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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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GENÉTICA 479 GENÉTICA<br />

espécies são "substâncias segundas" porque<br />

entram na composição da <strong>de</strong>finição da "substância<br />

primeira", ou seja, da essência necessária<br />

(v. SUBSTÂNCIA). "Como a substância é a essência<br />

necessária e a expressão <strong>de</strong>sta é a <strong>de</strong>finição<br />

(...) e como a <strong>de</strong>finição é um discurso e um<br />

discurso tem partes, foi necessário distinguir<br />

quais são as partes da substância e quais não<br />

são, e se estas também são partes da <strong>de</strong>finição;<br />

assim vemos que nem o universal nem o G. é<br />

substância" (Met., VIII, I, 1042 a 16 ss.). O G.<br />

não é substância, mas componente necessário<br />

da essência necessária, que é a substância.<br />

Dessa formulação <strong>de</strong> Aristóteles nasceu a<br />

contenda medieval dos universais (v.). Os universais<br />

são <strong>de</strong> fato o G. e a espécie. A outra<br />

alternativa fundamental para a solução da<br />

discussão foi proposta pelos estóicos, que <strong>de</strong>finiram<br />

o G., <strong>de</strong> modo nominalista, como "a<br />

conjunção <strong>de</strong> noções diferentes e permanentes,<br />

como p. ex. animal, que abrange como<br />

suas espécies todos os animais" (DIÓG. L. VII,<br />

60). Na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea a<br />

palavra G., assim como a palavra espécie, ainda<br />

é esporadicamente empregada, mas sem as<br />

implicações ontológicas que possuía em Platão<br />

e Aristóteles. Além disso, em lógica, foi<br />

completamente suplantada pelo conceito <strong>de</strong><br />

classe (v.).<br />

GENÉTICA (in. Genetics- fr. Génétique; ai.<br />

Genetik; it. Genética). Uma das ciências biológicas<br />

mais recentes e mais bem organizadas,<br />

que contribuiu <strong>de</strong>cisivamente para o progresso<br />

dos estudos biológicos. Seu objeto específico é<br />

a transmissão das características hereditárias<br />

dos organismos <strong>de</strong> uma geração para outra e,<br />

por conseguinte, a mutação que os organismos<br />

sofrem em suas características hereditárias. O<br />

fundador da G. mo<strong>de</strong>rna foi o aba<strong>de</strong> austríaco<br />

Gregor Men<strong>de</strong>l, que em 1866 publicou os resultados<br />

<strong>de</strong> algumas <strong>de</strong> suas experiências sobre<br />

a hibridação <strong>de</strong> diferentes espécies <strong>de</strong><br />

ervilhas e formulou as leis que até hoje recebem<br />

seu nome. Essas leis exprimem um fato<br />

experimental que <strong>de</strong>smentia as crenças universalmente<br />

aceitas até aquele momento. Acreditava-se,<br />

p. ex., que dois indivíduos, um genitor<br />

<strong>de</strong> pele branca e um outro <strong>de</strong> pele negra, gerassem<br />

filhos <strong>de</strong> pele morena, e que estes indivíduos,<br />

unidos com outros <strong>de</strong> pele morena,<br />

gerassem filhos morenos, como se os dois<br />

caracteres ou tipos <strong>de</strong> "sangue" se houvessem<br />

misturado para sempre, assim como o leite se<br />

mistura ao café e não po<strong>de</strong>m mais ser separa-<br />

dos. As leis <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>l afirmam que os filhos<br />

provenientes da união <strong>de</strong> indivíduos que têm<br />

caracteres diferentes apresentam, pois, uma<br />

mistura <strong>de</strong> tais caracteres, mas não os transmitem<br />

a seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, nos quais esses caracteres<br />

vão se separando em proporções estatísticas<br />

bem <strong>de</strong>finidas. A G. mo<strong>de</strong>rna indica<br />

com o nome <strong>de</strong> gene o corpúsculo germinal<br />

portador <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada característica física. O<br />

gene é uma unida<strong>de</strong>, ou seja, não se mescla. As<br />

características herdadas <strong>de</strong> um organismo representam<br />

o resultado da ação recíproca <strong>de</strong><br />

seus genes. Habitualmente um ou dois pares<br />

<strong>de</strong> genes são os principais responsáveis pelas<br />

variações que se observam em <strong>de</strong>terminados<br />

caracteres do organismo. Os genes dispôemse<br />

em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finida nas partes da célula<br />

chamadas cromossomos.<br />

Nem todas as características <strong>de</strong> um organismo<br />

apto são <strong>de</strong>terminadas pelos genes; por<br />

outro lado, em <strong>de</strong>corrência da ação recíproca<br />

entre os genes alguns caracteres ten<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>saparecer<br />

(são chamados recessivos) e outros a<br />

fortalecer-se (são chamados dominantes). Portanto,<br />

um único gene po<strong>de</strong> exercer efeitos díspares<br />

sobre o organismo, e o mesmo efeito<br />

po<strong>de</strong> ser produzido por combinações díspares<br />

<strong>de</strong> genes. Estas duas verificações privam a<br />

transmissão das características orgânicas do<br />

caráter <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>. Os geneticistas usam a<br />

palavra expressivida<strong>de</strong> para indicar a medida<br />

em que o efeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado gene se manifesta<br />

no indivíduo que o possui, e a palavra penetração<br />

do gene para indicar a porcentagem<br />

<strong>de</strong> indivíduos que, possuindo o gene, manifestam<br />

seus efeitos. O emprego <strong>de</strong>sses termos<br />

<strong>de</strong>monstra que, entre a posse do gene e seu<br />

efeito (uma característica física), não há relação<br />

<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, mas só uma relação estatística,<br />

cujas condições po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminadas<br />

em cada caso. O gene não age como causa<br />

infalível, como força que produz necessariamente<br />

<strong>de</strong>terminados efeitos. As condições que<br />

<strong>de</strong>limitam seus efeitos são: I a interação <strong>de</strong> todos<br />

os genes; 2- ambiente.<br />

Esses conceitos da G. foram confirmados e<br />

<strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong>cisivamente pela bioquímica.<br />

Hoje se sabe que o principal componente<br />

dos cromossomos é o ácido <strong>de</strong>soxirribonucfôco(DNA),<br />

cuja estrutura molecular foi <strong>de</strong>finida<br />

por Watson e Crick em 1953 como um<br />

par <strong>de</strong> espirais que, quando separadas, po<strong>de</strong>m,<br />

individualmente, reunir em torno <strong>de</strong> si os resíduos<br />

moleculares necessários à reconstrução

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