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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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PROPENSÃO 801 PROPOSIÇÃO<br />

parte introdutiva <strong>de</strong> uma ciência ou <strong>de</strong> um curso<br />

que sirva <strong>de</strong> preparação a outro curso.<br />

PROPENSÃO (lat. Propensio; in. Propensity;<br />

fr. Propension; ai. Neigung; it. Propensione).<br />

Tendência, no significado mais geral. Hume<br />

usava esse termo para <strong>de</strong>finir o costume:<br />

"Sempre que a repetição <strong>de</strong> um ato ou <strong>de</strong> uma<br />

ação particular produz P. para repetir esse ato<br />

ou ação sem a coação por raciocínio ou por<br />

processo intelectual, dizemos que essa P. é o<br />

efeito do costume'' (Inq. Cone. Un<strong>de</strong>rst., V., D.<br />

PROPORÇÃO. V. ANALOGIA.<br />

PROPOSIÇÃO (gr. 7ipÓTaoiç; lat. Propositio;<br />

in. Proposition; fr. Proposition; ai. Satz; it.<br />

Proposizione). Enunciado <strong>de</strong>clarativo ou aquilo<br />

que é <strong>de</strong>clarado, expresso ou <strong>de</strong>signado por<br />

tal enunciado. Os dois usos do termo foram<br />

nitidamente distinguidos por Carnap (Intr. to<br />

Semautics, 1941, § 37), mas ainda são freqüentemente<br />

confundidos, conquanto a distinção<br />

tenha sido amplamente aceita na lógica contemporânea<br />

(cf. CHURCH, Intr. to Mathematical<br />

Logic, § 04; W. KNKALE e M. KNKALF, The<br />

Development of Logic, pp. 49 ss.). Os dois usos<br />

são <strong>de</strong>terminados por dois conceitos diferentes<br />

<strong>de</strong> P., mais precisamente os seguintes: 1) P.<br />

como expressão verbal <strong>de</strong> uma operação mental,<br />

freqüentemente chamada <strong>de</strong> juízo. 2) P.<br />

como entida<strong>de</strong> objetiva ou valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um enunciado.<br />

1. A doutrina <strong>de</strong> que a P. é expressão verbal<br />

<strong>de</strong> uma operação mental foi formulada pela<br />

primeira vez por Aristóteles, para quem o conjunto<br />

((XVjLUTÀ.OKf|) dos termos (nome e verbo)<br />

do discurso <strong>de</strong>clarativo (À.óyoç ràrcxpavTiKÓç)<br />

correspon<strong>de</strong> a umpensamento(vór\[ia) inerente<br />

necessariamente ao ser verda<strong>de</strong>iro ou falso;<br />

portanto, "o verda<strong>de</strong>iro e o falso" versam sobre<br />

a composição e sobre a divisão (oúvôeoiç KOU<br />

Siaípeoiç) (De interpr., 1, 16 a 9 ss.). O discurso<br />

<strong>de</strong>clarativo é, assim, expressão <strong>de</strong> um<br />

pensamento que proce<strong>de</strong> compondo e dividindo:<br />

a composição dá origem à afirmação; a<br />

divisão, à negação (Ibid., 6, 17 a 23). Nos Analíticos<br />

(na teoria do silogismo), Aristóteles chamou<br />

o discurso <strong>de</strong>clarativo <strong>de</strong> "pratas is" (cujo equivalente<br />

latino é 'propositio'), ou seja, "premissa<br />

<strong>de</strong> raciocínio", <strong>de</strong>finindo-a como "o discurso<br />

que afirma ou que nega alguma coisa <strong>de</strong> alguma<br />

coisa" (An. pr. I, 1, 24 b 16), ou como "a<br />

asserção <strong>de</strong> um dos membros da contradição"<br />

(Ibid. II, 12, 77 a 37). Desse ponto <strong>de</strong> vista, a P.<br />

difere do problema (v.) apenas na forma, visto<br />

que, enquanto o problema consiste em pergun-<br />

tar (p. ex., o homem é um animal bípe<strong>de</strong> terrestre<br />

ou não?), a P. consiste na asserção (p.<br />

ex., o homem é um animal bípe<strong>de</strong> terrestre)<br />

ou na asserção contraditória (7b/?., I, 4101 b<br />

28). Porém, em qualquer caso, a verda<strong>de</strong> ou a<br />

falsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma P. <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do fato <strong>de</strong> a composição<br />

ou divisão dos termos nos quais consiste<br />

correspon<strong>de</strong>r ou não àquela que o intelecto<br />

encontra nas coisas existentes. Aristóteles<br />

diz: "Não és branco porque acreditemos que<br />

és branco, mas. por seres branco, dizemos a<br />

verda<strong>de</strong> ao afirmarmos isso. Se algumas coisas<br />

estão sempre unidas e não po<strong>de</strong>m ser divididas,<br />

e outras estão sempre divididas e não po<strong>de</strong>m<br />

estar unidas, se outras coisas ainda po<strong>de</strong>m ser<br />

compostas ou divididas, o 'ser' consistirá em<br />

ser combinado ou ser dividido, e o 'não ser'<br />

consistirá em ser dividido ou em ser várias<br />

coisas" (Mel., IX, 10, 1051 a 34). Ao<br />

combinar seus termos, a P. expressa a ação combinante<br />

ou dissociante do intelecto que se segue<br />

à combinação e à dissociação das coisas<br />

existentes.<br />

Essa doutrina conservou-se substancialmente<br />

inalterada na tradição antiga, exceção feita<br />

aos estóicos (e pela corrente aí iniciada), que<br />

introduziram a noção <strong>de</strong> enunciado(v.). A tradição<br />

medieval e boa parte da lógica mo<strong>de</strong>rna<br />

conservou-a. S. Tomás <strong>de</strong> Aquino dizia que a<br />

verda<strong>de</strong> e a falsida<strong>de</strong> estão no intelecto, porquanto<br />

este proce<strong>de</strong> compondo e dividindo:<br />

"<strong>de</strong> fato, em toda P. uma forma significada pelo<br />

predicado aplica-se a alguma coisa significada<br />

pelo sujeito ou se distancia <strong>de</strong>ssa coisa" (S. Th.,<br />

I, q. 16, a. 2). Na linha da lógica terminista,<br />

Ockham admitia uma "P. mental", que i<strong>de</strong>ntificava<br />

com ato do intelecto (liberperiermenias<br />

proemium), ainda que para ele a verda<strong>de</strong> da P.<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>sse da suppositio(\. abaixo, 2). A partir<br />

<strong>de</strong> Descartes o termo "P." é substituído pelo<br />

termo "juízo", porque a atenção da lógica filosófica<br />

estará cada vez mais concentrada na<br />

operação intelectual que encontra expressão<br />

na P. (v. Juízo, 4).<br />

Mas até mesmo Russell reduz a P. a atitu<strong>de</strong><br />

mental, embora a distinguindo do enunciado.<br />

Na verda<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ra-a como "crença" ou "atitu<strong>de</strong><br />

proposicional", e afirma que as P. <strong>de</strong>vem<br />

ser <strong>de</strong>finidas como eventos psicológicos (ou fisiológicos)<br />

<strong>de</strong> certa espécie: imagens complexas,<br />

expectativas, etc. Segundo Russell, isso é<br />

evi<strong>de</strong>nciado pelo fato <strong>de</strong> que as P. po<strong>de</strong>m ser<br />

falsas (An Inquiry into Meaning and Truth,

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