22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MATERIALISMO DIALÉTICO 651 MATERIALISMO DIALÉTICO<br />

Kõhler-gíaube und Wissenschaft, o naturalista<br />

Karl Vogt afirmava que "o pensamento está<br />

para o cérebro assim como a bílis está para o fígado<br />

ou a urina para os rins", afirmação que ia<br />

ao encontro <strong>de</strong> outra, feita pelo historiador e literato<br />

francês Hyppolite Taine, <strong>de</strong> que "o vício<br />

e a virtu<strong>de</strong> são produzidos como o vitríolo ou o<br />

açúcar, e cada dado complexo nasce do encontro<br />

<strong>de</strong> outros dados mais simples, dos quais<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>" (Ilistoíre <strong>de</strong> Ia littératmv anglaise.<br />

1863. Intr.). Outra forma mais atenuada ou, se<br />

quisermos, mais "nobre" da mesma doutrina<br />

diz que a consciência é o epifenômeno dos processos<br />

nervosos, no sentido que, enquanto é<br />

produzida por eles, não reage sobre eles mais<br />

do que a sombra reage sobre o objeto que a<br />

produz (Huxley, Clifford, Ribot). Em História<br />

doM. ( Geschicbte <strong>de</strong>s Materialismus. 1866), <strong>de</strong><br />

Y. A. Lange, a exposição do M. está centrada<br />

precisamente na sua forma psicofísica, na qual<br />

ele vê um salutar lembrete contra a pretensão<br />

<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r o saber humano além <strong>de</strong> certos limites.<br />

Segundo Lange, o M. renasce sempre<br />

que o homem esquece esses limites e preten<strong>de</strong><br />

dar valor objetivo a construções metafísicas<br />

que só têm valor <strong>de</strong> fantasia.<br />

Tanio em sua forma metafísica quanto na<br />

psicofísica, o M. da meta<strong>de</strong> do séc. XIX tem caráter<br />

romântico, pois não se limita a ser uma<br />

lese filosófica dotada <strong>de</strong> maiores ou menores<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> confirmação, mas preten<strong>de</strong><br />

ser doutrina <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>stinada a vencer a religião<br />

e a suplantá-la. Essa pretensão confere a<br />

tais doutrinas um tom violentamente polêmico<br />

e profético, transformado a "Ciência" na nova<br />

tábua da verda<strong>de</strong> absoluta. Essa atitu<strong>de</strong> recebeu<br />

o nome <strong>de</strong> cientificistno (v.) e constitui a<br />

vanguarda romântica da ciência do séc. XIX; o<br />

M. foi seu credo. Mas esse credo foi em parte<br />

<strong>de</strong>struído pela própria ciência, em virtu<strong>de</strong> da<br />

crise <strong>de</strong> sua concepção mecanicista nos últimos<br />

<strong>de</strong>cênios do séc. XIX.<br />

MATERIALISMO DIALÉTICO (in. Dialectical<br />

malerialism; fr. Matérialisme dialectique,<br />

ai. Dialektischer Materíalismus; it. Matéria-<br />

Usino dialettico). Enten<strong>de</strong>-se por essa expressão<br />

a <strong>filosofia</strong> oficial do comunismo enquanto teoria<br />

dialética da realida<strong>de</strong> (natural e histórica).<br />

Mais que <strong>de</strong> materialismo {\\), trata-se na realida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um dialetismo naturalista, cujos princípios<br />

foram propostos por Marx (v. DIALÉTICA),<br />

<strong>de</strong>senvolvidos por F.ngels e <strong>de</strong>pois, mais ou<br />

menos servilmente, seguidos pelos filósofos do<br />

mundo comunista, que são os únicos seguido-<br />

res <strong>de</strong>ssa <strong>filosofia</strong>. Segundo Engels. \ legel reconheceu<br />

perfeitamente as leis da dialética, mas<br />

consi<strong>de</strong>rou-as "puras leis do pensamento", já<br />

que não foram extraídas da natureza e da história,<br />

mas "concedidas a estas do alto, como leis<br />

do pensamento". Porém, "se invertermos as<br />

coisas, tudo se tornará simples: as leis da dialética<br />

que, na <strong>filosofia</strong> i<strong>de</strong>alista, parecem extremamente<br />

misteriosas, tornam-se logo simples<br />

e claras como o sol" (Anti-Dübhn}>, pref.). Segundo<br />

Engels, são três as leis: I a lei cia conversão<br />

da quantida<strong>de</strong> em qualida<strong>de</strong> e vice-versa;<br />

2 a lei da interpenetraçâo dos opostos; 3' lei da<br />

negação da negação. A primeira significa que<br />

na natureza as variações qualitativas só po<strong>de</strong>m<br />

ser obtidas somando-se ou subtraindo-se matéria<br />

ou movimento, ou seja, por meio <strong>de</strong> variações<br />

quantitativas. A segunda lei garante a unida<strong>de</strong><br />

e a continuida<strong>de</strong> da mudança incessante<br />

da natureza. A terceira significa que cada síntese<br />

é por sua vez a tese <strong>de</strong> uma nova antítese que<br />

dará lugar a uma nova síntese (ENGKI.S, Dialektik<br />

<strong>de</strong>rNatm; passim). Segundo Engels, esse conjunto<br />

<strong>de</strong> lei.s <strong>de</strong>termina a evolução necessária<br />

— e necessariamente progressiva — do mundo<br />

natural. A evolução histórica continua, com<br />

as mesmas leis, a evolução natural. O sentido<br />

global do processo é otimista. A organização<br />

da produção segundo um plano, como se realizará<br />

na socieda<strong>de</strong> comunista, <strong>de</strong>stina-se a elevar<br />

os homens acima do mundo animal, em<br />

termos sociais, tanto quanto o uso <strong>de</strong> instrumentos<br />

<strong>de</strong> produção o elevou em termos <strong>de</strong><br />

espécie. Como se vê, o M. dialético <strong>de</strong> Engels<br />

nada mais é que a teoria da evolução (que nos<br />

tempos <strong>de</strong> Engels festejava seus primeiros<br />

triunfos), interpretada em termos <strong>de</strong> fórmulas<br />

dialéticas hegelianas, com prognósticos extremamente<br />

otimistas.<br />

Costuma-se consi<strong>de</strong>rar que o materialismo<br />

histórico e o materialismo metafísico são partes<br />

integrantes do M. dialético. Sobre o primeiro, v.<br />

capítulo á parte. Quanto ao segundo, foi mais<br />

enfatizado por Lênin e pelos comunistas aissos<br />

do que Marx e Engels. Lênín assim resumia as teses<br />

do materialismo: "I a Há coisas que existem<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> nossa consciência, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> nossas sensações, fora<br />

<strong>de</strong> nós. 2 a Não existe e não po<strong>de</strong> existir diferença<br />

alguma <strong>de</strong> princípio entre o fenômeno e<br />

a coisa em si. A única diferença efetiva é a que<br />

existe entre o que é conhecido e o que ainda<br />

não o é. 3 a Sobre a teoria do conhecimento,<br />

como em todos os outros campos da ciência,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!