22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ALGUMA COISA 26 ALIENAÇÃO<br />

um x tal que f(x) é verda<strong>de</strong>ira". Correspon<strong>de</strong> a<br />

uma soma ou a uma disjunção lógica operada<br />

no campo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> do (x), isto é, à disjunção<br />

"f(a) ou f(b) ou f(c) ou ...". On<strong>de</strong> f(x) for um<br />

predicado, essa fórmula eqüivalerá à fórmula<br />

costumeira "algum x é f ou ainda "alguns x<br />

são /" da Lógica tradicional. Já nos Analíticos<br />

<strong>de</strong> Aristóteles, TÀÇ (habitualmente no dativo xivi<br />

na fórmula xò A xivi xw B ÚTcáp^et, "A é inerente<br />

a algum B') é usado com esse valor preciso,<br />

como sinal da proposição particular afirmativa.<br />

No latim medieval, introduzindo-se como<br />

forma normal <strong>de</strong> proposição a fórmula "homo<br />

currit", o xiç grego, que já em Aristóteles sempre<br />

se referia ao sujeito lógico da proposição,<br />

é traduzido pelo adjetivo aliquis, concordando<br />

gramaticalmente com o sujeito (assim, aliquis<br />

homo currit, mas aliqui homines currunt, embora<br />

as duas formas, em Lógica, sejam perfeitamente<br />

sinônimas): daí, o nosso "A." e "alguns".<br />

Todavia, é na Lógica medieval que se<br />

lhe reconhece claramente a função <strong>de</strong> operador,<br />

isto é, <strong>de</strong> signo não significante cuja única<br />

tarefa é modificar a <strong>de</strong>notação do termo que<br />

funciona como sujeito. G. P.<br />

ALGUMA COISA (gr. TÍ; lat. Aliquid; in.<br />

Somethíng; fr. Quelque chose; ai. Etwas; it.<br />

Qualcosa). Um objeto in<strong>de</strong>terminado. Diz Wolff:<br />

"A. é aquilo a que correspon<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada<br />

noção" (Ont., § 591): o que quer dizer aquilo a<br />

que correspon<strong>de</strong> uma noção que não inclua<br />

contradição. Baumgarten vale-se <strong>de</strong>sta última<br />

característica para <strong>de</strong>finir A. (Met., § 8). E Kant<br />

dizia: "A realida<strong>de</strong> é A., a negação é nada"<br />

(Crít. R. Pura, Anal. dos princ, Nota às anfibolias<br />

dos conceitos da reflexão). E Hegel: "O ser<br />

<strong>de</strong>terminado, refletido em si neste seu caráter,<br />

é o que existe, o A." {Ene, § 90). O conceito é<br />

agora <strong>de</strong> pertinência da lógica (cf. QUANTIFI-<br />

CADOR).<br />

ALIENAÇÃO (in. Alienation; fr. Aliénation;<br />

ai. Entfremdung; it. Alienazione). Esse termo,<br />

que na linguagem comum significa perda <strong>de</strong><br />

posse, <strong>de</strong> um afeto ou dos po<strong>de</strong>res mentais, foi<br />

empregado pelos filósofos com certos significados<br />

específicos.<br />

1. Na Ida<strong>de</strong> Média, às vezes foi usado para<br />

indicar um grau <strong>de</strong> ascensão mística em direção<br />

a Deus. Assim, Ricardo <strong>de</strong> S. Vítor consi<strong>de</strong>ra<br />

a A. como o terceiro grau da elevação da<br />

mente a Deus (<strong>de</strong>pois da dilatação e do solevamentó)<br />

e consi<strong>de</strong>ra que ela consiste no<br />

abandono da lembrança <strong>de</strong> todas as coisas<br />

finitas e na transfiguração da mente em um<br />

estado que não tem nada mais <strong>de</strong> humano (De<br />

gratia contemplatíonis, V, 2). Nesse sentido, a<br />

A. não é senão o êxtase (v.).<br />

2. Esse termo foi empregado por Rousseau<br />

para indicar a cessão dos direitos naturais à<br />

comunida<strong>de</strong>, efetuada com o contrato social.<br />

"As cláusulas <strong>de</strong>ste contrato reduzem-se a uma<br />

só: a A. total <strong>de</strong> cada associado, com todos os<br />

seus direitos, a toda a comunida<strong>de</strong>" (Contrato<br />

social, I, 6).<br />

3. Hegel empregou o termo para indicar o<br />

alhear-se a consciência <strong>de</strong> si mesma, pelo qual<br />

ela se consi<strong>de</strong>ra como uma coisa. Este alhearse<br />

é uma fase do processo que vai da consciência<br />

à autoconsciência. "A A. da autoconsciência",<br />

diz Hegel, "coloca, ela mesma, a<br />

coisalida<strong>de</strong>, pelo que essa A. tem significado<br />

não só negativo, mas também positivo, e isto<br />

não só para nós ou em si, mas também para a<br />

própria autoconsciência. Para esta, o negativo<br />

do objeto ou a auto-subtraçâo <strong>de</strong>ste último fem<br />

significado positivo, isto é, ela mesma; <strong>de</strong> fato,<br />

nessa A. ela coloca-se a si mesma como objeto<br />

ou, por força da inscindível unida<strong>de</strong> do serpara-si,<br />

coloca o objeto como si mesma, enquanto,<br />

por outro lado, nesse ato está contido o<br />

outro momento do qual ela tirou e retomou<br />

em si mesma essa A. e objetivida<strong>de</strong>, estando,<br />

portanto, no seu ser outra coisa como tal, junto<br />

a si mesma. Este é o movimento da consciência<br />

que nesse movimento é a totalida<strong>de</strong> dos<br />

próprios momentos" (Phãnomen. <strong>de</strong>s Geistes,<br />

VIII, 1).<br />

Esse conceito puramente especulativo foi<br />

retomado por Marx nos seus textos juvenis,<br />

para <strong>de</strong>screver a situação do operário no regime<br />

capitalista. Segundo Marx, Hegel cometeu<br />

o erro <strong>de</strong> confundir objetivação, que é o processo<br />

pelo qual o homem se coisifica, isto é, exprimese<br />

ou exterioriza-se na natureza através do trabalho,<br />

com a A., que é o processo pelo qual o<br />

homem se torna alheio a si, a ponto <strong>de</strong> não se<br />

reconhecer. Enquanto a objetivação não é um<br />

mal ou uma con<strong>de</strong>nação, por ser o único caminho<br />

pelo qual o homem po<strong>de</strong> realizar a sua<br />

unida<strong>de</strong> com a natureza, a A. é o dano ou a<br />

con<strong>de</strong>nação maior da socieda<strong>de</strong> capitalista. A<br />

proprieda<strong>de</strong> privada produz a A. do operário<br />

tanto porque cin<strong>de</strong> a relação <strong>de</strong>ste com o produto<br />

do seu trabalho (que pertence ao capitalista),<br />

quanto porque o trabalho permanece<br />

exterior ao operário, não pertence à sua personalida<strong>de</strong>,<br />

"logo, no seu trabalho, ele não se<br />

afirma, mas se nega, não se sente satisfeito, mas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!