22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

REMINISCENCIA 852 RENASCIMENTO<br />

A. R. RADCUFFK-BRONXN, StructureandFunction<br />

in Primitive Society. 1952, pp. 148-49). Mas<br />

mesmo nesses casos é possível reconhecer a<br />

função social da R., na forma <strong>de</strong> fortalecimento<br />

cios laços sociais, principalmente nas socieda<strong>de</strong>s<br />

primitivas UbícL, pp. 157 ss.). A. Loisy dizia:<br />

"F.ntregue à ação dos elementos, do clima, daquilo<br />

que a terra dá ou recusa, da boa ou má<br />

sorte na caça e na pesca, das vicissitucles na<br />

luta contra semelhantes, o homem acredita encontrar<br />

um meio <strong>de</strong> regularizar com simulacros<br />

<strong>de</strong> ação as suas possibilida<strong>de</strong>s mais ou menos<br />

incertas. O que faz não tem utilida<strong>de</strong> para o<br />

objetivo almejado, mas ele ganha confiança em<br />

seus feitos e em si mesmo; ousa e, ousando,<br />

realmente obtém mais ou menos o que quer.<br />

Confiança rudimentar por vias humil<strong>de</strong>s, mas 6<br />

o começo da coragem moral" (Essai historiqitc<br />

sur Io sacrifico, 1920, p. 533). Esse ponto <strong>de</strong><br />

vista foi <strong>de</strong>senvolvido mais tar<strong>de</strong> por Malinowski<br />

(Magic, Science and Religion, ed. Anchor<br />

Books, 1925, p. 89). Como vimos, é mais<br />

ou menos isso que Bergson pensa. Trata-se <strong>de</strong><br />

ponto <strong>de</strong> vista válido sobretudo para as socieda<strong>de</strong>s<br />

primitivas, mas também se sabe (v. PRI-<br />

MITIVOS) que a sociologia contemporânea ten<strong>de</strong><br />

a eliminar o abismo entre mentalida<strong>de</strong> primitiva<br />

e mentalida<strong>de</strong> civilizada. Ultrapassados os<br />

limites <strong>de</strong> controle cios acontecimentos por meio<br />

<strong>de</strong> técnicas racionais — limites, a<strong>de</strong>mais, bastante<br />

estreitos — o homem reivindica liberda<strong>de</strong><br />

cie fé e entrega-se a crenças libertadoras ou<br />

consoladoras, a técnicas que lhe prometam salvação<br />

infalível. Obtendo ou não o cumprimento<br />

<strong>de</strong>ssas promessas, a função <strong>de</strong>ssas técnicas<br />

é bem clara: dar esperança e coragem, consolidar<br />

as relações com os outros homens e com o<br />

mundo.<br />

REMINISCENCIA. V. ANAMNRSK.<br />

RENASCIMENTO (in. Renaissance.h. Renaíssauce-,<br />

ai. Renaissance-, it. Rinascimento). Designa-se<br />

com este termo o movimento literário,<br />

artístico e filosófico que começa no fim do séc.<br />

XIV e vai até o fim do séc. XVI. difundindo-se<br />

da Itália para os outros países da Kuropa. A palavra<br />

e o conceito cie R. têm origem religiosa,<br />

como ficou <strong>de</strong>monstrado pelos estudos <strong>de</strong><br />

Hil<strong>de</strong>brand, Walser e Burdach: renascimento é<br />

o segundo nascimento, o nascimento do homem<br />

novo ou espiritual <strong>de</strong> que falam o Kvangelho<br />

<strong>de</strong> São João e as Epístolas <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Durante toda a Ida<strong>de</strong> Média, tanto o conceito<br />

quanto a palavra <strong>de</strong>signavam o retorno do homem<br />

a Deus, sua restituição à vida perdida<br />

com a queda <strong>de</strong> Adão. A partir do séc. XV, porém,<br />

essa palavra passa a ser empregada para<br />

<strong>de</strong>signar a renovação moral, intelectual e política<br />

<strong>de</strong>corrente do retorno aos valores da civilização<br />

em que. supostamente, o homem teria<br />

obtido suas melhores realizações: a greco-romana.<br />

Assim, o R. foi forçado a ressaltar as<br />

diferenças que o distinguiam do período medieval,<br />

em sua tentativa <strong>de</strong> vincular-se ao período<br />

clássico e <strong>de</strong> haurir diretamente <strong>de</strong>le a inspiração<br />

para suas ativida<strong>de</strong>s. Contudo não faltam<br />

elementos cie continuida<strong>de</strong> entre a Ida<strong>de</strong> Média<br />

e o R.. e muitos dos problemas preferidos<br />

por humanistas e filósofos do R. eram os<br />

mesmos já discutidos pela Ida<strong>de</strong> Média, com<br />

as mesmas soluções. Isso explica por que a<br />

interpretação do R. sempre oscilou entre dois<br />

extremos: <strong>de</strong> um lado, a oposição radical entre<br />

ele e a Ida<strong>de</strong> Média; <strong>de</strong> outro, a continuida<strong>de</strong><br />

intrínseca entre os dois. A primeira posição<br />

foi <strong>de</strong>fendida por Burckhardt (Die Kulttir<strong>de</strong>r<br />

Rcnaissance in Italien, 1860), sendo repetida<br />

e ampliada por Gentile e seus discípulos.<br />

A segunda concepção inspira-se sobretudo na<br />

obra <strong>de</strong> K. Burdach ( Vom Mittelalter zu Roformalion,<br />

Reuaíssance, Humanismus, 1926 J ) e<br />

ganhou forma extremada com G. Toffanin (História<br />

do humanismo, 1933). As características<br />

fundamentais do R. po<strong>de</strong>m ser brevemente recapituladas<br />

da seguinte maneira:<br />

l 1 Humanismo, como reconhecimento do<br />

valor do homem e crença cie que a humanida<strong>de</strong><br />

se realizou em sua forma mais perfeita<br />

na Antigüida<strong>de</strong> clássica (v., a respeito, Hi 1 -<br />

MAMS.MO).<br />

2 4! Renovação religiosa, através da tentativa<br />

cie reatar os laços com uma revelação originária,<br />

na qual se teriam inspirado os próprios<br />

filósofos clássicos, como é o caso do platonismo<br />

(Nicolau <strong>de</strong> Cusa, Pico <strong>de</strong>lia Miranclola, M.<br />

Ficino), OLI através da tentativa <strong>de</strong> restabelecer<br />

o contato com as fontes originárias do cristianismo,<br />

ignorando a tradição medieval, como é<br />

o caso da Reforma protestante, (v. RKFORMA).<br />

3 a Renovação das concepções políticas; com<br />

o reconhecimento da origem humana ou natural<br />

das socieda<strong>de</strong>s e dos Kstados (Maquiavel)<br />

ou com a tentativa <strong>de</strong> voltar às formas históricas<br />

originárias ou à natureza das instituições<br />

sociais (jusuaturalismo. |v.|).<br />

4" Naturalismo, como novo interesse pela<br />

investigação direta da natureza, tanto na forma<br />

do aristotelismo, das manifestações <strong>de</strong> magia<br />

ou da metafísica da natureza (Campanella c

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!