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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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PROBLEMA 797 PROBLEMÁTICO<br />

1638. IV, 11, 7). Leibniz notava que "por P. os<br />

matemáticos enten<strong>de</strong>m as questões que <strong>de</strong>ixam<br />

em branco uma parte da proposição"<br />

(Nouv. ess., IV, II, 7). F, foi recorrendo ao uso<br />

matemático que Wolff <strong>de</strong>finiu: o P. como "uma<br />

proposição prática <strong>de</strong>monstrativa", enten<strong>de</strong>ndo<br />

por "prática" a proposição "com a qual se afirma<br />

que alguma coisa po<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>ve ser feita" e<br />

excluindo explicitamente o significado aristotélico<br />

do termo (Log., §§ 266, 276). Não muito diferente<br />

é a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Kant: "P. são proposições<br />

<strong>de</strong>monstráveis que exigem provas ou<br />

expressam uma ação cujo modo <strong>de</strong> execução<br />

não 6 imediatamente certo" (Logík, § 5H).<br />

Também no pensamento mo<strong>de</strong>rno a noção<br />

<strong>de</strong> P. foi e continua sendo das mais negligenciadas.<br />

Embora falem o tempo todo em P. e<br />

achem que 6 sua função solucionar certo número<br />

<strong>de</strong>les, especialmente dos <strong>de</strong>finidos como<br />

máximos", os filósofos não se preocuparam<br />

muito em analisar a noção correspon<strong>de</strong>nte. Na<br />

maioria das vezes o P. foi consi<strong>de</strong>rado como<br />

condição ou situação subjetiva e confundido<br />

com a dúvida. O próprio Mach o <strong>de</strong>finia neste<br />

sentido, como "a discordância dos pensamentos<br />

entre si" (Krkenntniss undlrrtum, cap. XV;<br />

trad. fr., pp. 252-53). Só recentemente foi reconhecido<br />

o caráter <strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminação objetiva,<br />

que <strong>de</strong>fine o P.: isto aconteceu na Lógica(1939)<br />

<strong>de</strong> Dewey, para quem o P. é a "proprieda<strong>de</strong><br />

lógica primária". O P. é a situação que constitui<br />

o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> qualquer indagação, ou<br />

seja, a situação in<strong>de</strong>terminada. "A situação<br />

in<strong>de</strong>terminada torna-se problemática no próprio<br />

processo <strong>de</strong> sujeição á indagação. Decorre<br />

<strong>de</strong> causas reais, como acontece, p. ex., no <strong>de</strong>sequilíbrio<br />

orgânico da fome. Nada há <strong>de</strong> intelectual<br />

ou cognitivo na existência <strong>de</strong> situações<br />

<strong>de</strong>sse gênero, a não ser que elas são a condição<br />

necessária para operações ou indagações<br />

cognitivas. O primeiro resultado do fato <strong>de</strong><br />

promover a indagação é que a situação é reconhecida<br />

como problemática (Logic. cap. VI.<br />

trad. it., p. 161). A enunciação do P. permite a<br />

antecipação <strong>de</strong> uma solução possível, que 6 a<br />

idéia: a idéia exige o <strong>de</strong>senvolvimento das relações<br />

inerentes ao seu significado, que é o raciocínio.<br />

Finalmente, a solução real é a <strong>de</strong>terminação<br />

da situação inicial, em que se chega<br />

a uma situação unificada em suas relações e<br />

distinções constitutivas. Análise análoga a esta,<br />

em sua estrutura fundamental, foi feita por G.<br />

Boas, que <strong>de</strong>fine o P. como "a consciência <strong>de</strong><br />

um <strong>de</strong>svio da norma" (lhe Inquíring Mind,<br />

1959, p. 56). Contudo, à análise <strong>de</strong> Dewey cabe<br />

acrescentar uma <strong>de</strong>terminação fundamental: o<br />

reconhecimento do fato <strong>de</strong> que um P. não é eliminado<br />

ou <strong>de</strong>struído pela sua solução. Um "P.<br />

resolvido" não é um P. que não se apresentará<br />

mais como tal, mas é um P. que continuará a se<br />

apresentar com probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solução. A<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um medicamento que cure uma<br />

doença é a solução <strong>de</strong> um P., mas nem por isso<br />

o P. está eliminado, pois a doença continuará a<br />

ocorrer; portanto, o que a solução permite é,<br />

em certos limites, resolver o P. todas as vezes<br />

que ele se apresente. Com base neste caráter<br />

do P., fala-se da problematicida<strong>de</strong>dos campos<br />

em que se apresenta o P. Neste sentido, o P. é<br />

diferente não só da dúvida (que, uma vez resolvida,<br />

está eliminada e é substituída pela<br />

crença), mas também da pergunta, que, uma<br />

vez respondida, per<strong>de</strong> o significado.<br />

PROBLEMÁTICA (ai. Problematik). Reunião<br />

or<strong>de</strong>nada ou sistemática <strong>de</strong> problemas.<br />

PROBLEMATICIDADE. Caráter <strong>de</strong> um<br />

campo <strong>de</strong> indagação em que os problemas não<br />

são eliminados pela sua solução. P. ex., "P. da<br />

experiência" é o caráter em virtu<strong>de</strong> do qual, na<br />

experiência, os chamados problemas resolvidos<br />

são apenas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> soluções previamente<br />

apresentadas para os problemas que<br />

vão surgindo, e que têm algumas garantias <strong>de</strong><br />

sucesso. Esse termo é empregado freqüentemente<br />

na <strong>filosofia</strong> contemporânea, sem esclarecimentos<br />

explícitos.<br />

PROBLEMATICISMO. Termo difundido na<br />

Itália por Ugo Spirito, para <strong>de</strong>signar a doutrina<br />

da "vida como busca": Vida con<strong>de</strong>nada a procurar<br />

a verda<strong>de</strong> sem encontrá-la, oscilando então<br />

entre o dogmatismo e o cepticismo (La víta<br />

come ricerca. 1937).<br />

PROBLEMÁTICO (in. Problematic- fr. Pmblématíque-,<br />

ai. Problematisb; it. Problemático).<br />

1. O que representa um problema ou diz respeito<br />

a um problema.<br />

2. O que não implica contradições nem garantia<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> tal modo que po<strong>de</strong> ser<br />

afirmado ou negado arbitrariamente. Este é o<br />

significado que Kant atribui ao termo: "A proposição<br />

P. é a que exprime só uma possibilida<strong>de</strong><br />

lógica (não objetiva), ou seja, a livre escolha<br />

<strong>de</strong> assumir tal proposição como válida" (Crít.<br />

R. Pura. § 9). "Chamo <strong>de</strong> P. um conceito que<br />

não contém contradições e que. como limitação<br />

<strong>de</strong> conceitos dados, liga-se a outros conhecimentos,<br />

mas cuja verda<strong>de</strong> objetiva não po<strong>de</strong>

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