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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ADJETIVO 18 ADMISSÃO<br />

sagung; it. Divinazioné). Profetização do futuro,<br />

com base na or<strong>de</strong>m necessária do mundo.<br />

Era admitida pelos estóicos, sendo, aliás, assumida<br />

como prova da existência do <strong>de</strong>stino.<br />

Crisipo achava que as profecias dos adivinhos<br />

não seriam verda<strong>de</strong>iras se as coisas todas não<br />

fossem dominadas pelo <strong>de</strong>stino (EUSÉBIO, Praep.<br />

Ev., IV, 3, 136). Para Plotino, a A. é possibilitada<br />

pela or<strong>de</strong>m global do universo, graças à qual<br />

todas as coisas po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas sinais<br />

das outras. Os astros, por exemplo, são como<br />

cartas escritas nos céus, que, mesmo <strong>de</strong>sempenhando<br />

outras funções, têm o papel <strong>de</strong> indicar<br />

o futuro {Enn., II, 3, 7). A A. baseada no<br />

<strong>de</strong>terminismo astrológico foi admitida pelos filósofos<br />

árabes, especialmente por Avicena, e<br />

<strong>de</strong>stes passou para alguns aristotélicos do Renascimento,<br />

como p. ex. Pomponazzi {De incantationibus,<br />

10).<br />

ADJETIVO (lat. Adjectivuni; in. Adjective,<br />

fr. Adjectif, ai. Eingenschaftswort; it. Aggettivó).<br />

Na lógica tradicional, esse nome indica um<br />

modo da coisa significada enquanto distinta ou<br />

distinguível da própria coisa indicada pelo<br />

substantivo (PEDRO HISPANO, Summ. log., 6.02;<br />

ARNAULD, Log., II, 1). Na lingüística mo<strong>de</strong>rna, o<br />

A. é a classe <strong>de</strong> palavras <strong>de</strong>finível pela sua função<br />

<strong>de</strong> caracterizar a substância e divi<strong>de</strong>-se em<br />

<strong>de</strong>scritivo ou limitativo, conforme siga ou preceda<br />

o nome (cf. BLOOMFIELD, Language, 1933,<br />

pp. 202 ss.).<br />

AD JUDICIUM. Assim chamou Locke a argumentação<br />

que consiste "em usar as provas<br />

extraídas <strong>de</strong> qualquer um dos fundamentos do<br />

conhecimento ou da probabilida<strong>de</strong>". É a única<br />

argumentação válida {Ensaio, IV, 17, 22).<br />

ADMIRAÇÃO (gr. ©auuáÇeiv; lat. Admiratio;<br />

in. Won<strong>de</strong>r, fr. Admiration; ai. Bewun<strong>de</strong>rung,<br />

Staunen; it. Ammirazione). Segundo<br />

os antigos, a A. é o princípio da <strong>filosofia</strong>. Diz<br />

Platão: "Essa emoção, essa A. é própria do filósofo;<br />

nem tem a <strong>filosofia</strong> outro princípio além<br />

<strong>de</strong>sse; e quem afirmou que íris é filha <strong>de</strong><br />

Taumas a meu ver não errou na genealogia"<br />

{Teet., 11, 155 d). E Aristóteles: "Devido à A. os<br />

homens começaram a filosofar e ainda agora filosofam:<br />

<strong>de</strong> início começaram a admirar as coisas<br />

que mais facilmente suscitavam dúvida, <strong>de</strong>pois<br />

continuaram pouco a pouco a duvidar até<br />

das coisas maiores, como, p. ex., das modificações<br />

da lua e do que se refere ao sol, às estrelas<br />

e à geração do universo. Aquele que duvida<br />

e admira sabe que ignora; por isso, o filósofo é<br />

também amante do mito, pois o mito consiste<br />

em coisas admiráveis" (Met., I, 2, 982 b 12 ss.).<br />

No princípio da Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna, Descartes exprimiu<br />

o mesmo conceito: "Quando se nos <strong>de</strong>para<br />

algum objeto insólito, que julgamos novo<br />

ou diferente do que conhecíamos antes ou supúnhamos<br />

que fosse, admiramos esse objeto e<br />

ficamos surpresos; e como isso ocorre antes<br />

que saibamos se o objeto nos será ou não útil,<br />

a A. me parece a primeira <strong>de</strong> todas as paixões;<br />

e não tem oposto porque, se o objeto que se<br />

apresenta não tem em si nada que nos surpreenda,<br />

não somos afetados por ele e o consi<strong>de</strong>ramos<br />

sem paixão" (Pass. <strong>de</strong> Vâme, II, 53).<br />

Nesse ponto, a diferença entre Descartes e<br />

Spinoza é gran<strong>de</strong>: Spinoza consi<strong>de</strong>rou a A. apenas<br />

como a imaginação <strong>de</strong> algo a que a mente<br />

permanece atenta por ser algo <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong><br />

conexão com outras coisas {Et., III, 52 e escol.)<br />

e recusou-se a consi<strong>de</strong>rá-la como uma emoção<br />

primária e fundamental, e muito menos como<br />

uma emoção filosófica que esteja na origem da<br />

<strong>filosofia</strong>. A única atitu<strong>de</strong> filosófica, para ele, é<br />

o amor intelectual a Deus, a contemplação<br />

imperturbável e bem-aventurada da conexão<br />

necessária <strong>de</strong> todas as coisas na Substância Divina.<br />

Para Aristóteles e para Descartes, a A. é,<br />

ao contrário, a atitu<strong>de</strong> que está na raiz da dúvida<br />

e da investigação: é tomar consciência <strong>de</strong><br />

não compreen<strong>de</strong>r o que se tem à frente, que,<br />

mesmo sendo familiar, sob outros aspectos<br />

revela-se, a certa altura, inexplicável e maravilhoso.<br />

Kant falava da A. a propósito da finalida<strong>de</strong><br />

da natureza, porquanto esta é inexplicável<br />

com os conceitos do intelecto {Crít. do<br />

Juízo, § 62). Por sua vez, Kierkegaard <strong>de</strong>finia a<br />

A. como "o sentimento apaixonado pelo <strong>de</strong>vir"<br />

e a reputava própria do filósofo que consi<strong>de</strong>ra<br />

o passado, como um sinal da não-necessida<strong>de</strong><br />

do passado. "Se o filósofo não admira nada (e<br />

como po<strong>de</strong>ria, sem contradição, admirar uma<br />

construção necessária?), é por isso mesmo estranho<br />

à história, já que, on<strong>de</strong> quer que entre<br />

em jogo o <strong>de</strong>vir (que certamente é no passado),<br />

a incerteza do que seguramente se transformou<br />

(a incerteza do <strong>de</strong>vir) só po<strong>de</strong> exprimir-se<br />

por meio <strong>de</strong>ssa emoção necessária ao<br />

filósofo e própria <strong>de</strong>le" {Philosophische Brocken,<br />

p. IV, § 4). Whitehead disse: "A <strong>filosofia</strong><br />

nasce da A." {Nature and Life, 1934, 1).<br />

ADMISSÃO (in. Admission; fr. Admission,<br />

ai. Aufnahme, it. Admmisione). Uma proposição<br />

alheia, que se assume alheia (porquanto<br />

outros já a propuseram ou por ser comumente<br />

empregada), com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundamentar

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