22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

UTOPIA 987 UTOPIA<br />

4" Associação estreita do U. com as doutrinas<br />

da nascente ciência econômica. Dois dos<br />

fundadores <strong>de</strong>ssa ciência, Malthus (1766-1834)<br />

e David Ricardo (1772-1823), foram militaristas<br />

e compartilharam o espírito positivo e reformador<br />

do U.<br />

5 U Espírito reformador dos militaristas no<br />

campo político e social: preocuparam-se em pôr<br />

sua doutrina moral a serviço <strong>de</strong> reformas que<br />

<strong>de</strong>veriam aumentar o bem-estar e felicida<strong>de</strong><br />

dos homens em vários campos. Nesse aspecto,<br />

o U. também foi <strong>de</strong>nominado radicalismo.<br />

Cf. S. LKSLIF, The English Utilitarians, três<br />

vols., 1900; E. ALBEE, A History of Englísh Utilitarianism,<br />

1901, 2- ed, 1957.<br />

UTOPIA (lat. Utopia; in. Utopia; fr. Utopie,<br />

ai. Utopie; it. Utopia). Thomas More <strong>de</strong>u esse<br />

nome a uma espécie <strong>de</strong> romance filosófico (De<br />

optimo reípublicaestatu <strong>de</strong>que nova insula Utopia,<br />

1516), no qual relatava as condições <strong>de</strong><br />

vida numa ilha <strong>de</strong>sconhecida <strong>de</strong>nominada U.:<br />

nela teriam sido abolidas a proprieda<strong>de</strong> privada<br />

e a intolerância religiosa. Depois disso, esse<br />

termo passou a <strong>de</strong>signar não só qualquer tentativa<br />

análoga, tanto anterior quanto posterior<br />

(como a República <strong>de</strong> Platão ou a Cida<strong>de</strong> do Sol<br />

<strong>de</strong> Campanella), mas também qualquer i<strong>de</strong>al<br />

político, social ou religioso <strong>de</strong> realização difícil<br />

ou impossível.<br />

Como gênero literário, U. extrapola a consi<strong>de</strong>ração<br />

filosófica: aqui só observaremos que<br />

ela foi e ainda é muito divulgada, sendo adaptada<br />

até para romances <strong>de</strong> ficção científica.<br />

Cabe à <strong>filosofia</strong> avaliar a U., tanto a expressa<br />

em forma <strong>de</strong> romance quanto a expressa em<br />

forma <strong>de</strong> mito ou i<strong>de</strong>ologia, etc; quanto a essa<br />

avaliação, os filósofos não estão <strong>de</strong> acordo.<br />

Para Comte, cabia à U. a tarefa <strong>de</strong> melhorar as<br />

instituições políticas e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver as idéias<br />

científicas (Politiquepositive, I, p. 285). Marx e<br />

Engels, ao contrário, con<strong>de</strong>naram como "utópicas"<br />

as formas assumidas pelo socialismo em<br />

Saint Simon, Fourier e Proudhon, contrapondo<br />

a elas o socialismo "científico", que prevê a<br />

transformação infalível do sistema capitalista<br />

em sistema comunista, mas exclui qualquer<br />

previsão sobre a forma que será assumida pela<br />

socieda<strong>de</strong> futura e qualquer programa para ela<br />

(v. SOCIALISMO). NO mesmo sentido, á U. —<br />

"obra <strong>de</strong> teóricos que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> observarem e<br />

discutirem os fatos, procuram estabelecer um<br />

mo<strong>de</strong>lo ao qual possam ser comparadas as socieda<strong>de</strong>s<br />

existentes para medir o bem e o mal que<br />

encerram" — Sorel contrapunha o mito, expressão<br />

cie um grupo social que se prepara<br />

para a revolução (Keflexions sur Ia violence, 4ed.,<br />

p. 46). Mannheim, ao contrário, consi<strong>de</strong>rem<br />

a 13. como algo <strong>de</strong>stinado a realizar-se, ao<br />

contrário da i<strong>de</strong>ologia (v.), que nunca conseguiria<br />

realizar-se. Nesse sentido, a U. seria o fundamento<br />

da renovação social (I<strong>de</strong>ologie und<br />

Utopie, 1929, II, I; v. R. K. MKRTON, Social Theory<br />

and Social Stmcture, 1957, 3 3 ed., cap. XIII).<br />

Em geral, po<strong>de</strong>-se dizer que a U. representa<br />

a correção ou a integração i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma situação<br />

política, social ou religiosa existente. Como<br />

muitas vezes aconteceu, essa correção po<strong>de</strong> ficar<br />

no estágio <strong>de</strong> simples aspiração ou sonho<br />

genérico, resolvendo-se numa espécie <strong>de</strong> evasão<br />

da realida<strong>de</strong> vivida. Mas também po<strong>de</strong> tornar-se<br />

força cie transformação da realida<strong>de</strong>,<br />

assumindo corpo e consistência suficientes para<br />

transformar-se em autêntica vonta<strong>de</strong> inovadora<br />

e encontrar os meios da inovação. Em<br />

geral, essa palavra é consi<strong>de</strong>rada mais com referência<br />

à primeira possibilida<strong>de</strong> que ã segunda.<br />

Ao primeiro significado está ligada a chamada<br />

"teoria crítica da socieda<strong>de</strong>", <strong>de</strong>senvolvida<br />

por Horkheimer, Adorno e Marcuse (especialmente<br />

por este último), que se concentra sobretudo<br />

na crítica arrasadora da socieda<strong>de</strong> contemporânea.<br />

Marcuse escreveu: "A teoria crítica<br />

da socieda<strong>de</strong> não possui conceitos que possam<br />

lançar uma ponte entre o presente e o futuro,<br />

não faz promessas e não mostra sucessos, mas<br />

permanece negativa" (One Dimensional Man,<br />

1964, p. 257). E ainda: "Se hoje pudéssemos<br />

formular uma idéia concreta cia alternativa, não<br />

seria a <strong>de</strong> uma alternativa: as possibilida<strong>de</strong>s da<br />

nova socieda<strong>de</strong> são tão abstratas, tão distantes<br />

e incôngruas em relação ao universo <strong>de</strong> hoje,<br />

que levariam ao malogro qualquer tentativa <strong>de</strong><br />

ick'ntificá-la em termos <strong>de</strong>ste universo" (An<br />

Essay on Liberation, 1969; trad. it., p. 101).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!