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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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TEMPO 948 TENSÃO<br />

um apresentar-se, a partir do futuro, daquilo<br />

que já foi no passado (Ibid., § 80, 81). A análise<br />

hei<strong>de</strong>ggeriana do T. sem dúvida contém um<br />

gran<strong>de</strong> compromisso metafísico, porquanto o<br />

T. é consi<strong>de</strong>rado uma espécie <strong>de</strong> círculo, em<br />

que a perspectiva para o futuro é aquilo que já<br />

passou; por sua vez, o que já passou é a perspectiva<br />

para o futuro. Nesse sentido, Hei<strong>de</strong>gger<br />

laia <strong>de</strong> T. Imito, ou autêntico, já que T. inautêntico<br />

(que ele também chama <strong>de</strong> databilida<strong>de</strong><br />

ou '/'.público) é o <strong>de</strong>sconhecimento parcial<br />

da natureza do T. e a sua concepção como<br />

linha aberta e sucessão infinita <strong>de</strong> instantes<br />

(Sein undZeit, §§ 79-81). Todavia, a análise <strong>de</strong><br />

Hei<strong>de</strong>gger contém alguns elementos <strong>de</strong> interesse<br />

filosófico notável porque constitui uma<br />

importante inovação na análise do conceito <strong>de</strong><br />

tempo. Esses elementos são os seguintes:<br />

l y Mudança do horizonte modal, passandose<br />

da necessida<strong>de</strong> à possibilida<strong>de</strong>: o T. já não é<br />

integrado numa estrutura necessária, como a<br />

or<strong>de</strong>m causai, mas na estrutura da possibilida<strong>de</strong>.<br />

Esse aspecto po<strong>de</strong> ser utilizado para<br />

expressar a<strong>de</strong>quadamente a transformação a<br />

que a noção <strong>de</strong> T. foi submetida pela relativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Einstein. Com efeito, se dois eventos<br />

são simultâneos segundo certo sistema <strong>de</strong> referência<br />

mas po<strong>de</strong>m não ser simultâneos segundo<br />

um outro, conclui-se que o T. não é uma<br />

or<strong>de</strong>m necessária, mas a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias<br />

or<strong>de</strong>ns.<br />

2" O primado do futuro na interpretação do<br />

1'. não constitui apenas uma alternativa diferente<br />

do primado do presente e a ele oposta, na<br />

qual se baseiam as outras duas interpretações<br />

principais, mas também oferece a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> não achatar sobre o presente as outras <strong>de</strong>terminações<br />

do T. e <strong>de</strong> entendê-las em sua<br />

natureza específica: o futuro como futuro (e<br />

não como "presente do futuro") e o passado<br />

como passado.<br />

3 Q A relação entre passado e futuro, que<br />

Hei<strong>de</strong>gger enrijeceu num círculo, po<strong>de</strong> ser facilmente<br />

dissolvida com a introdução da noção<br />

<strong>de</strong> possível. O passado po<strong>de</strong> ser entendido<br />

como ponto <strong>de</strong> partida ou fundamento das<br />

possibilida<strong>de</strong>s porvindouras. e o futuro como<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação ou <strong>de</strong> mudança<br />

do passado, em limites (e aproximações) <strong>de</strong>termináveis.<br />

4" A introdução <strong>de</strong> novos conceitos interpretativos,<br />

expressos por termos como projeto<br />

ou projeção, antecipação, expectativa,<br />

etc. mostraram-se úteis nas análises filosófi-<br />

cas e passaram a fazer parte do uso filosófico<br />

corrente.<br />

TEMPORAL (in. Temporal, h. Temporehú.<br />

Zeitlich: it. Temporale). 1. O que pertence ao<br />

tempo, diz respeito ao tempo ou acontece no<br />

tempo. P. ex.. or<strong>de</strong>m T., esquema T., etc.<br />

2. O que é mundano, pertence à or<strong>de</strong>m do<br />

tempo, em contraposição ao que é espiritual e<br />

pertence â or<strong>de</strong>m da eternida<strong>de</strong>. A contraposição<br />

entre T. e espiritual é um dos temas dominantes<br />

do cristianismo paulino (v., p. ex., Ad<br />

cor, II, IV, 18; Adhebr, XI, 25; etc).<br />

TEMPORÁRIO (in. Temporary, ir. Temporairc<br />

ai. liinstweilig. it. Temporaneo). De pouca<br />

duração, provisório.<br />

TENDÊNCIA (in. Ten<strong>de</strong>ncy. fr. Tendance,<br />

ai. TH fiz it. Ten<strong>de</strong>nza). Enten<strong>de</strong>-se porT. todo<br />

impulso habitual e constante para a ação. Nisso<br />

a T. distingue-se do impulso (v.), que é a ação<br />

súbita e temporária. Kant restringiu o significado<br />

<strong>de</strong>sse termo a apetite habitual, <strong>de</strong> natureza<br />

sensível (Antr, § 73). Schiller admitiu três T.<br />

fundamentais no homem; a primeira, <strong>de</strong> natureza<br />

sensível instiga-o à mudança; a segunda.<br />

ou T. à forma, instiga-o ã imutabilida<strong>de</strong>; finalmente,<br />

a terceira, ou T, ao jogo, instiga-o a<br />

combinar as duas primeiras (Briefe über die<br />

aesthetische Hrziehung, 12, 13). A esta distinção<br />

Fichte contrapôs outra, entre a T. ao<br />

conhecimento, que torna o homem um "ser<br />

representante", a T. prática, que visa à modificação<br />

e â formação das coisas, e a T. estética,<br />

que visa a <strong>de</strong>terminada representação só em<br />

vista <strong>de</strong>la mesma, e não da coisa ou do conhecimento<br />

da coisa (Werke, VIII, pp. 278-79). Mais<br />

recentemente, Jaspers distinguiu três or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

T.: l 3 as sensíveis, com correlato somático<br />

(fome, se<strong>de</strong>, sexo, etc); 2 a as vitais mas sem<br />

localização somática (T. à auto-exaltaçào ou<br />

à submissão, à imigração, à sociabilida<strong>de</strong>,<br />

etc); 3 a as espirituais, voltadas para a realização<br />

<strong>de</strong> valores (AllgemeinePsychopathologie.<br />

1913).<br />

TENSÃO (gr. xóvoç; in. Tension-, fr. Tension.<br />

ai. Spannung; it. Tensione). 1. Conexão entre<br />

dois opostos que estào ligados apenas por sua<br />

oposição. Segundo os antigos (v. FÍLON, Rer.<br />

dív. Her, 43), esse conceito constituía a gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> Heráclito; este dissera: "Os homens<br />

não sabem como aquilo que é discordante<br />

está em acordo consigo: harmonias <strong>de</strong> T.<br />

opostas, como as do arco e da lira" {Fr. 51,<br />

DIFLS). Nesse sentido, os estóicos também falaram<br />

da T. que mantém o universo coeso (AR-

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