22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DISTRAÇÃO 291 DIVERSIDADE<br />

como p. ex. entre o homem e o asno; nesta<br />

distinção Duns Scot já insistira longamente,<br />

utilizando-a para exprimir a diferença entre o<br />

indivíduo e a natureza comum (Op. Ox., II, d. 3,<br />

q. 6, n. 15) e entre os atributos divinos (Jbid., I,<br />

d. 8, q. 4, n. 17); segundo Mayron, esse tipo <strong>de</strong><br />

D. po<strong>de</strong> ser formulado por <strong>de</strong>finição, divisão<br />

(ou classificação), <strong>de</strong>scrição e <strong>de</strong>monstração,<br />

pois o que é individualizado por qualquer um<br />

<strong>de</strong>sses processos distingue-se formalmente das<br />

outras coisas; 4 S D. real, que ocorre entre as<br />

"coisas positivas" que são reciprocamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

tais que a existência <strong>de</strong> uma po<strong>de</strong><br />

prescindir da existência da outra; 5 e D. essencial,<br />

entre as coisas que po<strong>de</strong>m ser separadas ainda<br />

que hipoteticamente (p. ex., da ação <strong>de</strong> Deus),<br />

como matéria e forma, aci<strong>de</strong>nte e substrato,<br />

prece<strong>de</strong>nte e conseqüente; 6 e D. total substancial<br />

(subjectiva), entre as coisas que não coinci<strong>de</strong>m<br />

em nenhuma realida<strong>de</strong> substancial; 1-<br />

D. total representativa (objectiva), entre as coisas<br />

que não po<strong>de</strong>m ter o mesmo predicado<br />

essencial (quiditativum) (Formalitates, ed.<br />

Venetiis, 1517, pp. 23-24). Descartes simplificou<br />

muito essa tábua complicada, reduzindo as<br />

D. a três: real, modal e <strong>de</strong> razão. A D. real<br />

ocorre entre duas ou mais substâncias, quando<br />

se po<strong>de</strong> pensar numa substância clara e distintamente<br />

sem pensar na outra. A D. modal ocorre<br />

ou entre a substância e o seu modo (ou<br />

manifestação) ou entre dois modos diferentes<br />

da mesma substância. A D. <strong>de</strong> razão é a que se<br />

estabelece às vezes entre a substância e um <strong>de</strong><br />

seus atributos, sem o qual, porém, a substância<br />

não po<strong>de</strong>ria subsistir, ou entre dois atributos,<br />

igualmente inseparáveis, da mesma substância<br />

(Princ. phii, I, 60-62). A doutrina das D. não<br />

teve continuida<strong>de</strong> na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea.<br />

2. Grau da evidência (v. CLAREZA).<br />

DISTRAÇÃO (lat. Distractie, in. Distraction;<br />

fr. Distraction; ai. Zerstreutheit; it. Distrazione).<br />

1. Condição em que a atenção é distanciada das<br />

idéias ou das ocupações dominantes e voltada<br />

para outras coisas. Já Kant, com muito bomsenso,<br />

notava que é fraqueza, mais do que força<br />

do espírito, não po<strong>de</strong>r separar-se <strong>de</strong> alguma<br />

coisa a que se <strong>de</strong>u gran<strong>de</strong> atenção durante muito<br />

tempo: fraqueza que, se habitual e voltada para<br />

o mesmo objeto, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>generar em loucura.<br />

Portanto, a D., como divertimento do espírito,<br />

é condição da saú<strong>de</strong> mental. Por outro lado, a<br />

distração constante confere ao homem a aparência<br />

<strong>de</strong> sonhador e o torna inútil à socieda<strong>de</strong><br />

(Antr., I, 47). Nesse sentido a palavra eqüivale<br />

a divertimento (v.).<br />

2. O contrário da atenção (v.): ativida<strong>de</strong> seletiva<br />

malograda ou <strong>de</strong>ficiente em relação aos<br />

objetos <strong>de</strong> um campo.<br />

DISTRIBUIÇÃO (lat. Ditributio; in. Distribution;<br />

fr. Distribution, ai. Aufteílung; it. Distribuzioné).<br />

Uma das doutrinas típicas da lógica<br />

terminista medieval, que enten<strong>de</strong>u por esse termo<br />

"a multiplicação <strong>de</strong> um termo comum feita<br />

por meio <strong>de</strong> um signo universal: p. ex., na frase<br />

'todo homem corre', o termo corre é distribuído<br />

para qualquer termo inferior pelo signo<br />

todo" (PEDRO HISPANO, Summ. log., 12.01). Ao<br />

conceito <strong>de</strong> D. <strong>de</strong>ve-se a gran<strong>de</strong> importância<br />

que os lógicos terministas atribuíam ao operador<br />

todo(v.). Embora a importância <strong>de</strong>sse operador<br />

seja por vezes reconhecida na lógica contemporânea,<br />

falta a esta uma doutrina da<br />

distribuição.<br />

DISTRIBUTIVO (gr. ôtavejiriTtKÓÇ; in. Distríbutive,<br />

fr. Dístributif, ai. Distributiv-, it. Distributivo).<br />

1. Segundo Aristóteles, justiça D. é a<br />

que presi<strong>de</strong> à divisão dos recursos e bens comuns,<br />

<strong>de</strong>vendo essa divisão ser feita segundo<br />

a contribuição <strong>de</strong> cada. um para a produção<br />

<strong>de</strong>sses bens {Et. nic, V, 4, 1131 b 25). Esse tipo<br />

<strong>de</strong> justiça é, portanto, semelhante a uma proporção<br />

geométrica <strong>de</strong> pelo menos quatro termos,<br />

na qual as recompensas dadas a duas pessoas<br />

estejam entre si como os méritos respectivos<br />

(Jbid., V, 3,1131 a 15) (v. JUSTIÇA).<br />

2. Lei D. é o nome dado a certo número <strong>de</strong><br />

leis habitualmente admitidas em aritmética e<br />

em lógica. Na aritmética, a lei D. para a multiplicação<br />

e para a adição tem a forma seguinte:<br />

x x (y + z) = (x x y) + (x x z)<br />

No cálculo das proposições e no cálculo das<br />

classes há leis distributivas análogas.<br />

DIVERSIDADE (in. Diversity, fr. Diversité,<br />

ai. Verschie<strong>de</strong>nbeit;it.Diversitã).Todaalterida<strong>de</strong>,<br />

diferença ou <strong>de</strong>ssemelhança. Esse termo é mais<br />

genérico que os três acima e po<strong>de</strong> indicar qualquer<br />

um <strong>de</strong>les ou todos juntos. Po<strong>de</strong> outrossim<br />

indicar a simples distinção numérica quando<br />

duas coisas não diferem em nada, exceto por<br />

serem numericamente distintas. Nesse sentido,<br />

a D. é a negação pura e simples da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;<br />

Wolff a <strong>de</strong>finia dizendo que "são diversas as<br />

coisas que não po<strong>de</strong>m ser substituídas uma<br />

pela outra, permanecendo constantes os predicados<br />

que se atribuem a uma <strong>de</strong>las, seja<br />

absolutamente, seja em dada condição" (Ont.,<br />

§ 183).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!