22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CATEGORIA 122 CATEGORIA<br />

cê-lo e exprimi-lo em palavras durou muito<br />

tempo; e por muito tempo as escolas filosóficas<br />

ou os filósofos só discordaram quanto ao número<br />

ou a distinção das categorias. Assim, os<br />

estóicos reduziram-nas a quatro: substância,<br />

qualida<strong>de</strong>, modo <strong>de</strong> ser e relação (SIMPLÍCIO,<br />

In Cat., f. 16 d). Plotino retornou aos cinco gêneros<br />

supremos <strong>de</strong> Platão (Enn., VI, 1, 25). Na<br />

Ida<strong>de</strong> Média, a única alternativa à doutrina do<br />

fundamento real das C. é o seu caráter puramente<br />

verbal, <strong>de</strong>fendido pelo nominalismo.<br />

Ockham afirma claramente que as C. não passam<br />

<strong>de</strong> signos das coisas, signos simples com<br />

os quais po<strong>de</strong>m ser constituídos "complexos"<br />

verda<strong>de</strong>iros ou falsos (De corpore Christi, 15; In<br />

Sent., I, d. 30, q. 2, I). Portanto, a distinção das<br />

C. não implica uma distinção paralela entre<br />

os objetos reais, já que nem sempre a conceitos<br />

ou a palavras distintas correspon<strong>de</strong>m<br />

coisas distintas. As C. <strong>de</strong> substância, qualida<strong>de</strong><br />

e quantida<strong>de</strong>, embora distintas como conceitos,<br />

significam a mesma coisa (QuodL, V, q. 23).<br />

Essa negação radical da realida<strong>de</strong> das C. <strong>de</strong>riva<br />

da negação total que o nominalismo medieval<br />

fazia <strong>de</strong> qualquer realida<strong>de</strong> universal. Esse<br />

ponto <strong>de</strong> vista eqüivale a consi<strong>de</strong>rar as C.<br />

como simples nomes que se referem a classes<br />

<strong>de</strong> objetos.<br />

A doutrina <strong>de</strong> Kant nada tem a ver com esse<br />

nominalismo, embora também negue o realismo<br />

da concepção clássica. Para Kant as C. são<br />

os modos pelos quais se manifesta a ativida<strong>de</strong><br />

do intelecto, que consiste, essencialmente, "em<br />

or<strong>de</strong>nar diversas representações sob uma representação<br />

comum", isto é, em julgar. Elas<br />

são, portanto, as formas do juízo, isto é, as<br />

formas em que o juízo se explica, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do seu conteúdo empírico. Por isso,<br />

as C. po<strong>de</strong>m ser extraídas das classes do juízo,<br />

enumeradas pela lógica formal. "Desse modo",<br />

diz Kant, "surgem tantos conceitos puros do intelecto,<br />

que se aplicam a priori ao objetos da<br />

intuição em geral, quantas eram as funções lógicas<br />

em todos os juízos possíveis no quadro<br />

prece<strong>de</strong>nte (isto é, na classificação dos juízos);<br />

porque as chamadas funções esgotam completamente<br />

o inelecto e põem à prova o seu po<strong>de</strong>r"<br />

(Crít. R. Pura, Anal. dos conceitos, § 10).<br />

As C. são os conceitos primitivos do intelecto<br />

puro e condicionam todo o conhecimento intelectual<br />

e a própria experiência; mas elas não<br />

se aplicam às coisas em si, e o conhecimento<br />

que <strong>de</strong>las se vale (isto é, todo o conhecimento<br />

humano) não po<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r-se, portanto, a<br />

tais "coisas em si" ou "númenos". As categorias<br />

são, todavia, condições da valida<strong>de</strong> objetiva<br />

do conhecimento, isto é, do juízo em que o<br />

conhecimento se concretiza. Com efeito, um<br />

juízo é uma conexão entre representações, mas<br />

tal conexão não é subjetiva, logo não vale só<br />

para o sujeito isolado que a efetua, mas é feita<br />

em conformida<strong>de</strong> com uma categoria, isto é,<br />

segundo um modo, uma regra que é igual para<br />

todos os sujeitos e que, portanto, confere necessida<strong>de</strong><br />

e objetivida<strong>de</strong> àquilo a que se ligou<br />

na percepção (Prol., § 22). A doutrina <strong>de</strong> Kant<br />

sobre as C. po<strong>de</strong>, por isso, ser reduzida a dois<br />

pontos fundamentais: 1 Q as C. dizem respeito à<br />

relação sujeito-objeto e, por isso, nào se aplicam<br />

a uma eventual "coisa em si" que esteja<br />

fora <strong>de</strong>ssa relação; 2 a as C. constituem as <strong>de</strong>terminações<br />

<strong>de</strong>ssa relação e são, portanto, válidas<br />

para qualquer ser pensante finito. Kant<br />

enumerava doze C, correspon<strong>de</strong>ntes às doze<br />

classes <strong>de</strong> juízos: \- C. <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, unida<strong>de</strong>,<br />

multiplicida<strong>de</strong>, totalida<strong>de</strong>; 2- C. <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

realida<strong>de</strong>, negação, limitação; 3 a C. <strong>de</strong><br />

relação-, inerência e subsistência (substância e<br />

aci<strong>de</strong>nte), causalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pendência (causa e<br />

efeito), comunhão (ação recíproca); A- C. <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>,<br />

possibilida<strong>de</strong>-impossibilida<strong>de</strong>, existência-inexistência,<br />

necessida<strong>de</strong>-contingência.<br />

O conceito kantiano das C. continuou prevalecendo<br />

na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea,<br />

se bem que mesmo os filósofos mais estritamente<br />

kantianos não tenham entrado num<br />

acordo sobre o "quadro" das categorias. Em geral,<br />

os neocriticistas procuraram simplificar e<br />

unificar esse quadro; Renouvier, p. ex., consi<strong>de</strong>rou<br />

fundamental a C. relação (já que a consciência<br />

é relação) e consi<strong>de</strong>rou as outras (número,<br />

extensão, duração, qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vir,<br />

força, finalida<strong>de</strong>, personalida<strong>de</strong>) como <strong>de</strong>terminações<br />

e especificações <strong>de</strong>la (Essai <strong>de</strong> critique<br />

générale, I, 1854, pp. 86 ss.). E Cohen consi<strong>de</strong>rou<br />

como C. fundamental a do sistema, porque<br />

a unida<strong>de</strong> do objeto, em que se funda a<br />

unida<strong>de</strong> da natureza, é uma unida<strong>de</strong> sistemática<br />

(Logik, p. 339). Mas, embora não tenha havido<br />

filósofo <strong>de</strong> inspiração kantiana que não tenha<br />

<strong>de</strong>sejado criar seu quadro <strong>de</strong> C, o conceito<br />

kantiano permaneceu inalterado para toda a<br />

parcela da <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna que se inspira em<br />

Kant. Todavia, esse conceito não é o único na<br />

<strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea. O conceito<br />

tradicional <strong>de</strong> C. como "<strong>de</strong>terminação do<br />

ser" foi retomado pelo i<strong>de</strong>alismo romântico e,<br />

em especial, por Hegel. Este consi<strong>de</strong>ra as C.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!