22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CULTURA 229 CURSO DAS NAÇÕES<br />

termo irrevogável ao qual se chega por necessida<strong>de</strong><br />

interna" (Ibid., Intr., § 12).<br />

Essas observações, cuja valida<strong>de</strong> é comprometida<br />

pela falacida<strong>de</strong> da analogia entre organismo<br />

humano e grupo humano, sugerida a<br />

Spengler por seu biologismo explícito, só tiveram<br />

sucesso entre os representantes do profetismo<br />

contemporâneo. Mostraram, porém, a<br />

utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um termo como C. para indicar o<br />

conjunto dos modos cie vida <strong>de</strong> um grupo humano<br />

<strong>de</strong>terminado, sem referência ao sistema<br />

<strong>de</strong> valores para os quais estão orientados esses<br />

modos <strong>de</strong> vida. C, em outras palavras, é um<br />

termo com que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>signar tanto a civilização<br />

mais progressista quanto as formas <strong>de</strong><br />

vida social mais rústicas e primitivas. Nesse significado<br />

neutro, esse termo é empregado por<br />

filósofos, sociólogos e antropólogos contemporâneos.<br />

Tem ainda a vantagem <strong>de</strong> não privilegiar<br />

um modo <strong>de</strong> vida em relação a outro na<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um todo cultural. De fato, para<br />

um antropólogo, um modo rústico <strong>de</strong> cozer um<br />

alimento é um produto cultural tanto quanto<br />

uma sonata <strong>de</strong> Beethoven. As muitas <strong>de</strong>finições<br />

<strong>de</strong> C. hoje em dia só fazem dar expressões<br />

diversas a esses pontos básicos. Segundo Malinowski,<br />

a C. é "um composto integral <strong>de</strong> instituições<br />

parcialmente autônomas e coor<strong>de</strong>nadas"<br />

que, em seu conjunto, ten<strong>de</strong> a satisfazer<br />

toda a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s fundamentais,<br />

instrumentais e integrativas do grupo social<br />

(A Scientific Theory of Culture, 1944). Segundo<br />

Kluckhohn e Kelly, a C. é "um sistema<br />

histórico <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida explícitos e implícitos<br />

que ten<strong>de</strong>m a ser compartilhados por todos<br />

os membros <strong>de</strong> um grupo ou por membros<br />

especialmente <strong>de</strong>signados" (R. LINTON, The<br />

Science ofMan in the World Crisis, 1945). Para<br />

Coon, é "a soma total das coisas que as pessoas<br />

fazem como resultado do fato <strong>de</strong> terem sido<br />

assim ensinadas" (TheStoryo/Man, 1954). Para<br />

Linton, é "um grupo organizado <strong>de</strong> respostas<br />

aprendidas, características <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>"<br />

(The Tree of Culture, 1955). O caráter<br />

global (mas nem por isso sistemático) <strong>de</strong> uma<br />

C, na medida em que correspon<strong>de</strong> às necessida<strong>de</strong>s<br />

fundamentais <strong>de</strong> um grupo humano, a<br />

diversida<strong>de</strong> dos modos como as várias C. correspon<strong>de</strong>m<br />

a essas necessida<strong>de</strong>s e o caráter <strong>de</strong><br />

aprendizado ou transmissão da C, todos esses<br />

são traços característicos expressos por essas<br />

<strong>de</strong>finições e que se repetem em quase todas<br />

as <strong>de</strong>finições que hoje po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas<br />

válidas.<br />

CURIOSIDADE (ai. Neugier<strong>de</strong>). Juntamente<br />

com a tagarelice e o equívoco, é, segundo<br />

Hei<strong>de</strong>gger, uma das características essenciais<br />

da existência cotidiana: caracteriza-se pelo <strong>de</strong>sejo<br />

contínuo e sempre renovado <strong>de</strong> ver. A C.<br />

nada tem a ver com a admiração <strong>de</strong> quem<br />

inicia a busca nem com a perplexida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

quem não compreen<strong>de</strong>. Caracteriza-se pela impermanência<br />

no mundo circundante e pela<br />

dispersão em possibilida<strong>de</strong>s sempre novas,<br />

pelo que a curiosida<strong>de</strong> nunca está parada (Sein<br />

und Zeit, § 36).<br />

CURSO DAS NAÇÕES. Esse é o nome dado<br />

por Viço à "constante uniformida<strong>de</strong>" <strong>de</strong>monstrada,<br />

apesar da varieda<strong>de</strong> dos costumes, pela<br />

história dos diversos povos; a história dos povos<br />

po<strong>de</strong> ser dividida nas "três ida<strong>de</strong>s que, segundo<br />

os egípcios, haviam antes transcorrido<br />

em seu mundo: dos <strong>de</strong>uses, dos heróis e dos<br />

homens" (Scienza nuova, IV) (v. RETORNOS).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!