22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PESSOA PIETISMO<br />

Zur Met. <strong>de</strong>r Silteii, II), <strong>de</strong>clarava que a natureza<br />

cia P., do ponto <strong>de</strong> vista moral, consiste na<br />

relação intersubjetiva. No entanto, foi só com a<br />

fenomenologia que o conceito cie P. como heterorrelaçâo<br />

ingressa explicitamente na <strong>filosofia</strong>.<br />

Husserl, consi<strong>de</strong>rando o eu como o "pólo da<br />

vida intencional ativa e passiva e <strong>de</strong> todos<br />

os hábitos criados por ela" (Ccirt. Meei. § -t-í),<br />

acentuava essa relação com outra coisa, em<br />

que consiste a intencionalida<strong>de</strong>. Mas é sobretudo<br />

com Scheler que a P. 6 explicitamente <strong>de</strong>finida<br />

como "relação com o mundo". Segundo ele,<br />

a P. é <strong>de</strong>finida essencialmente por essa relação,<br />

assim como o eu 6 <strong>de</strong>finido pela relação com o<br />

inundo externo, o indivíduo pela relação com<br />

a socieda<strong>de</strong>, o corpo pela relação com o ambiente.<br />

Segundo Scheler, "o mundo nada mais<br />

é que correlação objetiva da P.; portanto, a cada<br />

P. individual correspon<strong>de</strong> um mundo individual"<br />

(Fonuaíísnuis. 1913, p- 408). As esferas objetivas<br />

que se po<strong>de</strong>m distinguir no mundo (objetos<br />

internos, objetos externos, objetos corpóreos,<br />

etc.) tornam-se concretos apenas enquanto partes<br />

<strong>de</strong> um mundo correlativo a uma I\. enquanto<br />

domínio das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação cia própria<br />

P. A P., neste sentido, não <strong>de</strong>ve ser confundida<br />

com a alma, com o eu ou com a consciência:<br />

um escravo, p. ex., é todas essas coisas, mas<br />

não é P. porque não tem possibilida<strong>de</strong> cie agir<br />

sobre o próprio corpo, e assim um elemento<br />

<strong>de</strong> seu mundo escapa-lhe (Ibid.. p. 499). "A P."<br />

— diz ainda Scheler— "só se dá on<strong>de</strong> se dá um<br />

po<strong>de</strong>r fazer por meio cio corpo, mais precisamente<br />

um po<strong>de</strong>r fazer que não se fundamenta<br />

apenas na lembrança cias sensações ocasionadas<br />

pelos movimentos externos e pelas experiências<br />

ativas, mas que prece<strong>de</strong> o agir efetivo<br />

{Ibid., p. 499). Não obstante os numerosos e<br />

nem sempre coerentes vaivéns metafísicos a<br />

que Scheler submeteu sua doutrina, seu conceito<br />

<strong>de</strong> P. como <strong>de</strong> "relação com o mundo" foi<br />

fecundo, inclusive porque assumido como ponto<br />

<strong>de</strong> partida da análise existencial <strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>gger<br />

(Sein und Zeit, § 10); esta se centrou precisamente<br />

no conceito da P. humana, <strong>de</strong> existência,<br />

como relação com o mundo.<br />

Ksse conceito <strong>de</strong> P., que, como vimos, não<br />

coinci<strong>de</strong> com o <strong>de</strong> eu, foi formulado em termos<br />

análogos e é geralmente empregado nas<br />

ciências sociais. A <strong>de</strong>finição habitualmente recorrente<br />

nessas ciências, <strong>de</strong> P. como "o indivíduo<br />

provido cie status social", faz referência à<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações sociais que constituem o<br />

status da pessoa. A consi<strong>de</strong>ração da P. como<br />

unida<strong>de</strong> individual, com a qual se licla no domínio<br />

consi<strong>de</strong>rado por essas ciências, correspon<strong>de</strong><br />

á mesma <strong>de</strong>terminação conceituai do<br />

termo como agente moral, sujeito <strong>de</strong> direitos<br />

civis e políticos ou, em geral, membro <strong>de</strong> um<br />

grupo social. O homem é P. porque, nos papéis<br />

que <strong>de</strong>sempenha, é essencialmente clefiido<br />

por suas relações com os outros.<br />

PESSOA JURÍDICA/CIVIL/COLETIVA (lat.<br />

Perso)ia civilis; in. Jurístícperson-, fr. Personne<br />

juridique: ai. Juristiscbe Person; it. Persona<br />

civilé). Segundo Hobbes. P. neste sentido é<br />

"aquilo a que se atribuem palavras e ações<br />

humanas, próprias ou alheias": se á P. são atribuídas<br />

ações próprias, trata-se <strong>de</strong> uma P. natural;<br />

se lhe são atribuídas ações alheias, trata-se<br />

<strong>de</strong> P. fictícia (De bom., 15, § 1). Esta <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> Hobbes é a mais genérica e ao mesmo tempo<br />

a mais exata das <strong>de</strong>finições da P. civil e<br />

jurídica já dada pelos filósofos. O próprio Hegel<br />

<strong>de</strong>fine a P. neste sentido como genérica "capacida<strong>de</strong><br />

jurídica" (/•'//. do dir, § 36).<br />

PETIÇÃO DE PRINCÍPIO (lat Petitio<br />

principií). É a conhecidíssima falácia (v.). já<br />

analisada por Aristóteles ( Top., VIII, 13, 162 b; El.<br />

so/., 5, 167 b; An. pr.. II, 16, 64 b), que consiste<br />

em pressupor, na <strong>de</strong>monstração, um equivalente<br />

ou sinônimo do que se quer <strong>de</strong>monstrar (cf.<br />

PEDRO HISPANO, Smnm. log., 7 x3). G. P-<br />

PICNÁTOMOS (ai. Pyknatomen). Foi esse<br />

o nome que Haeckel <strong>de</strong>u aos átomos, dotados<br />

<strong>de</strong> movimento e sensibilida<strong>de</strong>, que ele julgava<br />

elementos constitutivos <strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong><br />

ser, por serem produzidos por con<strong>de</strong>nsação<br />

(piçnose) da matéria primitiva (WKLTRATSKL.<br />

1899; trad. it.. 1904. p. 296 ss.).<br />

PIEDADE. V. COMPAIXÃO.<br />

PIETISMO (in. Pietism; fr. Piétisme; ai.<br />

Pieiisnut; it. PietisDio). Reação contra a ortodoxia<br />

protestante que ocorreu no norte da Europa,<br />

especialmente na Alemanha, na segunda<br />

meta<strong>de</strong> do séc. XVII. Foi comandada por Felipe<br />

Spener (1635-1705), e um <strong>de</strong> seus expoentes<br />

foi o pedagogo August Franke (1663-1727). O<br />

P. pretendia voltar ás teses originais da Reforma<br />

protestante: livre interpretação da Bíblia e<br />

negação da teologia; culto interior ou moral <strong>de</strong><br />

Deus e negação do culto externo, dos ritos e <strong>de</strong><br />

qualquer organização eclesiástica; compromisso<br />

com a vida civil e negação do valor das <strong>de</strong>nominadas<br />

"obras" cie natureza religiosa. Deste<br />

último aspecto <strong>de</strong>riva a aceitação <strong>de</strong> muitos<br />

ensinamentos <strong>de</strong> caráter prático e utilitário nas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!