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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ECONOMIA POLÍTICA 302 ECONOMIA POLÍTICA<br />

obrigou as gran<strong>de</strong>s massas proletárias a ven<strong>de</strong>r<br />

sua força <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>terminando a concentração<br />

e o po<strong>de</strong>r do capital, esse mesmo processo<br />

<strong>de</strong> concentração e <strong>de</strong> fortalecimento do<br />

capital, levado ao extremo, transformar-se-ia<br />

em sua negação. A concentração industrial<br />

afastará o proprietário cada vez mais da empresa<br />

e fará que a empresa, portanto sua direção,<br />

sua iniciativa e seu trabalho, acabem passando<br />

para as mãos dos trabalhadores assalariados.<br />

Desse modo, a função social da classe capitalista<br />

terá enfraquecido e sua expropriação po<strong>de</strong>rá<br />

ser feita sem que o organismo produtivo se ressinta.<br />

Paralelamente, o proletário terá sido treinado<br />

pela própria organização das gran<strong>de</strong>s empresas<br />

para geri-las e dirigi-las, estando pronto<br />

a assumir plenamente sua posse. Desse modo,<br />

a socialização dos meios <strong>de</strong> produção, sua transferência<br />

da classe capitalista para a operária,<br />

ocorrerá com a mesma fatalida<strong>de</strong> que rege as<br />

metamorfoses da natureza (Das Kapital, 1867,<br />

1, 24, § 7).<br />

Num primeiro momento, o caráter mecânico<br />

da or<strong>de</strong>m natural pareceu ser confirmado<br />

pela introdução da linguagem matemática na<br />

ciência econômica, <strong>de</strong>vido a Augustin Cournot<br />

em Recherches sur les principes mathématiques<br />

<strong>de</strong> Ia théorie <strong>de</strong>s richesses (1838), mas que só<br />

se tornou <strong>de</strong>finitiva e frutífera alguns <strong>de</strong>cênios<br />

mais tar<strong>de</strong> graças a Jevons e <strong>de</strong> Walras. A roupagem<br />

matemática da E. política ressaltava a<br />

analogia <strong>de</strong>la com a física, que Jevons foi um<br />

dos primeiros a enfatizar. "A teoria econômica",<br />

dizia ele, "tem gran<strong>de</strong> analogia com a ciência<br />

da mecânica estática: as leis <strong>de</strong> troca são semelhantes<br />

às do equilíbrio <strong>de</strong> uma alavanca, <strong>de</strong>terminadas<br />

pelo princípio das velocida<strong>de</strong>s virtuais.<br />

A natureza da riqueza e do valor mostra-se<br />

com clareza sempre que se consi<strong>de</strong>rem aportes<br />

infinitamente pequenos <strong>de</strong> prazer e <strong>de</strong> dor,<br />

precisamente como a teoria da estática foi baseada<br />

na igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aportes <strong>de</strong> energia infinitamente<br />

pequenos. Acredito que certos<br />

ramos dinâmicos da ciência da E. po<strong>de</strong>m<br />

prestar-se a <strong>de</strong>senvolvimentos próprios" (The<br />

Theory of Política! Economy, 1871, Pref. à \ed.).<br />

Mas com Jevons e com Walras já estamos<br />

num campo diferente <strong>de</strong> formulação da teoria<br />

econômica.<br />

2 a Teoria do equilíbrio. — Segundo essa<br />

teoria, que constitui a segunda concepção fundamental<br />

da E. política, o objetivo <strong>de</strong>ssa ciência é<br />

<strong>de</strong>terminar qual a melhor combinação possível<br />

dos elementos econômicos: essa combinação,<br />

justamente por ser a melhor, manter-se-á in<strong>de</strong>finidamente<br />

se não for alterada por nenhum<br />

motivo, ou ten<strong>de</strong>rá restabelecer-se se for alterada,<br />

sendo por isso um estado <strong>de</strong> equilíbrio<br />

(cf. PARETO, Man. diE.pol, III, § 22). Ora, a<br />

melhor combinação possível não é a única possível,<br />

mas uma entre muitas. Os pressupostos<br />

<strong>de</strong>ssa teoria são dois: a) existem possibilida<strong>de</strong>s<br />

ou alternativas diferentes na realida<strong>de</strong> econômica;<br />

b) entre as várias alternativas possíveis,<br />

uma só é a mais conveniente, a econômica;<br />

e esta última é necessariamente <strong>de</strong>terminada<br />

pelas leis econômicas.<br />

O pressuposto a) exprime a mudança <strong>de</strong>cisiva<br />

que a E. política sofreu por volta <strong>de</strong> 1870,<br />

em vista do abandono <strong>de</strong> um dos fundamentos<br />

da teoria clássica, a da doutrina do valortrabalho.<br />

A teoria clássica, baseada no princípio<br />

<strong>de</strong> que existe uma or<strong>de</strong>m econômica natural<br />

e necessária, não <strong>de</strong>ixava alternativa à escolha<br />

individual; a rigor, não reconhecia nenhuma<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha. Os indivíduos só po<strong>de</strong>m<br />

seguir seu instinto econômico, e a or<strong>de</strong>m<br />

econômica é o efeito natural e inevitável <strong>de</strong>sse<br />

instinto. Numa or<strong>de</strong>m assim, o fundamento das<br />

relações econômicas, das trocas, ou seja, o valor,<br />

<strong>de</strong>ve ser tão natural e necessário quanto a<br />

própria or<strong>de</strong>m: por isso a E. clássica, <strong>de</strong> Smith<br />

a Marx, vê a origem ou o princípio do valor no<br />

trabalho. O trabalho, como notava Marx (Das<br />

Kapital, I, 1, § 1), possibilita ter a medida exata<br />

do valor porque ele mesmo é exatamente<br />

mensurável em sua duração temporal. Esse<br />

era, entenda-se, o valor <strong>de</strong> troca, já que o valor<br />

<strong>de</strong> wsofora constantemente i<strong>de</strong>ntificado com<br />

a utilida<strong>de</strong>, ou seja, com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

objeto <strong>de</strong> satisfazer a uma necessida<strong>de</strong>. Essa teoria<br />

do valor chocara-se com várias dificulda<strong>de</strong>s,<br />

mas só graças a Jevons, Menger e Walras foi<br />

superada por uma nova doutrina, da utilida<strong>de</strong><br />

marginal. A característica <strong>de</strong>ssa teoria é que,<br />

para ela, o valor é "a importância que nós atribuímos<br />

a <strong>de</strong>terminados bens concretos ou quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> bens, pelo fato <strong>de</strong> sabermos que<br />

a satisfação <strong>de</strong> nossas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong>sses bens"<br />

(MENGER, Grundsãtze <strong>de</strong>r Volkswírtschaftslehre,<br />

1871). O valor, portanto, nasce da limitação<br />

dos bens em relação às necessida<strong>de</strong>s e só<br />

essa limitação confere aos bens caráter econômico.<br />

Os bens que existem em quantida<strong>de</strong> ilimitada<br />

(p. ex., o ar) não têm valor econômico,<br />

pois a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma fração <strong>de</strong>sses<br />

tais bens não tem nenhuma utilida<strong>de</strong>. Com

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