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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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INFINITO 564 INFINITO<br />

(Mathematische Annalen, entre 1878 e 1883) e<br />

De<strong>de</strong>kind (Continuida<strong>de</strong> e números irracionais,<br />

1872; O que são e o que <strong>de</strong>vem ser os<br />

números, 1888) enunciaram um novo conceito<br />

<strong>de</strong> infinito, que consiste em tomar como <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> I. o que até então parecera ser o "paradoxo"<br />

do próprio I.: a equivalência da parte e<br />

do todo. Po<strong>de</strong>-se ilustrar essa concepção recorrendo<br />

ao exemplo dado por Royce (The<br />

World and the Individual, 1900-01; cf. o Ensaio<br />

complementar "O um, os muitos e o I."<br />

anexo ao vol. 1 da obra). Suponhamos que exista<br />

um mapa i<strong>de</strong>almente perfeito, <strong>de</strong> tal forma que,<br />

se Aéo objeto reproduzido e A' o mapa, este esteja<br />

em correspondência com A <strong>de</strong> tal modo<br />

que para cada elemento particular <strong>de</strong> A (a, b, c)<br />

possa ser <strong>de</strong>terminado em A' algum elemento<br />

correspon<strong>de</strong>nte (d, b', d), em conformida<strong>de</strong><br />

com o sistema <strong>de</strong> projeção escolhido.<br />

Suponhamos além disso que esse mapa seja<br />

<strong>de</strong>senhado <strong>de</strong>ntro e em cima <strong>de</strong> uma parte da<br />

superfície da região reproduzida, como p. ex.<br />

a Inglaterra. Se este mapa é — como <strong>de</strong>ve ser<br />

por hipótese — i<strong>de</strong>almente perfeito, <strong>de</strong>ve representar<br />

tudo o que existe sobre a superfície<br />

da Inglaterra, logo o próprio mapa. A representação<br />

<strong>de</strong>ste último, sendo por sua vez perfeita,<br />

<strong>de</strong>verá conter a representação <strong>de</strong>le mesmo,<br />

e assim por diante, sem limite. Um sistema<br />

<strong>de</strong>ssa espécie é claramente I., não por ser inexaurível,<br />

mas por ser auto-representativo, ou melhor,<br />

auto-reflexívo. Em termos matemáticos,<br />

um conjunto auto-reflexivo é aquele que po<strong>de</strong><br />

ser posto.em correspondência biunivoca com<br />

algum subconjunto seu. Esse é o caso da série<br />

natural dos números, que po<strong>de</strong> ser posta em<br />

correspondência biunivoca com seus subconjuntos,<br />

como p. ex. os quadrados, os números<br />

primos, etc.<br />

Segundo Cantor a potência comum <strong>de</strong> dois<br />

conjuntos entre os quais exista uma correspondência<br />

biunivoca é o "número cardinal" dos<br />

dois conjuntos. Esse número é chamado <strong>de</strong><br />

transfinito quando o conjunto é eqüipotente a<br />

uma <strong>de</strong> suas partes ou <strong>de</strong> seus subconjuntos.<br />

Dessa forma, o conceito <strong>de</strong> número cardinal I.,<br />

que fora sempre negado como contraditório,<br />

ingressava na matemática. Mas logo <strong>de</strong>veria<br />

revelar-se fonte <strong>de</strong> novas dificulda<strong>de</strong>s e problemas,<br />

que constituem os "paradoxos" da lógica<br />

mo<strong>de</strong>rna, conquanto não fossem <strong>de</strong> todo<br />

<strong>de</strong>sconhecidos da lógica antiga (v. ANTINOMIA).<br />

Mas o conceito <strong>de</strong> I. matemático não foi modi-<br />

ficado pelo estudo <strong>de</strong>sses paradoxos e pelas<br />

soluções para eles propostas.<br />

2 Q O segundo conceito <strong>de</strong> I. é <strong>de</strong> natureza<br />

teológica e surgiu no último período da <strong>filosofia</strong><br />

grega, com Fílon e Plotino. Este último<br />

distinguira a infinida<strong>de</strong> do número, que é "inexauribilida<strong>de</strong>"<br />

(Enn., VI, 6, 17), da infinida<strong>de</strong><br />

do Uno, que é entretanto "a não-limitação da<br />

potência" (Ibid., VI. 9, 6). Com menor precisão<br />

<strong>de</strong> linguagem, esse conceito é expresso freqüentemente<br />

pela Escolástica da Ida<strong>de</strong> Média.<br />

S. Tomás, após observar que os primeiros filósofos<br />

tiveram razão em julgar I. o princípio das<br />

coisas "consi<strong>de</strong>rando que as coisas <strong>de</strong>rivam do<br />

primeiro princípio ao I.", distingue o I. da matéria,<br />

que é imperfeição porque a matéria sem forma<br />

é incompleta, e o I. da forma, que é perfeição<br />

porque é da forma que não recebe o ser <strong>de</strong><br />

outrem, mas <strong>de</strong> si mesmo, ou seja, <strong>de</strong> Deus (S.<br />

Th., I, q. 7, a. 1). Chamar a forma subsistente<br />

por si só <strong>de</strong> I. parece querer significar<br />

que o I. é aquilo que, para ser, não precisa <strong>de</strong><br />

outra coisa, sendo portanto a ilimitada potência<br />

<strong>de</strong> ser. Não muito diferente é o sentido que<br />

parece ter a tese <strong>de</strong> Duns Scot sobre a infinida<strong>de</strong><br />

como modo <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Deus. Duns observa<br />

que, se dissermos que Deus é supremo, estaremos<br />

conferindo a ele uma <strong>de</strong>terminação que<br />

lhe cabe em relação às coisas que são diferentes<br />

<strong>de</strong>le: é supremo entre todas as coisas existentes.<br />

Mas se dissermos que é I., estaremos<br />

dizendo que é supremo em sua natureza intrínseca,<br />

isto é, que transcen<strong>de</strong> todo e qualquer<br />

grau possível <strong>de</strong> perfeição (Op. Ox, I, d. 2, q.<br />

2, n. 17). A infinida<strong>de</strong> parece expressar aqui o<br />

"quo maius cogitari nequit" <strong>de</strong> S. Anselmo, ou<br />

seja, as perfeições <strong>de</strong> Deus estão além <strong>de</strong> qualquer<br />

grau alcançável pelas perfeições finitas. A<br />

clistinção cartesiana entre I. e in<strong>de</strong>finido (v.),<br />

que atribui apenas a Deus o atributo da infinida<strong>de</strong>,<br />

parece coincidir mais com a distinção<br />

entre o I. teológico e o I. matemático: distinção<br />

também encontrada em Locke (An Essay<br />

Conceming Human Un<strong>de</strong>rstanding, II, 17, 1) e<br />

Leibniz (Nouv. ess., II, 17, 2). Mas na <strong>filosofia</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna o conceito <strong>de</strong> I. como não-limitação<br />

da potência é realmente introduzido por<br />

Fichte, para quem o Eu é I. "suposto a partir <strong>de</strong><br />

sua absoluta ativida<strong>de</strong>", porquanto sua ativida<strong>de</strong><br />

não encontra limites ou obstáculos. Supondo-se,<br />

ao mesmo tempo, um não-Eu, o Eu limita-se<br />

e torna-se finito. Mas por fim "a finida<strong>de</strong> I<br />

<strong>de</strong>ve ser anulada: todos os limites <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>sa- |<br />

parecer e ficar apenas o Eu I., como Um e j

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