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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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DISAMIS 289 DÍSPAR<br />

D. em sentido subjetivo, como "faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fazer algo, concedida ou permitida pelas leis".<br />

Assim como o homem tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fazer<br />

tudo o que promane <strong>de</strong> suas faculda<strong>de</strong>s naturais,<br />

contanto que não seja proibido expressamente<br />

por uma lei, costuma-se dizer que a lei<br />

atribui o D. <strong>de</strong> fazer tudo o que não é proibido<br />

por nenhum tipo <strong>de</strong> lei. Nesse sentido, o D.<br />

concerne à nossa liberda<strong>de</strong>; a lei, ao contrário,<br />

implica a obrigação pela qual a liberda<strong>de</strong> natural<br />

é limitada" (De jure naturae, 1672, I, 6, 3).<br />

Essa distinção manteve-se até hoje nos mesmos<br />

termos.<br />

DISAMIS. Palavra mnemônica usada pelos<br />

escolásticos para indicar o terceiro dos seis modos<br />

do silogismo <strong>de</strong> terceira figura, mais precisamente<br />

o que consiste em uma premissa<br />

particular afirmativa, uma premissa universal<br />

afirmativa e uma conclusão particular afirmativa,<br />

como no exemplo: "Alguns homens são<br />

substância; todo homem é animal; logo, alguns<br />

animais são substância" (PEDRO HISPANO, Summ.<br />

log., 4.14).<br />

DISCIPLINA (gr. u.á0rma; lat. Disciplina;<br />

in. Discipline, fr. Discipline, ai. Disziplín, it.<br />

Disciplina). 1. Uma ciência, enquanto objeto<br />

<strong>de</strong> aprendizado ou <strong>de</strong> ensino (v. MATHEMA).<br />

2. Função negativa ou coercitiva <strong>de</strong> uma<br />

regra ou <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> regras, que impe<strong>de</strong><br />

a transgressão à regra. Foi assim que Kant a<br />

enten<strong>de</strong>u ao <strong>de</strong>fini-la como "a coerção graças<br />

à qual a tendência constante a transgredir certas<br />

regras é limitada e, por fim, <strong>de</strong>struída". Distinguiu-a<br />

da cultura, "que só <strong>de</strong>ve conferir uma<br />

habilida<strong>de</strong>, sem abolir outra preexistente". A<br />

D. da razão pura é parte importante da doutrina<br />

transcen<strong>de</strong>ntal do método, visto que a razão,<br />

em seu uso filosófico, não é limitada ou<br />

sustentada pela experiência (como ocorre na<br />

física) nem pela intuição pura (como ocorre<br />

na matemática) (Crít. R. Pura, Doutr. transe, do<br />

mét., cap. I).<br />

DISCRETIVA, PROPOSIÇÃO (fr. Proposition<br />

discrétivé). A Lógica <strong>de</strong> Port-Royal assim chamou<br />

a proposição composta <strong>de</strong> juízos diferentes,<br />

interligados por partículas como "mas", "todavia",<br />

etc, tanto expressas quanto subentendidas;<br />

p. ex., "O <strong>de</strong>stino po<strong>de</strong> tirar as riquezas<br />

mas não a coragem" (ARNAULD, Log., II, 9).<br />

DISCRETO (gr. Sicopiouivoç; lat. Discretus;<br />

in. Discrete, fr. Discret; ai. Diskret; it. Discreto).<br />

Descontínuo (v. CONTÍNUO).<br />

DISCURSIVO (lat. Discursivus; in. Discursive,<br />

fr. Discoursif; ai. Discursiv-, it. Díscorsivó).<br />

Esse adjetivo correspon<strong>de</strong> ao sentido da palavra<br />

grega dianóia (v.) porque <strong>de</strong>signa o procedimento<br />

racional que avança inferindo<br />

conclusões <strong>de</strong> premissas, ou seja, através <strong>de</strong><br />

enunciados negativos ou afirmativos sucessivos<br />

e concatenados. S. Tomás contrapõe esse processo,<br />

consi<strong>de</strong>rado próprio da razão humana, à<br />

ciência intuitiva <strong>de</strong> Deus, que enten<strong>de</strong> tudo simultaneamente<br />

em si mesmo, com um ato simples<br />

e perfeito da inteligência (S. Th., I, q. 14, a.<br />

7 ss.; Contra Gent., I, 57-58). Essa é a contraposição<br />

que se acha em Platão e em Aristóteles<br />

entre razão (dianóia) e intelecto (nous).<br />

Os mo<strong>de</strong>rnos utilizaram essa palavra com o mesmo<br />

significado (HOBBES, Leviath., I, 3; WOLFF,<br />

Log., § 51). Kant acompanhou esse uso. "O conhecimento<br />

qualquer intelecto", disse ele, "ao<br />

menos do intelecto humano, é um conhecimento<br />

por conceitos: não intuitivo, mas D."<br />

(Crít. R. Pura, Analítica, I, cap. I, seç. 1). Em<br />

toda a sua obra Kant contrapõe constantemente<br />

o intelecto D. ou humano ao hipotético "intelecto<br />

intuitivo" <strong>de</strong> Deus, que é criador dos<br />

seus objetos (Ibid., § 21) (v. INTELECTO).<br />

DISJUNÇÃO (in. Disjunction, fr. Disjonction;<br />

ai. Disjunktion; it. Dísgiunzione). Na Lógica<br />

escolástica, é uma propositio hypothetica<br />

formada por duas categorias unidas pelo sinal<br />

"vel" ("Sócrates currit vel Plato se<strong>de</strong>f). Na Lógica<br />

contemporânea, é uma proposição molecular<br />

formada por duas (ou mais) proposições<br />

atômicas unidas pelo sinal "v" ("pvq"). Em<br />

ambas as Lógicas, a condição necessária e suficiente<br />

para a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma D. é que pelo<br />

menos uma das duas proposições componentes<br />

seja verda<strong>de</strong>ira. G. P.<br />

DISJUNTIVO (gr. 8ieÇet>YUÍvoç; lat. Disiunctívus,<br />

in. Disjunctive, fr. Disjonctif; ai. Disjunktive,<br />

it. Disgiuntivo). É o enunciado que<br />

contém uma alternativa, tanto em sentido inclusivo,<br />

como p. ex. "uma estrada ou outra<br />

conduz a Roma", quanto em sentido exclusivo,<br />

como p. ex. "ou é noite ou é dia". Os estóicos,<br />

que foram os primeiros a atentar para esses<br />

enunciados, enten<strong>de</strong>ram-nos em sentido exclusivo<br />

(DióG. L, VII, 1, 72).<br />

Silogismo D. é o que tem como premissa<br />

maior uma proposição disjuntiva (v. SILOGISMO).<br />

DÍSPAR (lat. Diparatus; in. Disparate, fr. Disparate,<br />

ai. Disparai; it. Disparato). Foi assim<br />

que Cícero chamou o que está em oposição<br />

contraditória com outra coisa, como p. ex. não<br />

saber em relação a saber (De Invent., 28, 42).<br />

Boécio restringiu esse termo aos opostos con-

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