22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSCIENCIALISMO 196 CONSEQÜÊNCIA<br />

mo torna-se dramática na Ida<strong>de</strong> Medieval,<br />

como oposição entre duas C, uma imutável,<br />

que é a divina, e outra mutável, que é a humana.<br />

Esse contraste constitui a C. infeliz, que é<br />

"a C. <strong>de</strong> si como da essência duplicada e ainda<br />

totalmente enredada na contradição". A infelicida<strong>de</strong><br />

da C. consiste, pois, no fato <strong>de</strong> que a C.<br />

não se reconhece como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas duas C.<br />

e, por isso, não se i<strong>de</strong>ntifica com a C. imutável.<br />

A <strong>de</strong>voção é a primeira tentativa <strong>de</strong> superar a<br />

contradição, subordinando a C. mutável à imutável,<br />

da qual a primeira preten<strong>de</strong> receber tudo<br />

<strong>de</strong> presente. O ápice da <strong>de</strong>voção é o ascetismo,<br />

em virtu<strong>de</strong> do qual a C. reconhece a infelicida<strong>de</strong><br />

e a miséria da carne e ten<strong>de</strong> a libertar-se<br />

<strong>de</strong>la, unificando-se com a C. imutável (Deus).<br />

Mas com essa unificação termina o ciclo da C.<br />

infeliz porque, reconhecendo-se como C. imutável,<br />

a C. reconheceu-se por aquilo que é,<br />

isto é, como Espírito ou "Sujeito Absoluto"<br />

(Phánomen. <strong>de</strong>s Geistes, I, IV, B; trad. it., pp.<br />

185 e ss.). Essa figura exprime bem o princípio<br />

da <strong>filosofia</strong> hegeliana, segundo o qual a realida<strong>de</strong><br />

é a C. como substância racional infinita,<br />

don<strong>de</strong> C. "pacificada" ou "feliz" é só aquela que<br />

se reconheceu como totalida<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong>.<br />

CONSCIENCIALISMO (in. Conscientialísm;<br />

fr. Conscientialisme, ai. Konscientialisms;<br />

it. Coscienzialísmó). Esse termo provavelmente<br />

foi criado por Külpe (Die Realísíerung, 1912)<br />

para indicar a doutrina que reduz a realida<strong>de</strong> a<br />

objeto <strong>de</strong> consciência. Nesse sentido, esse termo<br />

eqüivaleria a i<strong>de</strong>alismo. É mais comum falar-se<br />

hoje <strong>de</strong> C. com referência a doutrinas<br />

que tomem a consciência como ponto <strong>de</strong> partida<br />

da <strong>filosofia</strong>, isto é, que consi<strong>de</strong>rem como<br />

tarefa ou método da <strong>filosofia</strong> a introspecção, a<br />

reflexão sobre si mesmo, a reflexão interna ou<br />

a experiência interna: coisas estas que significam<br />

toda consciência.<br />

CONSCIENTE (lat. Conscius; in. Conscious;<br />

fr. Conscient; ai. Bewusst; it. Coscienté). Esse<br />

adjetivo é comumente empregado no sentido <strong>de</strong><br />

consciência 1 (v.); seu uso filosófico, porém,<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao do termo "consciência 2 ": daí,<br />

p. ex., "espírito consciente" significar a atitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> auto-reflexão <strong>de</strong> busca interior.<br />

CONSENSO UNIVERSAL (lat. Consensus<br />

gentium). Na obra <strong>de</strong> Aristóteles é comum a<br />

referência à "opinião <strong>de</strong> todos" como prova ou<br />

contraprova da verda<strong>de</strong>; em Ética a Nicômaco,<br />

(X, 2, 1.172 b 36) diz explicitamente: "Aquilo<br />

em que todos consentem, dizemos que assim<br />

é, já que rejeitar semelhante crença significa re-<br />

nunciar ao que é mais digno <strong>de</strong> fé". Os estóicos,<br />

por sua vez, insistiram no valor do C. universal,<br />

don<strong>de</strong> a importância que tiveram para<br />

eles as "noções comuns", pelo fato <strong>de</strong> se formarem<br />

igualmente em todos os homens, ou<br />

naturalmente ou por efeito da educação (DIÓG.<br />

L, VII, 51). Todavia, só os Ecléticos fizeram do<br />

C. comum o critério da verda<strong>de</strong>; Cícero exprimia<br />

o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>les quando dizia: "Em<br />

todos os assuntos, o C. <strong>de</strong> todas as gentes <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rado lei natural" (Tusc, I, 13, 30). A<br />

<strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna, que tem Descartes como ponto<br />

<strong>de</strong> partida, preten<strong>de</strong>u instaurar uma crítica<br />

radical do saber comum e, por isso, não viu<br />

mais no C. comum, que sustenta esse saber, garantia<br />

ou valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Portanto, só raramente<br />

recorre ao consensus gentium. Isso se<br />

observa na escola escocesa do Senso Comum,<br />

encabeçada por Tomás Reid (1710-96). Opõese<br />

sobretudo ao cetismo <strong>de</strong> Hume, e para<br />

superá-lo recorre ao C. universal, que apoiaria<br />

as idéias, criticadas por Hume, <strong>de</strong> substância,<br />

causa, etc. (Indagação sobre o espírito humano<br />

segundo os princípios do senso comum, 1764)<br />

(v. SENSO COMUM). O recurso ao C. comum muitas<br />

vezes constitui uma prova da existência <strong>de</strong><br />

Deus (v. DEUS, PROVAS DE). Por outro lado também<br />

serviu <strong>de</strong> fundamento à noção <strong>de</strong> direito<br />

natural (v. DIREITO). Mas estes e outros usos<br />

eventuais não modificam a substância da noção,<br />

que é a tentativa <strong>de</strong> colocar ao abrigo da<br />

crítica conhecimentos ou preconceitos julgados<br />

absolutamente válidos, mas cuja efetiva universalida<strong>de</strong><br />

seria muito difícil provar.<br />

CONSEQÜÊNCIA (gr. àKOÂ,O"U0íoc; lat. Consequentia;<br />

in. Consequence, fr. Conséquence,<br />

ai. Konsequenz; it. Conseguenza). Embora<br />

Aristóteles utilize o verbo correspon<strong>de</strong>nte a<br />

esse substantivo para significar que a conclusão<br />

segue-se das premissas do silogismo (v.),<br />

esse termo foi introduzido pelos estóicos para<br />

indicar a proposição condicional (v. CONDICIO-<br />

NAL). O latim consequentia foi introduzido por<br />

Boécio como sinônimo <strong>de</strong> "proposição hipotética"<br />

(condicional). Segundo ele, a C. po<strong>de</strong><br />

ser aci<strong>de</strong>ntal, como quando se diz "Quando o<br />

fogo é quente, o céu é redondo", ou natural,<br />

como quando se diz "Se a Terra ficar do lado<br />

oposto, haverá eclipse da Lua". Neste último<br />

exemplo, a C. apóia-se na "posição dos termos",<br />

no sentido <strong>de</strong> que o fato <strong>de</strong> a Terra<br />

estar em oposição é a causa do eclipse da Lua<br />

(De Syllogismis Hypotheticis, P. L. 640, 835 B).<br />

Abelardo reserva o termo C. para as conexões

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!