22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

HERMETISMO 498 HETEROGONIA DOS FINS<br />

HERMETISMO (in. Hermetism; fr. Hermétisme,<br />

ai. Hermetismus; it. Ermetismó). Indicase<br />

com este termo a doutrina filosófica contida<br />

em alguns textos místicos que apareceram no<br />

séc. I d.C. e chegaram até nós com o nome <strong>de</strong><br />

Hermes Trismegisto. Esses escritos ten<strong>de</strong>m a<br />

reintegrar a <strong>filosofia</strong> grega na religião egípcia.<br />

Hermes é i<strong>de</strong>ntificado com o <strong>de</strong>us egípcio<br />

Theut ou Thot. Esses textos são escritos em<br />

tom místico e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m contra o cristianismo o<br />

paganismo e as religiões orientais. No séc. XV,<br />

foram traduzidos para o latim por Marsílio<br />

Ficino e impressos pela primeira vez em 1471<br />

(Mercuri trismegisti liber <strong>de</strong> potestate et<br />

sapientia Dei, Treviso, 1471) .<br />

H. e o adjetivo "hermético" passam, pois, a<br />

<strong>de</strong>signar qualquer doutrina abstrusa, difícil ou<br />

acessível apenas a quem possua uma chave<br />

para interpretá-la.<br />

HERÓI (gr. fípCOÇ; lat. Heros; in. Hera, fr.<br />

Héros; ai. Heros; it. Eroé). Segundo Platão, os<br />

H. são semi<strong>de</strong>uses nascidos <strong>de</strong> um <strong>de</strong>us que<br />

se apaixonou por uma mulher mortal ou <strong>de</strong><br />

um homem mortal que se apaixonou por uma<br />

<strong>de</strong>usa (Crat,, 398c). Obviamente, com essa <strong>de</strong>finição<br />

Platão relegava a noção <strong>de</strong> H. à esfera<br />

do mito, assim como pertence ao mito a "ida<strong>de</strong><br />

dos H." <strong>de</strong> que falavam Hesiodo e o próprio<br />

Platão (v. IDADE); com isso, expungia essa noção,<br />

pelo menos implicitamente, do campo da<br />

<strong>filosofia</strong>. Aristóteles admitia essa expunção,<br />

quando observava: "Se houvesse duas categorias<br />

<strong>de</strong> homens tais que a primeira diferisse da<br />

segunda tanto quanto se julgava que os <strong>de</strong>uses<br />

e os heróis diferiam dos homens, sobretudo<br />

pela valentia física e pelas qualida<strong>de</strong>s da alma,<br />

então sem dúvida ficaria evi<strong>de</strong>nte a superiorida<strong>de</strong><br />

dos governantes sobre os governados,<br />

etc." (Pol., VII, 14, 1332b 17). Foi só com o Romantismo<br />

que se começou a acreditar na existência<br />

<strong>de</strong> indivíduos excepcionais, nos quais se<br />

encarna a Providência Histórica e que, portanto,<br />

estão <strong>de</strong>stinados a cumprir tarefas predominantes.<br />

Hegel vê nos heróis, ou "indivíduos da<br />

história do mundo", os instrumentos das mais<br />

altas realizações da história. São vi<strong>de</strong>ntes; sabem<br />

qual é a verda<strong>de</strong> do seu mundo e do seu<br />

tempo, qual é o conceito, o universal próximo<br />

a surgir; os outros reúnem-se em torno da ban<strong>de</strong>ira<br />

<strong>de</strong>les, porque eles exprimem aquilo cuja<br />

hora é chegada. Aparentemente, tais indivíduos<br />

(Alexandre, César, Napoleão) nada mais fazem<br />

que seguir sua própria paixão, sua própria ambição;<br />

mas, segundo Hegel, trata-se <strong>de</strong> astúcia<br />

da Razão-, esta utiliza os indivíduos e suas paixões<br />

como meios para realizar seus próprios<br />

fins. O indivíduo, em certo ponto, perece ou é<br />

levado à ruína pelo sucesso: a Idéia Universal,<br />

que provocara esse sucesso, já alcançou seu<br />

fim (Pbil. <strong>de</strong>r Geschichte, ed. Lasson, p. 83).<br />

Nos heróis, age a mesma necessida<strong>de</strong> da história,<br />

e por isso resistir a eles é inútil. "Eles são<br />

levados irresistivelmente a cumprir sua obra"<br />

ilbid., p. 77). Em conceito análogo inspirava-se<br />

T. Carlyle em sua obra Os heróis e o culto dos<br />

heróis e o heróico na história (1841): "A história<br />

universal, a história daquilo que o homem<br />

realizou neste mundo, substancialmente outra<br />

coisa não é senão a história dos gran<strong>de</strong>s homens<br />

que aqui agiram. Foram estes gran<strong>de</strong>s<br />

homens os lí<strong>de</strong>res da humanida<strong>de</strong>, os inspiradores,<br />

os campeões, e, lato sensu, os artífices <strong>de</strong><br />

tudo aquilo que a multidão coletiva dos homens<br />

cumpriu e conseguiu" (Heroes, liç. 1).<br />

Esse "culto dos Heróis", como Carlyle <strong>de</strong>nominava,<br />

tem dois pressupostos: 1 Q o caráter<br />

provi<strong>de</strong>ncial da história, que, segundo se crê,<br />

<strong>de</strong>stina-se a realizar um plano perfeito e infalível<br />

em cada uma <strong>de</strong> suas partes; 2 o o privilégio,<br />

concedido a alguns homens, <strong>de</strong> serem os principais<br />

instrumentos da realização <strong>de</strong>sse plano.<br />

Estas duas crenças constituem as características<br />

da concepção romântica da história; subsistem<br />

e caducam com ela (v. HISTÓRIA).<br />

HERÓICA, IDADE. V. IDADE.<br />

HERÓICO, FUROR. V. ENTUSIASMO.<br />

HETEROGENEIDADE, LEI DE. V. HOMO<br />

GENEIDADE.<br />

HETEROGONIA DOS FINS (ai. Heterogonie<br />

<strong>de</strong>rZweckê). Wundt batizou com o nome<br />

solene <strong>de</strong> "lei da H. dos fins" a observação não<br />

muito original <strong>de</strong> que os fins que a história realiza<br />

não são os mesmos que os indivíduos ou<br />

as comunida<strong>de</strong>s se propõem, mas resultam da<br />

combinação, da correlação e do conflito das<br />

vonta<strong>de</strong>s humanas entre si e com as condições<br />

objetivas {Ethik, 1886, p. 266; System <strong>de</strong>r Phil,<br />

1889, 1, p. 326; II, pp. 221 ss.). Po<strong>de</strong>mos lembrar<br />

que Viço expressara o mesmo conceito<br />

numa página famosa: "Porque os homens fizeram<br />

este mundo <strong>de</strong> nações (que foi o primeiro<br />

princípio incontestável <strong>de</strong>sta Ciência, <strong>de</strong>pois<br />

do que per<strong>de</strong>mos a esperança <strong>de</strong> reencontrá-la<br />

em filósofos e filólogos), mas esse mundo, sem<br />

dúvida, saiu <strong>de</strong> uma mente amiú<strong>de</strong> diferente e<br />

por vezes <strong>de</strong> todo contrária, e sempre superior,<br />

a esses fins particulares que os homens se haviam<br />

proposto; esses fins restritos, transforma-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!