22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

OUTRO 736 OUTRO, PROBLEMA DO<br />

mas consi<strong>de</strong>rações sobre o O." {Versuch einigerBetrachtungen<br />

über<strong>de</strong>n Oplimismus) (que<br />

<strong>de</strong>pois repudiou), em que <strong>de</strong>fendia a bonda<strong>de</strong><br />

do mundo com base na tese leibniziana <strong>de</strong> que<br />

"quando Deus faz uma escolha, escolhe sempre<br />

o melhor". Como dizia Voltaire, o O. outra<br />

coisa não 6 senão a teoria do finalismo universal.<br />

Assim, em seu romance, o Doutor Pangloss,<br />

mestre <strong>de</strong> "metafísico-teólogo-cosmolonigologia"<br />

diz: "Está <strong>de</strong>monstrado que as coisas não<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> outra maneira: visto que tudo foi<br />

feito para um fim, tudo se dirige necessariamente<br />

ao melhor fim. Notai que o nariz foi<br />

feito para suportar lentes e por isso usamos<br />

lentes". Leibniz dissera que "Deus escolheu o<br />

mundo mais perfeito, ou seja, o mais simples<br />

em hipóteses e ao mesmo tempo o mais rico<br />

em fenômenos" (Disc. <strong>de</strong> mét. § 6), e que, "se<br />

no mundo não houvesse o mínimo mal, não<br />

seria mais o mundo que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo consi<strong>de</strong>rado<br />

e somado, foi julgado o melhor pelo<br />

criador que o escolheu" (Théod., I, 9). Isto po<strong>de</strong><br />

ser expressei pela frase com que Cândido constantemente<br />

conclui suas infelizes peripécias<br />

("Vivemos no melhor dos mundos possíveis"),<br />

que se tornou a expressão popular do otimismo.<br />

O O. é característico das doutrinas que admitem<br />

o finalismo universal, especialmente: 1 L><br />

as doutrinas espiritualistas <strong>de</strong> fundo teológico,<br />

tais como a metafísica aristotélica e a escolástica,<br />

o leibnizianismo e as formas mo<strong>de</strong>rnas e<br />

contemporâneas do consciencialismo espiritualista;<br />

2 Q das doutrinas i<strong>de</strong>alistas (no sentido<br />

romântico do termo), que compartilham o<br />

princípio da coincidência entre realida<strong>de</strong> e<br />

racionalida<strong>de</strong> (expresso por Voltaire com a frase<br />

"as coisas não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> outro modo"),<br />

tipificadas pela doutrina <strong>de</strong> Hegel. O oposto do<br />

O. não é o pessimismo, que, na formulação <strong>de</strong><br />

Schopenhauer, apesar <strong>de</strong> apregoar que "a vida<br />

é dor", julga que o mundo está organizado com<br />

vistas à melhor or<strong>de</strong>m (Die Welt, I, § 28), mas<br />

sim a negação do finalismo, com o reconhecimento<br />

do caráter imperfeito, aci<strong>de</strong>ntal e problemático<br />

das or<strong>de</strong>ns observáveis no universo.<br />

OUTRO (gr. Gtíxripov; in. Othen fr. Autre,<br />

ai. An<strong>de</strong>re-, it. Allro). Um dos cinco gêneros<br />

supremos do ser, enunciados por Platão em<br />

Sofista, e que são: o ser, o repouso, o movimento,<br />

o idêntico e o O. O motivo para admitir<br />

o O. como um gênero à parte é o seguinte: o<br />

repouso e o movimento são-, portanto, sob o<br />

aspecto do ser, são idênticos. Mas também são<br />

diferentes um do outro, e essa diversida<strong>de</strong> é<br />

exatamente como é a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (<strong>de</strong>vida<br />

ao fato <strong>de</strong> que ambos são). O O. (o diferente)<br />

é, portanto, um gênero igualmente originário e<br />

irredutível aos outros quatro (Sof., 254 ss.). O reconhecimento<br />

do O. como gênero supremo é<br />

muito importante, pois permite que Platão resolva<br />

a antinomia (típica da sofistica e da erístíca<br />

[v.]), segundo a qual é impossível dizer o falso<br />

porque o falso é o que não é, e dizer o que não<br />

é significa dizer nada, ou seja, não dizer. Desse<br />

ponto <strong>de</strong> vista, o erro <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>clarado<br />

inexistente, e não haveria sequer diferença possível<br />

entre o filósofo, que se preocupa em estabelecer<br />

a distinção entre verda<strong>de</strong> e erro, e o<br />

sofista, que não se preocupa com isso. Admitido,<br />

porém, o O. como gênero supremo, o nàoser<br />

po<strong>de</strong>rá ser interpretado: não como o nada,<br />

mas como o O. do ser, mais precisamente do<br />

ser <strong>de</strong> que se fala; p. ex., dizer que algo é não<br />

gran<strong>de</strong> ou não belo significa dizer que é O.,<br />

diferente do gran<strong>de</strong> e do belo, mas nem por<br />

isso é o oposto do ser, o nada (Ibid., 257 b ss.).<br />

Essa afirmação da realida<strong>de</strong> do nào-ser, enquanto<br />

O. ou diferente, é apresentada pelo Estrangeiro<br />

eleata, principal protagonista do Sofista, como<br />

uma espécie^ <strong>de</strong> "parricídio" em relação a Parmêni<strong>de</strong>s,<br />

que afirmara que só o ser é, e qtie o<br />

não ser não é (Ibid., 242 d). Essas observações<br />

<strong>de</strong> Platão, sobretudo sobre a categoria do O.,<br />

<strong>de</strong>pois foram empregadas com freqüência para<br />

esclarecer a noção <strong>de</strong> nada (v.).<br />

OUTRO, PROBLEMA DO (in. Problem of<br />

others; fr. Problème <strong>de</strong> 1'autre-, ai. Problem von<br />

frem<strong>de</strong>n lchen, it. Problema <strong>de</strong>llaltro). Na <strong>filosofia</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna e contemporânea, essa expressão<br />

indica o problema da existência <strong>de</strong> outros eus<br />

(espíritos ou pessoas), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do eu<br />

que formula o problema. Esse problema nasce<br />

<strong>de</strong> dois pontos <strong>de</strong> vista diferentes, mas vinculados<br />

por alguns pressupostos comuns. O primeiro<br />

é o do i<strong>de</strong>alismo romântico (v.) segundo o<br />

qual, sendo a realida<strong>de</strong> um Princípio Infinito e<br />

universal (p. ex.. o Eu Absoluto <strong>de</strong> Fichte), é<br />

preciso ver <strong>de</strong> que modo ela se rompe ou se<br />

multiplica na diversida<strong>de</strong> dos eus singulares. O<br />

segundo é o ponto <strong>de</strong> vista genericamente i<strong>de</strong>alista<br />

e espiritualista, segundo o qual originariamente<br />

é dado a cada um <strong>de</strong> nós somente o eu<br />

e as suas experiências psíquicas, <strong>de</strong>ntre as quais<br />

algumas (uma parte apenas) se refeririam a<br />

outros indivíduos.<br />

Fichte respon<strong>de</strong>u ao primeiro problema, em<br />

Doutrina moral (1798), afirmando o caráter

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!