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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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POLÍTICA POLITICISMO<br />

Assim, Treitsehke esboçava a sua tarefa no seguinte<br />

sentido: "A tarefa da P. é tríplice: em<br />

primeiro lugar <strong>de</strong>ve investigar, através da<br />

observação do mundo real dos Estados, qual é<br />

o conceito fundamental <strong>de</strong> Estado; em segundo<br />

lugar, <strong>de</strong>ve indagar historicamente o que os povos<br />

quiseram, produziram e conseguiram e por<br />

que conseguiram na vida política: em terceiro<br />

lugar, fazendo isto, consegue <strong>de</strong>scobrir algumas<br />

leis históricas e estabelecer os imperativos<br />

morais" (Politik, 1897, intr.; trad. it., I, pp.<br />

2-3). Como já na obra <strong>de</strong> Treitsehke, a P. como<br />

teoria do Estado muitas vezes foi teoria do<br />

Estado como força, pois este é <strong>de</strong> fato o significado<br />

<strong>de</strong> qualquer divinização do Estado (v.).<br />

3 P A P. como arte e ciência <strong>de</strong> governo é o<br />

conceito que Platão expôs e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u em Político,<br />

com o nome <strong>de</strong> "ciência regia" (PoL.<br />

259 a-b), e que Aristóteles assumiu como terceira<br />

tarefa da ciência política. "Um terceiro<br />

ramo da investigação é aquele que consi<strong>de</strong>ra<br />

<strong>de</strong> que maneira surgiu um governo e <strong>de</strong> que<br />

maneira, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> surgir, pô<strong>de</strong> ser conservado<br />

durante o maior tempo possível" (Ibid., IV. 1,<br />

1288 b 27). Foi este o conceito <strong>de</strong> P. cujo realismo<br />

cru Maquiavel acentuou com as palavras<br />

famosas: "E muitos imaginaram repúblicas e<br />

principados que nunca foram vistos nem conhecidos<br />

como existentes. Porque é tanta a<br />

diferença entre como se vive e como se <strong>de</strong>veria<br />

viver, que quem <strong>de</strong>ixa o que faz pelo que <strong>de</strong>veria<br />

fazer apren<strong>de</strong> mais a arruinar-se do que a<br />

preservar-se, pois o homem que em tudo queira<br />

professar-se bom é forçoso que se arruine<br />

em meio a tantos que não são bons. Don<strong>de</strong> ser<br />

necessário ao príncipe que, <strong>de</strong>sejando conservarse,<br />

aprenda a po<strong>de</strong>r ser nào bom e a usar disso<br />

ou não usar, segundo a necessida<strong>de</strong>" (Pri)ic,<br />

XV). Neste sentido. Wolff <strong>de</strong>finia a P. como "a<br />

ciência <strong>de</strong> dirigir as ações livres na socieda<strong>de</strong><br />

civil ou no Estado" (Log., Disc, § 65). Esta é a<br />

ciência ou a arte política à qual se faz referência<br />

mais freqüentemente no discurso comum.<br />

Referindo-se justamente a este conceito, Kant<br />

dizia: "Embora a máxima 'A honestida<strong>de</strong> é a<br />

melhor P.' implique uma teoria infelizmente<br />

<strong>de</strong>smentida com freqüência pela prática, a máxima<br />

igualmente teórica 'A honestida<strong>de</strong> é melhor<br />

que qualquer P.' 6 imune a objeçòes; aliás<br />

é a condição indispensável da P." (Zum eicigen<br />

Fríe<strong>de</strong>n, Apêndice, I). Hegel. por outro lado,<br />

dizia: "Já se discutiu muito sobre a antítese entre<br />

moral e P. e sobre a exigência <strong>de</strong> a segunda<br />

conformar-se à primeira. Sobre i.s.so cumpre<br />

apenas notar, em geral, que o bem do Estado<br />

tem um direito completamente diferente do<br />

bem do indivíduo, e que a substância ética, o<br />

Estado, tem sua existência, seu direito, imediatamente<br />

numa existência concreta, e nào<br />

abstrata, e que somente essa existência concreta<br />

(e não uma das muitas proposições gerais.<br />

consi<strong>de</strong>radas como preceitos morais) po<strong>de</strong> ser<br />

o princípio <strong>de</strong> sua açào e <strong>de</strong> seu comportamento.<br />

Aliás, a visão do suposto erro que sempre<br />

<strong>de</strong>ve ser atribuído à P. nesta suposta antítese<br />

baseia-se na superficial ida<strong>de</strong> das concepções<br />

<strong>de</strong> moralida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> natureza do Estado e <strong>de</strong><br />

suas relações do ponto <strong>de</strong> vista moral" (EU. do<br />

d ir.. § 557). Estas palavras <strong>de</strong> Hegel outra coisa<br />

nào são senão a reiteração do princípio do maquiavelismo.<br />

O que Hegel chama <strong>de</strong> existência<br />

do Estado outra coisa nào é senão a realida<strong>de</strong><br />

efetiva <strong>de</strong> Maquiavel. que a P. <strong>de</strong>veria sempre<br />

ter presente. Apesar <strong>de</strong> Hegel ter <strong>de</strong>clarado<br />

superada a antítese entre P. e moral, o conflito<br />

entre as duas exigências ainda está vivo na<br />

prática política e na consciência comum, e as<br />

formas <strong>de</strong> equilíbrio, por elas alcançadas, ainda<br />

hoje são provisórias e instáveis.<br />

4- Finalmente, o quarto significado <strong>de</strong> P.<br />

começou a ser usado a partir <strong>de</strong> Comte, e i<strong>de</strong>ntifica-se<br />

com o <strong>de</strong> sociologia. Comte <strong>de</strong>u o nome<br />

<strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong> P. positiva (1851 -54) à sua obra<br />

máxima sobre sociologia, pois julgou que os<br />

fenômenos políticos, tanto em coexistência<br />

quanto em sucessão, estão sujeitos a leis invariáveis,<br />

cujo uso po<strong>de</strong> permitir influenciar esses<br />

mesmos fenômenos. Foi nesse sentido que<br />

G. Mosca enten<strong>de</strong>u por P. a ciência da socieda<strong>de</strong><br />

humana. Justificou esse termo da seguinte<br />

maneira: '•Chamamos <strong>de</strong> ciência política o estudo<br />

das tendências acima mencionadas ["leis ou<br />

tendências psicológicas constantes, às quais os<br />

fenômenos sociais obe<strong>de</strong>cem"! e escolhemos<br />

essa <strong>de</strong>nominação porque foi a primeira a ser<br />

usada na história do saber humano, porque<br />

ainda nào caiu em <strong>de</strong>suso e também porque a<br />

nova <strong>de</strong>nominação sociologia, adotada <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> Auguste Comte por muitos escritores, ainda<br />

nào tem significação bem <strong>de</strong>terminada e precisa,<br />

compreen<strong>de</strong>ndo, no uso comum, todas as<br />

ciências sociais (Elementos <strong>de</strong> ciência política.<br />

1922, I, 1, § II). Mas neste sentido o termo hoje<br />

é impróprio.<br />

POLITICISMO (fr. Politisme, ai. Politismus.<br />

it. Politicismo). A prevalência ou a excessiva<br />

importância que as exigências políticas às vezes<br />

assumem na vida mo<strong>de</strong>rna, em <strong>de</strong>trimento

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