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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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IDENTIDADE, PRINCIPIO DE 530 IDENTIDADE, PRINCIPIO DE<br />

nuava sendo reconhecido como o primeiro<br />

princípio ontológico) à sua expressão mais<br />

simples e econômica. Esta tentativa é uma manifestação<br />

característica do uso do princípio <strong>de</strong><br />

economia (v.), que era consi<strong>de</strong>rado guia metodológico<br />

por Ockham e por muitos escotistas.<br />

Antônio Andréa (morto em 1320) diz:<br />

"Digo que o princípio 'É impossível que a mesma<br />

coisa simultaneamente seja e não seja' não<br />

é absolutamente primário, ou seja, primariamente<br />

primeiro (...) Se perguntarem qual é absolutamente<br />

o primeiro complexo e o primariamente<br />

primeiro, direi que é este: 'O ente é<br />

ente.' Este princípio <strong>de</strong> fato tem termos primariamente<br />

primeiros e ultimamente últimos, que<br />

não são portanto resolúveis em termos prece<strong>de</strong>ntes;<br />

aliás toda resolução <strong>de</strong> conceitos diz<br />

respeito ao conceito do ente, como o é absolutamente<br />

primeiro entre os conceitos essenciais"<br />

(In Met., IV, q. 5). Buridan aludia a esta ou<br />

a semelhantes tentativas <strong>de</strong> reduzir o princípio<br />

<strong>de</strong> contradição a uma fórmula mais simples,<br />

que seria a da I.: "Alguns, enten<strong>de</strong>ndo que tem<br />

mais priorida<strong>de</strong> a simplicida<strong>de</strong> que a evidência<br />

e a certeza, dizem que as proposições categóricas<br />

prece<strong>de</strong>m as hipotéticas e que as assertórias<br />

prece<strong>de</strong>m as modais, etc; conseqüentemente,<br />

propõem uma única gran<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> princípios in<strong>de</strong>monstráveis. O primeiro<br />

princípio seria 'O ente é', don<strong>de</strong> se seguiria<br />

que 'o não-ente não é'. Depois viria 'O ente é<br />

ente', don<strong>de</strong> 'o não-ente não é ente', etc." (In<br />

Met., IV, q. 13). Do ponto <strong>de</strong> vista da simplicida<strong>de</strong><br />

e da economia, a fórmula da I. parecia<br />

então mais primitiva que a da contradição;<br />

assim, os lógicos do séc. XIV começaram a<br />

atribuir a essa fórmula a posição tradicionalmente<br />

atribuída apenas ao princípio <strong>de</strong> contradição.<br />

Contudo, como dissemos, foi só com Wolff<br />

que se começou a reconhecer explicitamente<br />

no enunciado da I. o valor <strong>de</strong> princípio. Wolff o<br />

expôs com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> "Princípio da<br />

certeza", que <strong>de</strong>rivava do princípio <strong>de</strong> contradição.<br />

Em Ontologia (1729), disse: "Como é impossível<br />

que uma mesma coisa seja e não seja<br />

ao mesmo tempo, toda coisa, enquanto é, é;<br />

ou seja-, se A é, também é verda<strong>de</strong>iro que A é. Se<br />

negares que A é, enquanto é, <strong>de</strong>veras então<br />

concordar que A é e não é ao mesmo tempo: o<br />

que se opõe ao princípio <strong>de</strong> contradição e por<br />

isso não po<strong>de</strong> ser admitido, por força <strong>de</strong>sse<br />

princípio" (Ont, § 55). Wolff ligava o princípio<br />

à noção <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> (Ibid., § 288) e não lhe<br />

atribuía o caráter originário que atribuía ao<br />

princípio <strong>de</strong> contradição e ao <strong>de</strong> razão suficiente.<br />

Em Baumgarten, o princípio <strong>de</strong> I. <strong>de</strong>u mais<br />

um passo ao ser posto após o <strong>de</strong> contradição<br />

(que para ele continuava sendo "o absolutamente<br />

primeiro"), mas no mesmo nível <strong>de</strong>le,<br />

como "Princípio <strong>de</strong> oposição ou <strong>de</strong> I.". Expressou-o<br />

da seguinte forma: "Todo possível At A;<br />

ou seja, tudo o que é, é; ou então, todo sujeito<br />

é predicado <strong>de</strong> si mesmo" (Met., § 11). Por sua<br />

vez Kant, em Nova elucidação dos primeiros<br />

princípios do conhecimento metafísico (1755),<br />

dizia: "Dois são os princípios absolutamente<br />

primeiros <strong>de</strong> todas as verda<strong>de</strong>s: um das verda<strong>de</strong>s<br />

afirmativas, a proposição 'O que é, é'; o<br />

outro das verda<strong>de</strong>s negativas, a proposição<br />

'aquilo que não é não é'. Ambas essas proposições<br />

<strong>de</strong>nominam-se comumente princípio <strong>de</strong> I.<br />

(Nova dilucidatio, prop. II).<br />

Com isto, o princípio <strong>de</strong> I. ingressava oficialmente<br />

no rol dos princípios fundamentais<br />

da lógica (apesar <strong>de</strong> na origem, com Wolff e<br />

Baumgarten, ele ter sido um princípio ontológico).<br />

Fichte valia-se <strong>de</strong>le como <strong>de</strong> uma proposição<br />

absolutamente "certa e indubitável"<br />

(Wíssenschaftslehre, 1794, § 1). E como princípio<br />

indubitável do pensamento também era<br />

visto por Schelling (Werke, I, IV, p. 116). Tudo<br />

isto dava a Hegel o direito <strong>de</strong> dizer que "o princípio<br />

<strong>de</strong> I., em vez <strong>de</strong> ser uma verda<strong>de</strong>ira lei do<br />

pensamento, nada mais é que a lei do intelecto<br />

abstrato. A forma da proposição a contradiz,<br />

senão porque a proposição também promete<br />

uma distinção entre sujeito e predicado e essa<br />

proposição não cumpre o que sua forma promete.<br />

Mas <strong>de</strong>ve notar, em especial, que ela é<br />

negada pelas outras chamadas leis do pensamento,<br />

para as quais é lei o contrário <strong>de</strong>ssa lei"<br />

(Ene, § 115). Hegel, naturalmente, tinha razão,<br />

mas lutava contra um moinho <strong>de</strong> vento,<br />

pois os filósofos haviam admitido explicitamente<br />

esse princípio com o objetivo <strong>de</strong> dar<br />

fundamento <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> às verda<strong>de</strong>s idênticas.<br />

A lógica filosófica do séc. XIX continuou<br />

incluindo o princípio da I. entre as leis universais<br />

do pensamento (cf. HAMILTON, Lectureson<br />

Logic, I, pp. 79 ss.; DROBISCH, Logik, § 58; ÜBER-<br />

WEG, System <strong>de</strong>r Logik, p. 183; WUNDT, Logik, I,<br />

pp. 504 ss.; B. HERDMANN, Logik, I, pp. 172 ss.,<br />

etc.) embora não faltasse quem lhe negasse<br />

qualquer significado (cf. P. HERMANT e A. VAN<br />

DE WAELE, Lesprincipales théories <strong>de</strong> Ia logique<br />

contemporaine, Paris, 1909, pp. 116 ss.). Para<br />

Boutroux, no princípio <strong>de</strong> I. estava expresso o

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