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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ROMANTISMO 861 ROMANTISMO<br />

riência artística era o único meio eficaz <strong>de</strong> aproximar-se<br />

do absoluto, ou seja, do modo como<br />

o absoluto <strong>de</strong>u origem ao mundo.<br />

Quando o movimento romântico se difundiu<br />

fora da Alemanha, foi exatamente essa a<br />

sua ban<strong>de</strong>ira. O R. <strong>de</strong> Madame <strong>de</strong> Staél e <strong>de</strong><br />

Chateaubriand consiste sobretudo na exaltação<br />

cios valores do sentimento, e foi com essa<br />

mesma forma que o R. encontrou expressão na<br />

Itália.<br />

Essas duas interpretações da autoeonsciência<br />

muitas vezes se opuseram; Hegel, principalmente,<br />

abriu polêmica contra a primazia do<br />

sentimento. No conjunto, porém, 6 sobretudo<br />

nessa oposição e nessa polêmica que consiste<br />

a característica fundamental do R. No entanto,<br />

pertence apenas à escola do sentimento um<br />

dos aspectos mais evi<strong>de</strong>ntes do R.: a ironia.<br />

c[iie representa a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a consciência<br />

infinita levar a sério e consi<strong>de</strong>rar sólidos<br />

os seus produtos (natureza, arte. o eu), nos<br />

(juais vê apenas suas próprias manifestações<br />

provisórias.<br />

São, porém, caracteres comuns e fundamentais<br />

<strong>de</strong> todas as manifestações do R. o otimismo,<br />

o provi<strong>de</strong>ncialismo. o tradicionalismo e o<br />

titanismo. Otimismo é a convicção <strong>de</strong> que a<br />

realida<strong>de</strong> é tudo aquilo que <strong>de</strong>ve ser. e <strong>de</strong> que<br />

é em todos os momentos racionalida<strong>de</strong> e perfeição.<br />

É <strong>de</strong>vido a esse otimismo que o R. ten<strong>de</strong><br />

a exaltar a dor, a infelicida<strong>de</strong> e o mal, pois a<br />

infinida<strong>de</strong> do espírito também se manifesta<br />

nesses aspectos da realida<strong>de</strong>, superando-os e<br />

conciliando-os em sua perfeição. Hegel apresenta-nos<br />

o mundo romântico na felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sua perfeita pacificação racional. Schopenhauer<br />

apresenta-o na infelicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas oposições<br />

irracionais, mas ainda assim satisfeito por reconhecer-se<br />

nesse contraste. A vonta<strong>de</strong> irracional<br />

<strong>de</strong> Schopenhauer é um princípio tão otimista<br />

quanto a razão absoluta <strong>de</strong> Hegel.<br />

Com o otimismo metafísico do R. relacionase<br />

seu proriclencialismo histórico. A história é<br />

um processo necessário, no qual a razão infinita<br />

se manifesta ou se realiza; por isso, nela<br />

nada há <strong>de</strong> irracional ou inútil. Nesse aspecto.<br />

o R. opõe-se radicalmente ao iluminismo. liste<br />

último contrapõe tradição e história: á força da<br />

tradição, que ten<strong>de</strong> a conservar e perpetuar<br />

preconceitos, ignorâncias. violências e frau<strong>de</strong>s,<br />

opõe a história como reconhecimento <strong>de</strong>ssas<br />

coisas tais quais são, e como esforço racional<br />

para libertar-se <strong>de</strong>las. Para o R., porém, tudo o<br />

que a tradição lega é manifestação da Razão<br />

Infinita: é verda<strong>de</strong> e perfeição. Portanto, o espírito<br />

ihiminista é crítico e revolucionário; o espírito<br />

romântico é exaltativo e conservador. O conceito<br />

<strong>de</strong> história como projeto provi<strong>de</strong>ncial do<br />

mundo domina toda a <strong>filosofia</strong> do séc. XIX;<br />

mesmo no séc. XX, a <strong>filosofia</strong> só consegue libertar-se<br />

<strong>de</strong>sse conceito através <strong>de</strong> amargas<br />

experiências históricas e culturais. É nessa concepção<br />

<strong>de</strong> história que mais se manifesta a afinida<strong>de</strong><br />

entre i<strong>de</strong>alismo e positivismo no sentido<br />

comum <strong>de</strong> romantismo. Comte tem o mesmo<br />

conceito <strong>de</strong> história <strong>de</strong> Fichte. Schelling — mais<br />

tar<strong>de</strong> —. ('roce e dos epígonos do romantismo<br />

no séc. XX. A história como manifestação <strong>de</strong><br />

urii princípio infinito (Eu. Autoconsciência,<br />

R;tzâo. Espírito, Humanida<strong>de</strong>, ou qualquer outro<br />

nome que se lhe dê) é racionalida<strong>de</strong> total e<br />

perfeita, não conhecendo imperfeição ou mal.<br />

A forma extremada <strong>de</strong>sse conceito <strong>de</strong> história<br />

está em Hegel (repetido por Croce): a história<br />

não é progresso ao infinito, visto que. se assim<br />

fosse, cada um <strong>de</strong> seus momentos seria menos<br />

perfeito que o outro; ela é infinita perfeição<br />

<strong>de</strong> todos os seus momentos. A contraposição<br />

h(?geliana entre o "verda<strong>de</strong>iro infinito" e o<br />

"mau infinito" não significa outra coisa. E óbvio<br />

que., num conceito da história semelhante, não<br />

hií lugar para o indivíduo e suas liberda<strong>de</strong>s,<br />

pelos quais o iluminismo se batera. Há lugar<br />

apenas para os "heróis" ou "indivíduos da história<br />

cósmica", instrumentos <strong>de</strong> que a providência<br />

histórica se vale para realizar astutamente<br />

seus fins.<br />

Aspecto importante do provi<strong>de</strong>ncialismo<br />

romântico é o tradicionalismo: com efeito, a<br />

exaltação das tradições e das instituições que<br />

a encarnam é um dos aspectos típicos do movimento<br />

romântico. A essa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>veu-se a<br />

revalorização da Ida<strong>de</strong> Média, que é característica<br />

do R. A Ida<strong>de</strong> Média afigurara-se ao iluminismo<br />

(assim como. antes, ao humanismo)<br />

como uma época <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência e <strong>de</strong> barbárie,<br />

em que haviam sido perdidos os valores humanos<br />

e racionais criados pela Antigüida<strong>de</strong><br />

clássica. Para o R. nào existem épocas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência<br />

ou <strong>de</strong> barbárie porque toda a história<br />

é racionalida<strong>de</strong> e perfeição. Na Ida<strong>de</strong> Média,<br />

aliás, mais do que no mundo clássico,<br />

po<strong>de</strong>-se e <strong>de</strong>ve-se ver — segundo o R. — a origem<br />

do mundo mo<strong>de</strong>rno: assim, o retorno â<br />

Ida<strong>de</strong> Média constitui uma <strong>de</strong> suas palavras<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa mesma atitu<strong>de</strong>, o<br />

R. alemão começou a exaltar as tradições originárias<br />

da naçào alemã, surgindo a primeira

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