22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ILUSÃO 537 IMAGINAÇÃO<br />

instituições em que a via encarnada. Isso confirma<br />

que, se e quando a <strong>filosofia</strong> quiser assumir<br />

a tarefa (que Platão já lhe atribuía) <strong>de</strong><br />

transformar o mundo humano, a atitu<strong>de</strong> iluminista<br />

e seus pressupostos fundamentais são<br />

as primeiras condições <strong>de</strong>ssa tarefa.<br />

ILUSÃO (in. Illusion, fr. Illusion, ai. lllusion;<br />

it. Illusíone). Aparência errônea, que não cessa<br />

mesmo quando reconhecida como tal; p. ex.,<br />

ver como quebrado o bastão imerso na água. É<br />

doutrina antiga, que remonta aos epicuristas<br />

(DIÓG. L, X, 51) e se repete com freqüência em<br />

tempos recentes, que as I. não pertencem aos<br />

sentidos, mas ao juízo feito sobre o dado sensível.<br />

Contudo, essas consi<strong>de</strong>rações hoje têm<br />

menos importância, pois nem a <strong>filosofia</strong> nem a<br />

psicologia acham útil fazer uma distinção nítida<br />

entre dados sensíveis e funções intelectuais. Kant<br />

<strong>de</strong>finiu a I. como "o jogo que persiste mesmo<br />

quando se sabe que o objeto pressuposto não<br />

é real" (Antr., § 13). E nesse sentido, consi<strong>de</strong>rou<br />

a ativida<strong>de</strong> dialéticada razão como I. "Em nossa<br />

razão (consi<strong>de</strong>rada subjetivamente como faculda<strong>de</strong><br />

cognoscitiva humana) existem normas e<br />

princípios <strong>de</strong> uso que têm todo o aspecto <strong>de</strong> princípios<br />

objetivos: por isso acontece que a necessida<strong>de</strong><br />

subjetiva <strong>de</strong> que haja certa conexão dos<br />

nossos conceitos, em virtu<strong>de</strong> do intelecto, seja<br />

consi<strong>de</strong>rada necessida<strong>de</strong> objetiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar<br />

as coisas em si mesmas. I. que nào po<strong>de</strong> ser<br />

evitada, assim como não é possível evitar que<br />

o meio do mar pareça mais alto que na praia<br />

porque nós o vemos lá através <strong>de</strong> raios que são<br />

mais elevados que os daqui; assim como o astrônomo<br />

não po<strong>de</strong> impedir que a lua lhe pareça<br />

maior ao surgir, mesmo que nào se <strong>de</strong>ixe<br />

enganar por esta aparência" (Crít. R. Pura,<br />

Dialética, Intr., I). As qualificações "natural" e<br />

"inevitável" que Kant atribui à 1. transcen<strong>de</strong>ntal,<br />

mas que são atribuíveis a qualquer ilusão, só<br />

fazem expressar o caráter fundamental da I.: ao<br />

contrário do erro, nào <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir mesmo<br />

ao ser i<strong>de</strong>ntificada como I.<br />

IMAGEM (gr. (pávxaoyia., (pavxaaíos; lat.<br />

Imago; in. Image; fr. Image; ai. Einbildung; it.<br />

Immagine). Semelhança ou sinal das coisas,<br />

que po<strong>de</strong> conservar-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das<br />

coisas. Aristóteles dizia que as I. são como as<br />

coisas sensíveis, só que não têm matéria (De<br />

an., III, 8, 432 a 9). Neste sentido a I. é: P<br />

produto da imaginação (v.); 2° sensação ou<br />

percepção, vista por quem a recebe. Neste segundo<br />

significado, esse termo é usado constantemente<br />

tanto pelos antigos quanto pelos<br />

mo<strong>de</strong>rnos. Os estóicos distinguiam os dois significados<br />

empregando duas palavras diferentes:<br />

<strong>de</strong>nominavam imaginação ((pávtao(Xa) a I.<br />

que o pensamento forma por sua conta, como<br />

acontece nos sonhos, e I. (cpavtaoía) a marca<br />

que a coisa <strong>de</strong>ixa na alma, marca que é uma<br />

mudança da própria alma. A I. propriamente<br />

dita é "aquilo que é impresso, formado e distinto<br />

do objeto existente, que se conforma à sua<br />

existência e por isso é o que não seria se o<br />

objeto não existisse" (DIÓG. L, VII, 50). Desse<br />

ponto <strong>de</strong> vista, as I. po<strong>de</strong>m ser sensíveis e não<br />

sensíveis (como as das coisas incorpóreas); racionais<br />

ou irracionais (como as dos animais) e<br />

artificiais ou não artificiais (DIÓG. L, VII, 51).<br />

Conceito igualmente geral da I. era o dos<br />

epicuristas, que admitiam a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas<br />

as I. porquanto produzidas pelas coisas: pois o<br />

que não existe não po<strong>de</strong> produzir nada (DIÓG.<br />

L, X32).<br />

Esses conceitos passaram para a Ida<strong>de</strong> Média<br />

e foram utilizados com fins teológicos, para<br />

esclarecer a relação entre a natureza divina e a<br />

humana (cf., p. ex., S. Thomás, S. Th., I. q. 95).<br />

Na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna, foram retomados por<br />

Bacon (De augm. scient., II, 1, § 5) e Hobbes;<br />

para este, a I. "é ato <strong>de</strong> sentir e só difere da<br />

sensação assim como o fazer difere do fato"<br />

(De corp., 25, § 3). Mas, em <strong>filosofia</strong>, o termo I.,<br />

em seu significado geral, começou a per<strong>de</strong>r<br />

terreno para idéia (v.), em Descartes, e representação^?),<br />

em Wolff. A preferência por esses<br />

dois termos persiste na <strong>filosofia</strong> contemporânea,<br />

que só lança mão do termo I., em seu 2 Q significado,<br />

quando quer acentuar o caráter ou a<br />

origem sensível das idéias ou representações<br />

<strong>de</strong> que o homem dispõe. É o que faz, p. ex.,<br />

Bergson: "Vamos fazer <strong>de</strong> conta, por um instante,<br />

que nada sabemos das teorias sobre a matéria<br />

e sobre o espírito, que nada sabemos sobre as<br />

(discussões acerca da realida<strong>de</strong> ou da i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong><br />

do mundo externo. Estaremos então em presença<br />

da I. no sentido mais vago em que se possa<br />

tomar essa palavra, I. percebidas quando abro<br />

meus sentidos, nào percebidas quando os fecho"<br />

(Matière et mémoire, cap. 1).<br />

IMAGINAÇÃO (gr. (pavraaíoc; lat. lmagi-<br />

. natio, Phantasia; in. Imagination; fr. Imagination-,<br />

ai. Einbildungskraft; it. Immaginazione).<br />

Em geral, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evocar ou produzir<br />

imagens, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da presença<br />

do objeto a que se referem. Aristóteles <strong>de</strong>finiu<br />

a I. nesses termos, sendo o primeiro a analisála,<br />

em De anima (III, 3). Aristóteles distinguiu a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!