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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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INERENCIA 562 INFINITO<br />

modo explícito o princípio correspon<strong>de</strong>nte; o<br />

primeiro a formulá-lo foi Descartes, que estabeleceu<br />

como "primeira lei da natureza" o princípio<br />

<strong>de</strong> que "cada coisa continua no mesmo<br />

estado enquanto po<strong>de</strong> e só o muda quando se<br />

encontra com outras coisas" (Princ. phil, II,<br />

§ 37). Alguns <strong>de</strong>cênios <strong>de</strong>pois, ao ser aceito por<br />

Newton como primeiro princípio da dinâmica<br />

em Princípios matemáticos da <strong>filosofia</strong> natural<br />

(1687), o princípio da I. ingressava <strong>de</strong>finitivamente<br />

na ciência mo<strong>de</strong>rna, on<strong>de</strong> foi e continua<br />

sendo, mais que uma "lei natural" (no<br />

sentido cartesiano do termo) ou uma verda<strong>de</strong><br />

experimental, um postulado ou princípio instrumental<br />

que permite o cálculo da força (v.)<br />

ou da energia (v.). Sobre a teoria do impetus,<br />

cf. DUHKM, Étu<strong>de</strong>s surLéonard <strong>de</strong> Vinci, Paris,<br />

1909.<br />

INERENCIA. V. SER, I. A.<br />

INFERÊNCIA (in. Inference; fr. Inference;<br />

ai. Inferiren; it. Inferenza). No latim medieval,<br />

encontra-se em muitos lógicos o termo in/erre,<br />

que <strong>de</strong>signa o fato <strong>de</strong>, numa conexão (ou<br />

consequentia) <strong>de</strong> duas proposições, a primeira<br />

(antece<strong>de</strong>nte) implica (ou melhor, contém por<br />

"implicação estrita") a segunda (conseqüente).<br />

Na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna, o termo "I." é preferido<br />

pelos anglo-saxòes, ao passo que, em língua<br />

italiana, se prefere illazione (ilação). Na língua<br />

inglesa, esse uso é muito amplo, significando<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> implicação (v.), como p. ex. emjevons<br />

e, em geral, nos lógicos ingleses do séc. XIX,<br />

até o processo mental através do qual, partindo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados dados, se chega a uma conclusão<br />

por implicação ou mesmo por indução<br />

(Stebbing, Dewey), Stuart Mill diz: "Inferir uma<br />

proposição <strong>de</strong> uma ou mais proposições antece<strong>de</strong>ntes,<br />

assentir ou crer nela como conclusão<br />

<strong>de</strong> qualquer outra coisa, isso é raciocinar no<br />

mais amplo significado do termo" (Logic, II, 1,<br />

1). Essa palavra é empregada com o mesmo<br />

sentido generalíssimo por Peirce (Chance, Love<br />

and Logic, cap. VI) e por muitos lógicos contemporâneos<br />

(Lewis, Reichenbach, etc). Dewey<br />

distinguiu ai., como relação entre signo e<br />

coisa significada, da implicação, que seria a<br />

relação entre os significados que constituem as<br />

proposições (Logic, Introdução; trad. it., p. 96),<br />

mas essa proposta não teve seguidores. G. P.<br />

INFINITESIMAL (lat. Infinitesimus; in. Infinitesimal;<br />

fr. Infinüésimal; ai. Infinitesimal; it.<br />

Infinitesimale). Uma gran<strong>de</strong>za que po<strong>de</strong> vir a<br />

ser menor que qualquer gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong>terminável,<br />

ou, em termos menos apropriados, uma<br />

gran<strong>de</strong>za ten<strong>de</strong>nte a zero. Este conceito foi conhecido<br />

pelos gregos, que o empregaram com<br />

freqüência; é pressuposto nas argumentações<br />

<strong>de</strong> Zenão <strong>de</strong> Eléia contra o movimento (v.<br />

AQUILES; DICOTOMIA; FLECHA; ESTÁDIO) e foi claramente<br />

expresso por Anaxágoras, que disse:<br />

"Com relação ao pequeno, não há mínimo,<br />

mas há sempre um menor, porque o que existe<br />

não po<strong>de</strong> ser anulado" (Fr. 3, Diels). Esse conceito<br />

foi exposto por Aristóteles (Fís., III, 7,<br />

207b 35), retomado pelos últimos escolásticos<br />

(cf. por todos OCKHAM, In Sent., I, d. 17, q. 8)<br />

e utilizado por Leibniz como fundamento do<br />

cálculo I., cujo primeiro documento importante<br />

é o texto Novo método para os máximos e os<br />

mínimos (1682).<br />

INFINITO (gr. caretpov; lat. Infinitum, in.<br />

Infinite, fr. Infini; ai. Unendlich; it. Infinito).<br />

Este termo tem os seguintes significados principais,<br />

entre os quais existem algumas semelhanças:<br />

1 L> I. matemático, que é a disposição<br />

ou a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong>za; 2- I. teológico,<br />

que é a não-limitaçâo da potência; 3 S I.<br />

metafísico, que é a nào-completu<strong>de</strong>.<br />

l e A concepção matemática do I. elaborou<br />

dois conceitos diferentes: a) I. potencial como<br />

limite <strong>de</strong> certas operações sobre as gran<strong>de</strong>zas;<br />

b) I. atual como uma espécie particular <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>za.<br />

a) O conceito <strong>de</strong> I. potencial foi elaborado<br />

por Aristóteles, que negava que o I. pu<strong>de</strong>sse<br />

ser atual, ou seja, real, tanto como realida<strong>de</strong><br />

em si (substância) quanto como atributo <strong>de</strong><br />

uma realida<strong>de</strong> (Fís., III, 5, 204 a 7 ss.). Isto quer<br />

dizer que o I. não é substância nem proprieda<strong>de</strong><br />

ou <strong>de</strong>terminação substancial, mas que<br />

"existe somente <strong>de</strong> modo aci<strong>de</strong>ntal" (Ibid.,<br />

204a 28), como disposição <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas. Que<br />

disposição? Aristóteles dá dois significados fundamentais<br />

<strong>de</strong> I.: no primeiro, I. é "aquilo que,<br />

por natureza, não po<strong>de</strong> ser percorrido", no sentido<br />

<strong>de</strong> que não po<strong>de</strong> ser visto. No segundo, I.<br />

é aquilo que po<strong>de</strong> ser percorrido, mas não<br />

todo, pois não tem fim; nesse sentido, é 1. por<br />

composição, por divisão ou por ambas (Ibid.,<br />

III, 4, 204 a 3). Ora, o I. em sentido matemático<br />

é só este último, ou seja, o I. que po<strong>de</strong> ser percorrido,<br />

mas nunca <strong>de</strong> modo exaustivo ou completo.<br />

Neste sentido, o I. é tal "que sempre se<br />

po<strong>de</strong> tomar algo <strong>de</strong> novo, e o que se toma é<br />

sempre finito, mas sempre diferente. Assim,<br />

não se <strong>de</strong>ve tomar o I. como um ser singular,<br />

como p. ex. um homem ou uma coisa, mas no<br />

sentido em que se fala <strong>de</strong> um dia ou <strong>de</strong> uma

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