<strong>de</strong>, mas<br />

a possibilida<strong>de</strong>, pois ela na verda<strong>de</strong> significa "x<br />

po<strong>de</strong> ser mortal". Outra sugestão <strong>de</strong> Russell (op.<br />

cit., p. 23D é a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> necessário com<br />

analítico, com afirmações do tipo ".ré x". Carnap,<br />

por sua vez, ateve-se a essa interpretação quando<br />

tentou construir a M. com base no conceito <strong>de</strong><br />

necessida<strong>de</strong> lógica, analiticida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>finiu possibilida<strong>de</strong><br />

como a negação <strong>de</strong> tal necessida<strong>de</strong><br />

(Meaning and Necessity, 1957. § 39). É fácil<br />

notar que essa interpretação eqüivale à negação<br />

pura e simples das M. e nào po<strong>de</strong> valer<br />

como lógica <strong>de</strong>las. Por outro lado. Quine mostrou<br />

as dificulda<strong>de</strong>s inerentes às abordagens<br />

das M. que se baseiam na quantificação, como<br />

a <strong>de</strong> Carnap (From a Logical Point of View,<br />

VIII, 4).<br />

A respeito da distinção das M. ou, como se<br />

diz hoje, dos valores modais das proposições,<br />

a tábua <strong>de</strong> valores mais antiga e autorizada 6 a<br />

apresentada por Aristóteles, em De interpretatione,<br />

que compreen<strong>de</strong> seis valores: verda<strong>de</strong>iro,<br />

falso; possível, impossível; necessário,<br />

contingente (De int., 12, 21 b). Essa lógica com<br />

seis valores nào foi alterada na Ida<strong>de</strong> Média<br />

(cf., p. ex., PKDRO HISPANO, Sitmm. log., 1.30),<br />

sendo <strong>de</strong>senvolvida e <strong>de</strong>fendida também pelos<br />

lógicos contemporâneos, como p. ex. LEWIS (A<br />

Survey of Symbolic Logic, 1918). Algumas vezes,<br />

os valores modais foram reduzidos a cinco,<br />

com a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> e contingência<br />

(p. ex., O. BECKEK, "Zur Logik <strong>de</strong>r<br />

Modalitàten", em fahrfür Phil. und Phánom.<br />

Forsbchung, 1930, pp. 496-548). Lukasiewicz e<br />

Tarski construíram uma lógica com três M.-. verda<strong>de</strong>iro,<br />

falso e possível (cf. os artigos em<br />

Comptes Reunds <strong>de</strong>s Séances <strong>de</strong> Ia Société <strong>de</strong>s<br />

Sciences et Lettres <strong>de</strong> Varsovie, 1930, pp. 30, 50,<br />

176). Carnap aceitou as seis M. da tradição<br />

aristotélica (Meaning and Necessity. § 39).<br />

O conceito <strong>de</strong> M. nào está bem claro nessas<br />

doutrinas da lógica contemporânea. Assim indicaremos<br />

apenas as confusões mais freqüentes:<br />

1- tentativa <strong>de</strong> reduzir os enunciados modais a<br />

enunciados quantitativos: 2 a tentativa <strong>de</strong> reduzir<br />

a M. a valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> da proposição; 3 a<br />

tentativa <strong>de</strong> tornar as M. predicados umas das<br />

outras.<br />

I a A primeira tentativa consiste em estabelecer<br />

a correspondência entre enunciados universais<br />

e proposições possíveis. Assim, "todos os<br />

homens morrem'" seria equivalente a "os homens<br />

<strong>de</strong>vem morrer", e "alguns homens são artistas"<br />

seria equivalente a "os homens po<strong>de</strong>m ser artistas".<br />

Essas transcrições sem dúvida são insuficientes,<br />

pois nem a proposição necessária nem<br />

a possível expressam fatos como as correspon<strong>de</strong>ntes<br />

proposições universais e particulares (cf.<br />

A. PAP, Semantics and Necessary Truth, 1958,<br />

p. 368); a<strong>de</strong>mais, a proposição possível tem<br />

significado distributivo ("todo homem po<strong>de</strong> ser<br />

artista"), que estaria excluído da proposição<br />

particular correspon<strong>de</strong>nte. Mas também é evi<strong>de</strong>nte<br />

que nenhuma transcrição <strong>de</strong>sse gênero é<br />

possível para proposições modais do tipo "x<br />

po<strong>de</strong> ser", que no entanto ocorrem em todos<br />

os ramos da ciência sempre que se trate <strong>de</strong><br />

hipóteses, previsões, probabilida<strong>de</strong>s, antecipações,<br />

etc.<br />

2 a A segunda confusão consiste em alinhar<br />

a M. entre os valores <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> das proposições;<br />

essa confusão está presente mesmo nas<br />

chamadas lógicas das M. Ora, os valores <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong> das proposições (verda<strong>de</strong>iro, falso,<br />

provável, in<strong>de</strong>terminado, etc.) pertencem a um<br />

nível diferente do nível da M., que é uma <strong>de</strong>terminação<br />

da predicaçào, ou seja, da relação entre<br />

sujeito e predicado cia proposição. Os valores<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> pertencem à esfera <strong>de</strong> referência<br />

semântica das proposições; as M. pertencem à<br />

estrutura <strong>de</strong> relações das proposições. Indicam,<br />

portanto, se tal estrutura po<strong>de</strong> ser ou nâo diferente<br />

do que é, se o conteúdo <strong>de</strong> um enunciado<br />

(seu significado) po<strong>de</strong> ser ou nâo diferente<br />

daquilo que o enunciado expressa. As M. fundamentais<br />

são, então, duas e apenas duas: possibilida<strong>de</strong>s<br />

necessida<strong>de</strong>, com seus opostos nãopossibilida<strong>de</strong>c<br />

impossibilida<strong>de</strong>. Elas modificam<br />

os valores <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> das proposições no sentido<br />

<strong>de</strong> limitá-los ou estendê-los, mas não <strong>de</strong>vem<br />

ser confundidas com tais valores: a pre-

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