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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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OBJETO 724 OBJETO<br />

conhecimento é, <strong>de</strong> preferência, O. "real" ou<br />

"empírico". Kant diz: "Há gran<strong>de</strong> diferença entre<br />

ser algo dado à minha razão como O. em<br />

absoluto ou apenas como O. na idéia. No primeiro<br />

caso, meus conceitos passam a <strong>de</strong>terminar<br />

o O.; no segundo, o que existe <strong>de</strong> fato é<br />

só um esquema ao qual não se atribui diretamente<br />

nenhum O,, nem por hipótese, mas que<br />

serve apenas para representar outros O., em<br />

sua unida<strong>de</strong> sistemática, por meio <strong>de</strong> sua relação<br />

com a idéia. Assim, digo: o conceito <strong>de</strong><br />

uma inteligência suprema é uma simples idéia;<br />

vale dizer: sua realida<strong>de</strong> objetiva não <strong>de</strong>ve consistir<br />

em que ele se refira diretamente a um O.<br />

(pois seu valor objetivo não po<strong>de</strong> ser justificado<br />

<strong>de</strong>sse modo), mas é apenas um esquema,<br />

organizado segundo as condições da máxima<br />

racionalida<strong>de</strong> do conceito <strong>de</strong> uma coisa em<br />

geral" (Crít. R. Pura, Dialética, Apêndice). Essas<br />

consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Kant são uma reiteração<br />

<strong>de</strong> que a idéia da razão pura não tem propriamente<br />

O. porque O. é somente o empírico (a<br />

coisa natural), e a idéia refere-se apenas indiretamente<br />

a um grupo <strong>de</strong> tais objetos. Todavia,<br />

esse significado específico do O. não elimina,<br />

nem para Kant, o significado geral e fundamental.<br />

De fato, esse filósofo não só consi<strong>de</strong>ra<br />

o conceito <strong>de</strong> O. como o "mais elevado" em<br />

<strong>filosofia</strong> (v. o fim <strong>de</strong>ste verbete), como também<br />

fala <strong>de</strong> uma "distinção <strong>de</strong> todos os O. em geral<br />

em fenômenos e númenos", consi<strong>de</strong>rando o<br />

númeno como "o O. <strong>de</strong> uma intuição não sensível",<br />

admitida em hipóteses, que po<strong>de</strong>ria<br />

pertencer a um intelecto divino (Crít. R. Pura.<br />

Anal. cios Princ, cap. III). Por outro lado. para<br />

Kant, além do O. <strong>de</strong> conhecimento, há "o O. cia<br />

razão prática", que é "a representação <strong>de</strong> um<br />

O. como <strong>de</strong> um efeito possível através da liberda<strong>de</strong>"<br />

(Crít. R. Prática. I. Livro I. cap. 2); isso<br />

significa que neste caso o O. é o termo ou resultado<br />

<strong>de</strong> uma ação livre. O que em todo caso<br />

constitui o O. é sua função <strong>de</strong> limite ou termo<br />

<strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> uma operação qualquer.<br />

Essa noção não <strong>de</strong>saparece nem nas formas<br />

mais radicais <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alismo: para o próprio<br />

Fichte, o O. é o limite da ativida<strong>de</strong> do Ku: "O<br />

Eu põe-se como limitado pelo não-eu" ( Wissenschaftslehre,<br />

1794, § 4. A), e o nào-eu<br />

nada mais é que O. (Ibid., § 4 E. III; trad. it.,<br />

p. 143). Analogamente, qualquer outra <strong>de</strong>terminação<br />

que os filósofos possam criar<br />

sobre a natureza do O. tem como ponto <strong>de</strong><br />

partida a sua <strong>de</strong>finição geral. P. ex., o O.<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um dado (como cos-<br />

tumam fazer os empiristas) ou como umproblema<br />

(como fizeram os neocriticistas; p. ex.<br />

Natorp, Platos I<strong>de</strong>enlehre, p. 367), mas só po<strong>de</strong><br />

ser uma ou outra coisa se é consi<strong>de</strong>rado como<br />

o termo ou limite da ativida<strong>de</strong> cognoscitiva.<br />

Na <strong>filosofia</strong> contemporânea, o recurso à noção<br />

<strong>de</strong> intencionalida<strong>de</strong>iy.) permitiu reconhecer<br />

claramente o caráter geral da noção <strong>de</strong> O.<br />

Brentano, que foi o primeiro a reintroduziressa<br />

noção, diz que "todo fenômeno psíquico inclui<br />

em si alguma coisa como O., embora nem sempre<br />

da mesma forma. Na representação, há algo<br />

representado; no juízo, algo reconhecido ou<br />

negado; no amor, algo amado; no ódio, algo<br />

odiado, etc." (Psychologie vom empirischen<br />

Standpunkt, 1874, I, p. 115). E Husserl ainda<br />

generalizou o conceito, distinguindo O. e "0.<br />

percebido": "Deve-se notar que o O. intencional<br />

<strong>de</strong> uma consciência (tomado como pleno<br />

correlato <strong>de</strong>la) não é absolutamente igual ao<br />

O. apreendido (erfasstes). Costumamos pressupor<br />

o ser apreendido no conceito <strong>de</strong> O. (O.<br />

intencional), porquanto, ao pensarmos nele<br />

ou falarmos sobre ele, temo-lo como O. no<br />

sentido <strong>de</strong> apreendido. (...) Com certeza só po<strong>de</strong>mos<br />

lidar com uma coisa física apreen<strong>de</strong>ndoa,<br />

e o mesmo se diga <strong>de</strong> todas as objetivida<strong>de</strong>s<br />

francamente representáveis... Ao contrário, no<br />

ato <strong>de</strong> avaliar, <strong>de</strong> alegrar-se, <strong>de</strong> amar, <strong>de</strong> agir,<br />

lidamos com valor, com o O. da felicida<strong>de</strong>,<br />

com o O. amado, com a ação, respectivamente,<br />

sem apreen<strong>de</strong>r nada <strong>de</strong> tudo isto" (I<strong>de</strong>en, I,<br />

§ 37). Paralela e analogamente, Meinong <strong>de</strong>fendia<br />

o significado generalissimo da noção <strong>de</strong><br />

O. (Gegenstand), dividindo-a nas classes <strong>de</strong> O.<br />

da representação (Objekte) e <strong>de</strong> O. do juízo<br />

(Objektive) (Über Annahmen, 1902, pp. 142<br />

ss.). Quase ao mesmo tempo, no domínio da<br />

lógica matemática, Frege <strong>de</strong>fendia uma noção<br />

substancialmente idêntica do O., i<strong>de</strong>ntificando-o<br />

com o significado: "O significado <strong>de</strong> uma<br />

palavra é o O. que indicamos com ela" (Über<br />

Sinn undBe<strong>de</strong>utung, 1892, § 3; trad. it.. p. 222),<br />

preten<strong>de</strong>ndo dizer que o O. é o termo ou limite<br />

da operação lingüística, do uso do signo.<br />

Wittgenstein, por sua vez, dizia: "O nome variável<br />

'x é o signo do pseudoconceito objeto.<br />

Sempre que o termo O. ('coisa', entida<strong>de</strong>", etc.)<br />

é usado corretamente, é expresso no simbolismo<br />

lógico pelo nome variável" (Tractatus,<br />

4.1272). Não muito distante disso está a noção<br />

<strong>de</strong> O. exposta por Dewey. para quem O. é o<br />

resultado <strong>de</strong> uma operação <strong>de</strong> investigação: "0<br />

nome O. será reservado á matéria tratada, na

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