22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

coisa" {Et., II, 7, scol.). Leibniz, por sua vez,<br />

consi<strong>de</strong>ra as substâncias espirituais ou mônadas<br />

como "E. ou manifestações" <strong>de</strong> Deus (Disc.<br />

<strong>de</strong> mét., § 9, 14; Monad., § 60). Mas com Leibniz<br />

começa também a história mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>sse termo,<br />

que do domínio metafísico passa para o<br />

domínio antropológico, on<strong>de</strong> é empregado<br />

para <strong>de</strong>signar o comportamento tipicamente<br />

humano <strong>de</strong> falar por símbolos ou utilizá-los.<br />

Leibniz diz: "O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> uma máquina expressa<br />

a máquina e, assim, um <strong>de</strong>senho plano<br />

em perspectiva expressa um corpo com três dimensões,<br />

uma proposição exprime um pensamento,<br />

um sinal expressa um número e uma<br />

equação algébrica expressa um círculo ou<br />

outra figura geométrica: todas essas E. têm em<br />

comum o fato <strong>de</strong> que da simples consi<strong>de</strong>ração<br />

das relações da E. po<strong>de</strong>-se chegar ao conhecimento<br />

das proprieda<strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes da<br />

coisa que se quer expressar. Disso resulta que<br />

não é necessário pensar numa semelhança recíproca<br />

entre E. e coisa, contanto que seja<br />

mantida uma certa analogia <strong>de</strong> todas as relações"<br />

(Quid sil I<strong>de</strong>a, Op., ed. Gerhardt, VII, p.<br />

263). Essas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Leibniz marcam a<br />

extensão do termo E. a toda espécie ou forma<br />

da relação entre o símbolo e o que ele <strong>de</strong>signa<br />

e constituem, portanto, também o início do uso<br />

<strong>de</strong>sse termo para significar "frase", "enunciado",<br />

"fórmula", etc. No trecho citado, Leibniz continua<br />

observando que "algumas E. possuem fundamento<br />

natural, ao passo que outras, como as<br />

palavras da linguagem e os sinais <strong>de</strong> qualquer<br />

gênero, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, ao menos em parte, <strong>de</strong><br />

uma convenção arbitrária". E acrescenta que a<br />

idéia é uma E. nesse sentido: "Embora a idéia<br />

da circunferência não seja semelhante à circunferência<br />

tal como esta é, na natureza da primeira<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>duzidas verda<strong>de</strong>s que serão,<br />

sem dúvida, confirmadas pela experiência referente<br />

à circunferência real" (Ibid., p. 263). Começava<br />

a história mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>sse termo; com<br />

Kant ele entraria no domínio da estética. Com<br />

efeito, Kant utilizou o conceito <strong>de</strong> E. para classificar<br />

as belas-artes. "Em geral, po<strong>de</strong>-se dizer<br />

que a beleza (da natureza ou da arte) é a E. das<br />

idéias estéticas; a diferença entre natureza e<br />

arte é que na arte a idéia po<strong>de</strong> ser ocasionada<br />

por um conceito, ao passo que na bela natureza<br />

basta a reflexão sobre uma intuição dada,<br />

sem o conceito do que <strong>de</strong>ve ser o objeto, para<br />

suscitar e comunicar a idéia, cuja E. o objeto é<br />

consi<strong>de</strong>rado." Portanto, para classificar as belasartes,<br />

po<strong>de</strong>mos utilizar "a mesma espécie <strong>de</strong> E.<br />

419 EXPRESSÃO<br />

que os homens utilizam para falar, para comunicar<br />

do melhor modo possível não só seus<br />

conceitos, mas também suas sensações". E como<br />

essa espécie <strong>de</strong> E. consiste na palavra, no<br />

gesto e no tom, Kant distingue as artes da palavra,<br />

as artes figurativas e as artes musicais. E<br />

acrescenta: "Po<strong>de</strong>r-se-ia também conduzir essa<br />

divisão dicotomicamente, distinguindo as belas-artes<br />

nas que exprimem o pensamento e<br />

nas que exprimem a intuição; e estas últimas,<br />

segundo a forma ou a matéria" (Crít. do Juízo,<br />

§ 51). Desse modo, a noção <strong>de</strong> E. servia a Kant<br />

para interligar arte e linguagem, o que se manteria<br />

e reforçaria na estética contemporânea.<br />

Por outro lado, o conceito <strong>de</strong> E. era cada<br />

vez mais empregado para <strong>de</strong>signar a relação<br />

entre as manifestações corpóreas das emoções<br />

e as próprias emoções: relação que, a partir da<br />

obra <strong>de</strong> Darwin (A E. das emoções no homem e<br />

nos animais, 1872), mostrou-se essencial à<br />

teoria das emoções (v. EMOÇÃO). Mas nem esse<br />

uso do termo, nem o uso ainda mais amplo<br />

que <strong>de</strong>le se fez em estética contribuíram muito<br />

para <strong>de</strong>terminar o seu significado, que na<br />

maioria das vezes é pressuposto pelas investigações<br />

estéticas ou psicológicas, mas não é<br />

questionado nem esclarecido em suas possibilida<strong>de</strong>s<br />

constitutivas. P. ex., não esclarece muito<br />

o significado <strong>de</strong> E. a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> estabelecida<br />

por Bene<strong>de</strong>tto Croce, como fundamento da sua<br />

estética, entre intuição e E. (Estética, cap. I). Veremos,<br />

aliás, que a tendência a i<strong>de</strong>ntificar essas<br />

duas coisas constitui a fase primitiva do comportamento<br />

expressivo. Tampouco são esclarecedoras<br />

as <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> Dewey, segundo<br />

as quais a E. é "o aclaramento <strong>de</strong> uma emoção<br />

turva", sendo, pois, a "objetivação da emoção"<br />

(Art as Experience, 1934, cap. IV). É provável<br />

que essas características possam ser<br />

atribuídas legitimamente à E. estética, mas<br />

ainda não a <strong>de</strong>screvem suficientemente. Sem<br />

dúvida, é fonte <strong>de</strong> confusão a observação <strong>de</strong><br />

Wõlfflin <strong>de</strong> que "a arte é E., a história da arte<br />

é história da alma" (Das Erklaren von Kunstwerken,<br />

1921, § 3). Mais profícua foi a investigação<br />

sobre o conceito <strong>de</strong> E. feita em campo<br />

estritamente filosófico. Dilthey já ressaltava em<br />

Construção do mundo histórico (1910) a função<br />

da E. e, em primeiro lugar, da linguagem<br />

em relação ao pensamento discursivo do juízo<br />

(Aufbau, III, 1). E Husserl via na E. a consecução<br />

perfeita dos atos significativos próprios da<br />

consciência teórica. Como tal, a E. não é meio<br />

nem instrumento, mas um estado final, uma

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!