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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SIGNO 895 SIGNO<br />

permite chegar a conhecer alguma outra coisa"<br />

(Sumr)ia log., I, 1). e fez a distinção entre S.<br />

natural, que é o conceito (ou intenção cia alma)<br />

enquanto produzido pela própria coisa do mesmo<br />

modo como a fumaça é produzida pelo<br />

fogo. e S. convencional, instituído arbitrariamente,<br />

que é a palavra Ubid., I. 14). A <strong>filosofia</strong><br />

inglesa dos sécs. XVII e XVIII valeu-se amplamente<br />

da noçào <strong>de</strong> S.. mas não o <strong>de</strong>finiu <strong>de</strong><br />

maneira nova. Hobbes dizia: "S. 6 o antece<strong>de</strong>nte<br />

evi<strong>de</strong>nte do conseqüente ou, ao contrário, o<br />

conseqüente do antece<strong>de</strong>nte quando antes já<br />

tiverem sido observadas conseqüências semelhantes;<br />

quanto mais vezes tiverem sido observadas,<br />

tanto menos incerto será o S." (I.eviatb..<br />

I, 3). Berkeley utilizou a noçào <strong>de</strong> S. para <strong>de</strong>finir<br />

a função das idéias gerais, eme seriam idéias<br />

particulares "adotadas para representar ou<br />

substituir outras idéias particulares do mesmo<br />

tipo" (Principies of Human Knouiedge.<br />

Intr., § 12). No último capítulo cie Ontologia.<br />

Wolff apresenta uma doutrina lúcida e incisiva<br />

do S., <strong>de</strong>fininclo-o como "um ente do qual<br />

se infere a presença ou a existência passada<br />

ou futura <strong>de</strong> outro ente" (Ont.. § 952) e distinguindo,<br />

conseqüentemente, o S. <strong>de</strong>monstra/ii'o,<br />

que indica um objeto presente <strong>de</strong>signado, o<br />

S. prognóstico, cujo ser <strong>de</strong>signado é futuro, e o<br />

S. rememoratiro, cujo ente <strong>de</strong>signado é passado<br />

(Ihid., § 954). Com base nesses conceitos, é<br />

óbvio que qualquer procedimento cognoscitivo<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado semiológico. Km<br />

oposição a isso, Kant consi<strong>de</strong>rou, por um lado.<br />

as palavras e os S. visíveis (algébricos. numéricos,<br />

etc.) como simples expressões dos conceitos,<br />

ou seja, como "caracteres sensíveis que <strong>de</strong>signam<br />

conceitos e servem apenas como meios<br />

subjetivos <strong>de</strong> reprodução, e. por outro lado, os<br />

símbolos como representações analógicas, infra-intelectuais,<br />

dos objetos intuídos (Crít. do<br />

Juízo, § 59; Antr., I, 38). Portanto, segundo<br />

Kant, "quem só sabe expressar-se <strong>de</strong> modo<br />

simbólico tem poucos conceitos intelectuais, e<br />

aquilo que freqüentemente se admira na vivida<br />

expressivida<strong>de</strong> presente nos discursos cios selvagens<br />

(e às vezes também dos supostos sábios<br />

<strong>de</strong> um povo ru<strong>de</strong>) não passa <strong>de</strong> pobreza<br />

<strong>de</strong> idéias, portanto também <strong>de</strong> palavras para<br />

expressá-las" (Ibicl., 38). No entanto, os kantianos<br />

não foram tão contrários quanto seu<br />

mestre a reduzir qualquer conhecimento ao<br />

uso <strong>de</strong> signos. H. Helmholtz consi<strong>de</strong>rava as<br />

sensações como sinais produzidos em nossos<br />

órgãos dos sentidos pela ação <strong>de</strong> forças exter-<br />

nas, e atribuía a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses S. ao fato <strong>de</strong><br />

terem entre si uma or<strong>de</strong>m que reproduz a<br />

or<strong>de</strong>m existente entre as coisas, e não o fato<br />

<strong>de</strong> serem semelhantes às coisas (Die Tatsachen<br />

in <strong>de</strong>r Wabniehmung, 1879). Na mesma linha<br />

<strong>de</strong> pensamento. E. Cassirer estudou as formas<br />

simbólicas da vida humana e seu significado<br />

conceituai (Die Philosophie <strong>de</strong>r symboliscben<br />

formen, 3 vol., 1923-29), e chamou o homem<br />

<strong>de</strong> animal syuibolicum (Kssay on Man, 1944,<br />

cap. II; trad. it., p. 49).<br />

Quando, por influência da lógica matemática,<br />

a teoria dos S. volta a ser estudada na <strong>filosofia</strong><br />

contemporânea, seus traços fundamentais<br />

não variam, mas é-lhe acrescentada outra or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações, mais precisamente as<br />

que se incluem na chamada pragmática (v.).<br />

vale dizer, as que concernem à relação do S.<br />

com seus intérpretes. Po<strong>de</strong>-se dizer que. <strong>de</strong>sse<br />

ponto <strong>de</strong> vista, o objeto da semiótica, que é a<br />

teoria dos signos, não é mais o próprio S., mas<br />

a semiose (v.), ou seja, o uso dos signos ou o<br />

comportamento semiótico. Essa orientação foi<br />

inaugurada por E. S. Peirce. Depois <strong>de</strong> dar a<br />

<strong>de</strong>finição tradicional cio S. (como "algo que,<br />

uma vez conhecido, conhecemos outra coisa),<br />

Peirce acrescentou que "S. é um objeto que.<br />

por um lado, está em relação com seu objeto e.<br />

por outro, em relação com um interpretante,<br />

<strong>de</strong> tal modo eme produz entre o interpretante c<br />

o objeto uma relação correspon<strong>de</strong>nte à sua própria<br />

relação com o objeto." O S. é, pois. uma re-<br />

Uiçào triádica entre o próprio S., seu objeto e o<br />

interpretante (Coll. Pap.. 2.243 ss.; 8.332).<br />

Conseqüentemente. Peirce classificava os S. segundo<br />

três pontos <strong>de</strong> vista diferentes: por si<br />

mesmos; em sua relação com o objeto; em sua<br />

relação com o interpretante. Consi<strong>de</strong>rados em<br />

si mesmos, os S. po<strong>de</strong>m ser: aparências ou<br />

(jualissignos; objetos ou acontecimentos individuais,<br />

vale dizer, sinsignos (nessa palavra. >•/>/<br />

é a primeira sílaba cie semel, siiuul, similar.<br />

etc); tipos gerais ou legissignos (Ihid.. 8.334).<br />

Consi<strong>de</strong>rado em relação ao objeto representado,<br />

o S. po<strong>de</strong> ser: um ícone, como p. ex. uma<br />

percepção visual ou auditiva; um índice, como<br />

um nome próprio ou o sintoma <strong>de</strong> uma doença;<br />

ou um símbolo, cjue é um S. convencional<br />

(Jbid., 8.335). Km relação ao objeto imediato, o<br />

S. po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um ente ou<br />

ele uma lei. Finalmente, em relação ao interpretante.<br />

o S. po<strong>de</strong> ser um rema. um enunciado<br />

ou um tema. isto é, um termo, uma<br />

proposição ou um raciocínio(Ibid., 8.337). Essa

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