22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANTINOMIAS 65 ANTINOMIAS KANTIANAS<br />

ter salvo <strong>de</strong>sse modo o conceito <strong>de</strong> classe da A.<br />

e, ao mesmo tempo, tê-lo tornado ainda utilizável<br />

em sua função fundamental, que seria a <strong>de</strong><br />

reduzir a or<strong>de</strong>m das funções proposicionais.<br />

Mas esse axioma suscitou muitas críticas, que<br />

mostraram especialmente que seu efeito era<br />

restaurar a possibilida<strong>de</strong> das <strong>de</strong>finições<br />

impredicativas que a teoria dos graus tendia a<br />

eliminar (cf. sobre tais críticas A. CHURCH,<br />

Introduction to Mathematical Logic, § 59, n.<br />

588). O mesmo Russell, na introdução à 2- edição<br />

<strong>de</strong> Principia mathematica (1925), recomendava<br />

o abandono do axioma da redutibilida<strong>de</strong>.<br />

Ramsey propôs então dividir as A. em duas<br />

categorias: as antinomias lógicas (em sentido<br />

estrito), que são as exemplificadas pela A. <strong>de</strong><br />

Russell e que não fazem referência à verda<strong>de</strong><br />

ou à falsida<strong>de</strong> das expressões; e as A. sintáticas,<br />

exemplificadas pela A. do mentiroso, que<br />

nascem da referência semântica e po<strong>de</strong>m, portanto,<br />

ser chamadas <strong>de</strong> semânticas ou epístemológicasiFoundations<br />

ofMathematics, 1931).<br />

Ramsey observou que as antinomias da segunda<br />

espécie não comparecem nos sistemas<br />

logísticos, mas só nos textos que os acompanham<br />

e que, portanto, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sprezadas<br />

pela lógica, na medida em que esta tem como<br />

objeto a construção <strong>de</strong> sistemas simbólicos.<br />

Quanto às A. lógicas, porém, Ramsey observou<br />

que basta a teoria simples dos tipos, cuja regra<br />

fundamental Carnap, seguindo a sugestão <strong>de</strong><br />

Ramsey, assim formulou: "Um predicado pertence<br />

sempre a um tipo diferente do <strong>de</strong> seus<br />

argumentos (isto é, pertence a um tipo <strong>de</strong> nível<br />

mais alto); por isso, um enunciado nunca po<strong>de</strong><br />

ter a forma 'F(F)"' (The Logical Syntax of<br />

Language, § 60 a). Essa regra basta para evitar<br />

as <strong>de</strong>finições impredicativas (y): <strong>de</strong> modo que<br />

a teoria dos tipos simples é hoje a mais<br />

comumente aceita pelos lógicos, no que concerne<br />

às A. lógicas.<br />

2 a A segunda solução fundamental das A.<br />

diz respeito às A. sintáticas, isto é, semânticoepistemológicas,<br />

que são aquelas nas quais<br />

comparecem reiteradamente os conceitos <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>iro e falso. Essa solução consiste em<br />

consi<strong>de</strong>rar essas A. como proposições in<strong>de</strong>cidíveis,<br />

isto é, como proposições sobre cuja<br />

verda<strong>de</strong> ou falsida<strong>de</strong> a estrutura da língua em<br />

que são formuladas não permite <strong>de</strong>cidir nem<br />

num sentido nem noutro. Mediante a ampliação<br />

da língua consi<strong>de</strong>rada, tais proposições<br />

po<strong>de</strong>m tornar-se suscetíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, mas<br />

essa ampliação po<strong>de</strong> dar ensejo a outras proposições<br />

in<strong>de</strong>cisas.<br />

Uma solução <strong>de</strong>sse gênero já fora apresentada<br />

por Ockham, quando, na análise do paradoxo<br />

do mentiroso, reconhecera o caráter<br />

in<strong>de</strong>cidível dos enunciados auto-reflexivos. Assim,<br />

dizia Ockham, não é legítimo dizer que A<br />

signifique "A significa o falso". Certamente é<br />

possível que A signifique o falso, mas justamente<br />

porque é possível, e só por isso, A não<br />

significa nem o verda<strong>de</strong>iro nem o falso (Summa<br />

log., III, III, 38).<br />

Esse ponto <strong>de</strong> vista foi consolidado pelo<br />

chamado teorema <strong>de</strong> Gõ<strong>de</strong>l, segundo o qual é<br />

impossível provar a não-contradição <strong>de</strong> um sistema<br />

logístico com os meios <strong>de</strong> expressão contidos<br />

no mesmo sistema ("Über formal<br />

Unentscheidbare Sãtze <strong>de</strong>r Principia Mathematica<br />

und verwandter Systeme", in Monatscb. Math.<br />

Phys., 1931 )• Isto posto, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r como<br />

nascem A. sintáticas quando os predicados verda<strong>de</strong>iro<br />

e falso, referentes a uma linguagem<br />

<strong>de</strong>terminada S, são usados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa mesma<br />

linguagem. Por outro lado, a contradição po<strong>de</strong><br />

ser evitada usando-se os predicados "verda<strong>de</strong>iro<br />

(em SÓ" e "falso (em Si)", numa sintaxe <strong>de</strong><br />

Si não formulada na própria Si, mas em outra<br />

linguagem S2 (CARNAP, Logical Syntax of<br />

Language, § 60 b). Vale dizer que a afirmação<br />

"eu minto" po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>ira em nível <strong>de</strong><br />

certa linguagem e falsa em nível <strong>de</strong> outra linguagem;<br />

isto é, ela permanece in<strong>de</strong>cisa enquanto<br />

não se <strong>de</strong>terminar o nível da linguagem a que<br />

se refere. Soluções substancialmente semelhantes<br />

a estas foram propostas por Quine (Mathematical<br />

Logic, 1940, cap VII; cf. From a LogicalPoint of<br />

View, VII, 3) e por Church (Introduction to<br />

Mathematical Logic, § 57).<br />

ANTINOMIAS KANTIANAS (in. Kantian<br />

antinomies; fr. Antinomies kantiennes; ai. Kants<br />

Antinomien; it. Antinomie kantiane). A palavra<br />

A. significa propriamente "conflito <strong>de</strong> leis"<br />

(QUINTILIANO, Inst. or., VII, 7, 1), mas foi estendida<br />

por Kant para indicar o conflito em que a<br />

razão se encontra consigo mesma em virtu<strong>de</strong><br />

dos seus próprios procedimentos. Kant falou<br />

das A. no campo da cosmologia racional, isto é,<br />

da doutrina que tem por objeto a idéia do mundo.<br />

Esta idéia, como todas da razão pura (v. IDÉIA),<br />

nasce da tentativa — ilegítima, segundo Kant<br />

— <strong>de</strong> aplicar as categorias a si mesmas, isto é,<br />

do uso reflexivo âas categorias. A idéia do mundo<br />

é, <strong>de</strong> fato, a "unida<strong>de</strong> incondicionada das condições<br />

objetivas da possibilida<strong>de</strong> dos objetos<br />

em geral". As "condições objetivas, etc." são as<br />

categorias e os princípios <strong>de</strong>las <strong>de</strong>rivados; e a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!