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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SER 879 SER<br />

«'("Homero é") (Deint., II, 21 a 25); eomo diferença<br />

entre "S. alguma coisa" e "S. absolutamente<br />

1 ' (El. sof., 5, 167 a 1). Na diferença entre<br />

S. predicativo e S. existencial baseia-se ainda a<br />

distinção aristotélica entre tese e hipótese,<br />

como premissas cio silogismo: a primeira não<br />

assume a existência do objeto a que se refere; a<br />

segunda, sim (An. post., 1, 2, 72 a 18).<br />

A diferença entre esses dois significados <strong>de</strong><br />

S. permanece constante na tradição filosófica<br />

posterior a Aristóteles. S. Tomás afirma: "S.<br />

tem dois significados: num modo significa o<br />

ato <strong>de</strong> S.: no outro significa a composição da<br />

proposição que o homem encontra ao juntar o<br />

predicado ao sujeito" (S. Th., 1, q. 3, a. 4; cf.<br />

De ente, 1). Na lógica terminista medieval distinguia-se<br />

o verbo S. como segundo constituinte<br />

(secundo adiacens) da proposição, do verbo<br />

S. que aparece como terceiro constituinte<br />

(tertio adiacens), em função predicativa ou <strong>de</strong><br />

cópula (OCKIIAM, Summa log., II, 1; ALBERTO<br />

131- SAXÔNIA, Lógica, I, 5). Kant estabeleceu a<br />

distinção entre a posição predicativa ou relativa,<br />

expressa pela cópula <strong>de</strong> um juízo, e a<br />

posição absoluta ou existencial, com que se<br />

põe a existência da coisa (Der einzig móglíche<br />

Beweisgrund ztt einer Demonstration <strong>de</strong>s<br />

Daseins Gottes, 1763. § 2). Na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna<br />

e contemporânea, essa distinção é lugar-comum,<br />

embora nem sempre seja explicitamente<br />

formulada. Na evolução sofrida pelas<br />

interpretações <strong>de</strong>sses dois significados <strong>de</strong> S.<br />

ao longo da história, po<strong>de</strong>-se perceber uma<br />

correspondência entre as interpretações do<br />

primeiro significado e as do segundo. Contudo,<br />

por uma questão <strong>de</strong> clareza, o estudo <strong>de</strong><br />

cada uma <strong>de</strong>las <strong>de</strong>verá ser feito em separado.<br />

1'-' Significado predicativo. Nas interpretações<br />

do significado predicativo é possível distinguir<br />

três doutrinas fundamentais: ^4) inerência;<br />

B) i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (ou suposição); O relação.<br />

A) Segundo a doutrina da inerência, S., na<br />

relação predicativa, significa pertencer ou inerir<br />

(gr. ÚTiáp/etV; kit. Inesse). "Sócrates é homem"<br />

significa que a Sócrates inere a essência homem;<br />

"a rosa é vermelha" significa que à rosa<br />

pertence a qualida<strong>de</strong> vermelho, e assim por<br />

diante. O fundamento <strong>de</strong>ssa doutrina é a teoria<br />

aristotélica da substância (v.). De fato. as relações<br />

<strong>de</strong> inerência qtie po<strong>de</strong>m ser expressas<br />

pelo verbo S. são esclarecidas e distinguidas<br />

por Aristóteles com base nas relações entre a<br />

substância e sua essência necessária, ou entre<br />

a substância e suas outras <strong>de</strong>terminações catego-<br />

riais ou aci<strong>de</strong>ntais. Aristóteles diz: "Inerir, inerir<br />

necessariamente e inerir possivelmente são<br />

coisas diferentes" (An. pr, 1, 8, 29b 28). Inerência<br />

necessária é a da essência necessária<br />

(expressa pela <strong>de</strong>finição) à coisa da qual é<br />

essência; inerir ou inerir possivelmente é referir-se<br />

à coisa com uma qualida<strong>de</strong>, quantida<strong>de</strong><br />

ou qualquer outra das <strong>de</strong>terminações categoriais<br />

não incluídas na <strong>de</strong>finição da coisa ou puramente<br />

aci<strong>de</strong>ntais. Este é o significado da distinção<br />

aristotélica entre S. necessário (ou por si)<br />

e S. aci<strong>de</strong>ntal. "Em sentido aci<strong>de</strong>ntal, dizemos,<br />

p. ex., que o justo é músico, que o homem é<br />

músico e que o músico é homem, ou dizemos<br />

que o músico constrói quando acontece <strong>de</strong> o<br />

construtor ser músico ou <strong>de</strong> o músico ser construtor:<br />

em todos esses casos, dizer 'isto é aquilo'<br />

significa 'A isto acontece aquilo'"(Afe/., V, 7,<br />

101 7 a 7). Ao contrário, a inerência necessária<br />

ou por si não tem caráter aci<strong>de</strong>ntal, e, mesmo<br />

ao especificar-se segundo as categorias, seu<br />

principal fundamento é a substância. Aristóteles<br />

diz: "Assim como 'é'inere a todas as coisas<br />

<strong>de</strong> modos diferentes, pois a algumas inere <strong>de</strong><br />

modo primário e a outras <strong>de</strong> modo secundário,<br />

também o" o quê' [essencial inere absolutamente<br />

à substância e só <strong>de</strong> certo modo às outras coisas.<br />

A respeito <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos até<br />

perguntar o que ela é, e por isso até uma qualida<strong>de</strong><br />

é exemplo <strong>de</strong> essência, mas não <strong>de</strong> modo<br />

absoluto. Assim, alguns afirmam que, por lógica,<br />

o nâo-S. é, todavia não é <strong>de</strong> modo simples,<br />

mas apenas como nâo-S.: o mesmo se diga da<br />

qualida<strong>de</strong>" Ubid., VII, 4, 1030 a 22). Portanto,<br />

segundo Aristóteles, o S. predicativo expressa<br />

a inerência ao sujeito <strong>de</strong> sua essência necessária,<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações categoriais (que, embora<br />

não pertencendo à essência, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>la)<br />

ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações aci<strong>de</strong>ntais. Esse significado<br />

<strong>de</strong> S. tem um sentido privilegiado, que é o inerir<br />

substancial, ou seja, o inerir da essência necessária<br />

(expressa pela <strong>de</strong>finição) à substância<br />

<strong>de</strong>finida. "Sócrates é animal bípe<strong>de</strong>" é um caso<br />

<strong>de</strong> inerência predicativa privilegiada se "animal<br />

bípe<strong>de</strong>" é <strong>de</strong>finição do homem, porque é<br />

a inerência da essência necessária à substância.<br />

As outras <strong>de</strong>terminações, como p. ex. "Sócrates<br />

é filósofo", constituem casos <strong>de</strong> inerência secundária<br />

ou aci<strong>de</strong>ntal.<br />

As características fundamentais <strong>de</strong>sse conceito<br />

do ser predicativo são: 1 L> sua redução a<br />

um tipo único <strong>de</strong> relação, qualificada como<br />

pertença ou inerência; 2 B privilégio concedido<br />

à forma necessária <strong>de</strong>ssa relação, ou seja, à for-

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