22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CONTEXTUALISMO 200 CONTINGENTE<br />

Penguin Books, cap. V, p. 110). Em todo caso,<br />

é o conjunto lingüístico <strong>de</strong> que o enunciado<br />

faz parte e que condiciona seu significado (<strong>de</strong><br />

modos e em graus que po<strong>de</strong>m ser muito<br />

diferentes).<br />

CONTEXTUALISMO (in. Contextualism).<br />

Corrente do pragmatismo que acentua a mobilida<strong>de</strong><br />

temporal dos eventos e os consi<strong>de</strong>ra em<br />

estreita relação com os outros eventos que pertencem<br />

ao mesmo contexto. (Cf. S. C. PEPPER,<br />

Aesthetic Quality: A contextualistic Theory of<br />

Beauty, Nova York, 1938; L. E. HAHN, A Contextualistic<br />

Theory of Perception, Berkeley-Los<br />

Angeles, 1942).<br />

CONTIGÜIDADE, ASSOCIAÇÃO POR<br />

(in. Association by contiguity, fr. Association<br />

par contiguité, ai. Berührungs-Association; it.<br />

Associazione per contiguitã). Uma das formas<br />

<strong>de</strong> associação <strong>de</strong> idéias, conhecidas já por Aristóteles<br />

(De memória, 2, 451 b 20) (v. ASSOCIA-<br />

ÇÃO DE IDÉIAS).<br />

CONTINGENTE (lat. Contingens; in. Contingent;<br />

fr. Contingent; ai. Kontingent; it.<br />

Contingente). 1. Os escolásticos latinos traduziram<br />

por esse termo o aristotélico èvSe%ó|J.evov<br />

(De int., 12, 20 b 35). Boécio, a quem se <strong>de</strong>ve a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> boa parte da terminologia filosófica<br />

latina, já observava quepossibüe e contingens<br />

significam a mesma coisa, salvo talvez<br />

pelo fato <strong>de</strong> não existir o negativo <strong>de</strong> contingens,<br />

que <strong>de</strong>veria ser incontingens, assim<br />

como existe o negativo <strong>de</strong> possibüe, que é<br />

ímpossíbile(De interpretatione, [II], V; P. L, 64 Q ,<br />

col. 582-83). Todavia, na tradição escolástica, e<br />

sobretudo por influência da <strong>filosofia</strong> árabe, o<br />

termo C. passou a ter significado específico, diferente<br />

do que se enten<strong>de</strong> por "possível"; passou<br />

a significar aquilo que, embora sendo possível<br />

"em si", isto é, em seu conceito, po<strong>de</strong> ser<br />

necessário em relação a outra coisa, ou seja,<br />

àquilo que o faz ser. P. ex., um acontecimento<br />

qualquer do mundo é C. no sentido <strong>de</strong> que: I a<br />

consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> per si, po<strong>de</strong>ria verificar-se ou<br />

não; 1° verifica-se necessariamente pela sua<br />

causa. Desse ponto <strong>de</strong> vista, enquanto o possível<br />

não só não é necessário em si, mas tampouco<br />

é necessariamente <strong>de</strong>terminado a ser, o<br />

C. é o possível que po<strong>de</strong> ser necessariamente<br />

<strong>de</strong>terminado e, portanto, po<strong>de</strong> ser necessário.<br />

Por isso, a noção <strong>de</strong> C. é ambígua e pouco coerente,<br />

mas seu uso na <strong>filosofia</strong> antiga e mo<strong>de</strong>rna<br />

é bem gran<strong>de</strong>. Esse uso foi introduzido pelo<br />

necessitarismo árabe, especialmente por Avicena.<br />

"Se uma coisa não é necessária em rela-<br />

ção a si mesma", dizia Avicena, "é preciso que<br />

seja possível em relação a si mesma, mas necessária<br />

em relação a uma coisa diferente"<br />

(Met., II, 1, 2). O que é possível permanece<br />

sempre possível em relação a si mesmo, mas<br />

po<strong>de</strong> ocorrer que seja <strong>de</strong> modo necessário em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma coisa diferente <strong>de</strong> si (Ibid., II,<br />

2, 3). Desse modo, tudo o que existe, <strong>de</strong> Deus<br />

à coisa natural mais ínfima, existe necessariamente,<br />

segundo Avicena. Mas enquanto Deus<br />

e as realida<strong>de</strong>s primeiras são necessárias em<br />

si, as coisas finitas são necessárias "para outra<br />

coisa", já que em si mesmas são possíveis; e<br />

nesse sentido são contingentes. Essa noção não<br />

se alterou substancialmente em toda a <strong>filosofia</strong><br />

escolástica nem na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna, que, no<br />

entanto, utiliza-a muito menos. S. Tomás, que<br />

<strong>de</strong>fine o C. como possível, isto é, como "o que<br />

po<strong>de</strong> ser ou não ser", reconhece que nele já<br />

po<strong>de</strong>m ser encontrados elementos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong><br />

(S. Th., I, q. 86, a. 3). Duns Scot reproduz<br />

a noção <strong>de</strong> Avicena, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo-a da acusação<br />

<strong>de</strong> contradição (Op. Ox., 1, d. 8, q. 5, a. 2, n. 7).<br />

Essa noção reaparece com a clareza <strong>de</strong>sejável<br />

na doutrina <strong>de</strong> Spinoza: segundo ele uma coisa<br />

só po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada por um <strong>de</strong>feito <strong>de</strong><br />

nosso conhecimento (Et., I, 33, scol. 1), já que<br />

na realida<strong>de</strong>, nada há <strong>de</strong> C. e tudo é <strong>de</strong>terminado<br />

pela natureza divina para ser e para atuar <strong>de</strong><br />

certo modo (Ibid., I, 29). A Escolástica falava<br />

também <strong>de</strong> "verda<strong>de</strong>s C", que são as que se<br />

referem a eventos C. (p. ex., OCKHAM, In Sent.,<br />

prol., q. 1. Z). Leibniz dizia que as verda<strong>de</strong>s C.<br />

se distinguem das verda<strong>de</strong>s necessárias assim<br />

como os números incomensuráveis se distinguem<br />

dos comensuráveis, isto é, no sentido <strong>de</strong><br />

que, assim como é possível obter resolução<br />

dos números incomensuráveis à medida comum,<br />

também é possível obter a redução das<br />

verda<strong>de</strong>s necessárias a verda<strong>de</strong>s idênticas. Isso,<br />

porém, exigiria um progresso infinito para as<br />

verda<strong>de</strong>s C. (ou <strong>de</strong> fato), progresso que po<strong>de</strong><br />

ser efetuado somente por Deus (Op., ed.<br />

Erdmann, p. 83). Em sentido análogo, fala-se<br />

hoje <strong>de</strong> "contingência lógica", no sentido <strong>de</strong><br />

que não se po<strong>de</strong> comprovar se as proposições<br />

empíricas são verda<strong>de</strong>iras ou falsas a partir <strong>de</strong><br />

qualquer <strong>de</strong> seus caracteres lógicos: é o que faz<br />

C. I. Lewis (Analysis ofKnowledge and Valuation,<br />

p. 340). Carnap no mesmo sentido usa<br />

esse termo (Meaning and Necessity, § 39) (v.<br />

MODALIDADE; POSSÍVEL).<br />

2. Na <strong>filosofia</strong> contemporânea, sobretudo<br />

na francesa a partir da obra <strong>de</strong> Boutroux, A

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!