22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ENCICLOPÉDIA 332 ENERGIA<br />

que enquanto a E. <strong>de</strong> Comte procura abranger<br />

as ciências e as disciplinas efetivas, que haviam<br />

se constituído com autonomia <strong>de</strong> métodos,<br />

complexida<strong>de</strong> e riqueza <strong>de</strong> resultados, a E. <strong>de</strong><br />

Hegel alija esse conjunto <strong>de</strong> ciências e o rebaixa<br />

a simples fase preparatória ou temporária,<br />

substituindo-o por um conjunto <strong>de</strong> especulações<br />

metafísicas que só têm sentido a partir <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminados pressupostos. A esse segundo<br />

tipo <strong>de</strong> E. pertence também a E. enunciada por<br />

Croce, fundamentada na distinção <strong>de</strong> duas formas<br />

<strong>de</strong> espírito, a teórica e a prática, e na subdivisão<br />

<strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las em dois graus, conhecimento<br />

do individual e conhecimento do<br />

universal, volição do individual e voliçâo do universal.<br />

Croce distingue a estética, que tem por<br />

objeto o conhecimento individual, ou seja,<br />

a arte; a lógica, que tem por objeto o conhecimento<br />

do universal, ou seja, a <strong>filosofia</strong>; a ciência<br />

econômica, que tem por objeto a volição do<br />

individual e por isso compreen<strong>de</strong> o estudo <strong>de</strong><br />

tudo o que é útil, logo do direito, da economia,<br />

etc; e a ética, que tem por objeto a volição do<br />

universal (Fil. daprãtica, 1909, II, cap. 1). Essa<br />

E. também alija as ciências da natureza e as reduz<br />

a simples instrumentos práticos que, mediante<br />

"pseudoconceitos", fornecem meios <strong>de</strong><br />

economizar energia para a ação {Lógica, II,<br />

cap. 6). A E. <strong>de</strong> Hegel e a <strong>de</strong> Croce foram simplesmente<br />

iniciativas filosóficas unilaterais, que<br />

os filósofos <strong>de</strong> certas tendências aproveitaram.<br />

Não foram verda<strong>de</strong>iras E. no sentido <strong>de</strong> exercer<br />

alguma ação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação efetiva entre as<br />

pesquisas <strong>de</strong> cada ciência e da integração <strong>de</strong><br />

seus resultados em um sistema <strong>de</strong> conhecimento.<br />

É justamente essa a tendência <strong>de</strong> alguns filósofos<br />

e cientistas contemporâneos <strong>de</strong> orientação<br />

neopositivista e neo-empirista que, para<br />

isso, trabalharam e trabalham numa E. internacional<br />

da ciência unificada, cujos primeiros<br />

volumes começaram a ser publicados em 1938;<br />

cada um <strong>de</strong>les era <strong>de</strong>dicado aos fundamentos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada disciplina. É preciso, porém,<br />

observar que essa tentativa não <strong>de</strong>monstra<br />

acordo suficiente no modo <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a unida<strong>de</strong><br />

da ciência: alguns, como p. ex. Neurath,<br />

enten<strong>de</strong>m-na como combinação dos resultados<br />

das várias ciências e tentam axiomatizá-los<br />

num sistema único; outros, como unificação no<br />

campo da lógica ou no campo da semiótica<br />

(Morris) ou do ponto <strong>de</strong> vista do próprio método<br />

da ciência (Dewey) (cf. Encyclopedia of<br />

Unified Science, I, 1, 1938). Na verda<strong>de</strong>, hoje<br />

parece utópico querer reencontrar e expor <strong>de</strong><br />

modo <strong>de</strong>finitivo, como sempre fez a metafísica,<br />

a unida<strong>de</strong> das ciências, visto que as próprias<br />

ciências não toleram durante muito tempo uma<br />

disciplina <strong>de</strong>terminada, e cada uma se reserva<br />

ampla liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa, organização e<br />

linguagem. Portanto, hoje parece claro que a<br />

exigência enciclopédica da <strong>filosofia</strong> é mais exeqüível<br />

na forma livre e <strong>de</strong>scompromissada <strong>de</strong><br />

reconhecimento da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> múltiplas<br />

relações entre as ciências e <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>de</strong>ssas relações em campo do que<br />

na forma tradicional <strong>de</strong> "unificação" das ciências.<br />

E esse reconhecimento, essa pesquisa e<br />

essa <strong>de</strong>terminação ainda constituem tarefas<br />

fundamentais da <strong>filosofia</strong> (v. METAFÍSICA; CIÊN-<br />

CIAS, CLASSIFICAÇÃO DAS).<br />

ENERGIA (in. Energy, fr. Energie, ai. Energie,<br />

it. Energia). 1. Qualquer capacida<strong>de</strong> ou<br />

força capaz <strong>de</strong> produzir um efeito ou <strong>de</strong> realizar<br />

um trabalho. Nesse sentido E. é sinônimo<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> (v.) e <strong>de</strong> força (v.); fala-se <strong>de</strong> "E.<br />

espiritual", "E. material", "E. nervosa", "E. física",<br />

etc.<br />

2. Como conceito físico, enten<strong>de</strong>-se por E. a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar um trabalho; por trabalho,<br />

enten<strong>de</strong>-se o <strong>de</strong>slocamento do ponto <strong>de</strong><br />

aplicação <strong>de</strong> uma força. Esses conceitos só foram<br />

claramente formulados na primeira meta<strong>de</strong><br />

do séc. XIX. No entanto, a distinção entre E.<br />

potencial (ou <strong>de</strong> posição) e E. cinética (ou <strong>de</strong><br />

movimento) <strong>de</strong>ve-se a Leibniz, que em 1686 a<br />

exprimia numa dissertação intitulada Demonstratio<br />

erroris memorabilis Cartesii, como a distinção<br />

entre força viva e força morta. Leibniz<br />

consi<strong>de</strong>rava a força viva igual ao produto do<br />

"corpo" (massa) pelo quadrado da velocida<strong>de</strong>-,<br />

fórmula que <strong>de</strong>pois foi corrigida, passando-se a<br />

consi<strong>de</strong>rar a força viva igual ao semiproduto da<br />

massa pelo quadrado da velocida<strong>de</strong>.<br />

A segunda guinada conceituai importante na<br />

evolução da noção <strong>de</strong> E. ocorre em meados do<br />

séc. XIX, com a <strong>de</strong>scoberta do princípio <strong>de</strong><br />

conservação da E. (ou primeiro princípio da<br />

termodinâmica) por Mayer (1842) e Joule<br />

(1843), que estabelece a equivalência entre E.<br />

mecânica e calor. Essa equivalência <strong>de</strong>monstrava<br />

que o calor é uma forma <strong>de</strong> E., por conseguinte,<br />

o conceito <strong>de</strong> E. extrapolava o domínio<br />

mecânico. A generalização foi feita por<br />

Helmholtz na sua famosa dissertação Sobre a<br />

conservação da força (1847). A ele se <strong>de</strong>ve o<br />

uso do termo E., que antes se confundia com<br />

força; consi<strong>de</strong>rou também como E. qualquer<br />

entida<strong>de</strong> que possa ser convertida em outra

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!