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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ANALISE 52 ANALISE<br />

<strong>de</strong> resolver a <strong>de</strong>monstração no silogismo, o<br />

silogismo nas figuras, as figuras nas proposições<br />

(An.pr, I, 32, 47 a 10). Na lógica do séc.<br />

XVII, a diferença entre A. e síntese começou a<br />

ser exposta como a diferença entre dois métodos<br />

<strong>de</strong> ensino. "A or<strong>de</strong>m didática", dizia Jungius,<br />

"po<strong>de</strong> ser sintética, isto é, compositiva, ou analítica,<br />

isto é, resolutiva". A or<strong>de</strong>m sintética vai<br />

"dos princípios ao principiado, dos constituintes<br />

ao constituído, das partes ao todo, do simples<br />

ao composto" e é empregada pelo lógico,<br />

pelo gramático, pelo arquiteto e também pelo<br />

físico, quando passa das plantas aos animais ou<br />

dos seres menos perfeitos aos mais perfeitos. A<br />

or<strong>de</strong>m analítica proce<strong>de</strong> por via oposta e é<br />

própria do físico e do ético, na medida em que<br />

este último passa, por exemplo, da consi<strong>de</strong>ração<br />

do fim à consi<strong>de</strong>ração da ação honesta<br />

(Lógica hamburgensis, 1638, IV, cap. 18). A<br />

partir <strong>de</strong> Descartes, a A. e a síntese <strong>de</strong>ixaram<br />

<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radas dois métodos <strong>de</strong> ensino<br />

e passaram a ser dois processos diferentes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstração. Diz Descartes: "A maneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

é dupla: uma <strong>de</strong>monstra por meio da<br />

A. ou resolução, a outra por meio da síntese ou<br />

composição. A A. <strong>de</strong>monstra o verda<strong>de</strong>iro caminho<br />

pelo qual a coisa foi metodicamente inventada<br />

e permite ver como os efeitos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

da causa... A síntese, ao contrário, como<br />

se examinasse as causas a partir <strong>de</strong> seus efeitos<br />

(ainda que a prova que ela contém vá não raro<br />

das causas aos efeitos), na verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra<br />

com clareza o que está contido nas suas conclusões<br />

e utiliza uma longa série <strong>de</strong> <strong>de</strong>finições,<br />

postulados, axiomas, teoremas, problemas" (Rép.<br />

auxIIOb.). O próprio Descartes nota que os<br />

antigos geômetras utilizaram, <strong>de</strong> preferência, a<br />

síntese (como, <strong>de</strong> fato, fizeram PAPOS, VII, 1 ss.,<br />

e PROCLO, Com. ao I livro <strong>de</strong> Eudi<strong>de</strong>s, p. 211,<br />

Friedlein), enquanto ele preferiu a A., porque<br />

esse caminho "parece o mais verda<strong>de</strong>iro e o<br />

mais a<strong>de</strong>quado ao ensino". Hobbes repetia, substancialmente,<br />

essas consi<strong>de</strong>rações (Decorp., VI,<br />

§ 1-2) e a Lógica <strong>de</strong> Port-Royal chamava a A. <strong>de</strong><br />

"método <strong>de</strong> invenção" e a síntese <strong>de</strong> "método<br />

<strong>de</strong> composição" ou "método <strong>de</strong> doutrina" (Log.,<br />

IV, 2). Esse ponto <strong>de</strong> vista sancionava a superiorida<strong>de</strong><br />

do processo analítico na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna.<br />

Essa superiorida<strong>de</strong> também é pressuposta<br />

por Leibniz, que <strong>de</strong>fine a A. do ponto <strong>de</strong><br />

vista lógico-lingüístico: "A. é isto: resolva-se qualquer<br />

termo dado em suas partes formais, isto é,<br />

dê-se a sua <strong>de</strong>finição; sejam essas partes, por<br />

sua vez, resolvidas em partes, isto é, dê-se a<br />

<strong>de</strong>finição dos termos da <strong>de</strong>finição, e assim por<br />

diante, até as partes simples, ou seja, aos termos<br />

in<strong>de</strong>finíveis" (De arte combinatoria, Op.,<br />

ed. Erdmann, p. 23 a-b). Com outras palavras,<br />

Newton dizia a mesma coisa: "Pelo caminho da<br />

A. po<strong>de</strong>mos ir dos compostos aos ingredientes<br />

e dos movimentos às forças que os produzem;<br />

e, em geral, dos efeitos às suas causas e das<br />

causas particulares às gerais, até que o raciocínio<br />

termine nas mais gerais" (Opticks, 1704, III,<br />

1, q. 31; ed. Dover, p. 404). Wolff contrapunha,<br />

no mesmo sentido, o método analítico e o<br />

método sintético: "Chama-se analítico o método<br />

pelo qual as verda<strong>de</strong>s são dispostas na or<strong>de</strong>m<br />

em que foram encontradas ou ao menos<br />

em que po<strong>de</strong>riam ser encontradas. Chama-se<br />

sintético o método pelo qual as verda<strong>de</strong>s são<br />

dispostas <strong>de</strong> tal modo que cada uma possa ser<br />

mais facilmente entendida e <strong>de</strong>monstrada a<br />

partir da outra" (Log., § 885). Não é diferente o<br />

significado que Kant <strong>de</strong>u à oposição dos dois<br />

métodos. Mais particularmente, em De mundi<br />

sensibilis atque intellegíbilis forma et ratione,<br />

I, § 1, nota, ele distinguiu dois significados <strong>de</strong><br />

A.: um qualitativo, que é "o regresso a rationato<br />

ad rationem", e outro quantitativo (que <strong>de</strong>clara<br />

utilizar), que é "o regresso do todo às suas<br />

partes possíveis, mediadas, ou seja, às partes<br />

das partes, <strong>de</strong> tal modo que a A. não é a divisão,<br />

mas a subdivisão do composto dado". Kant<br />

valeu-se <strong>de</strong>sse procedimento em todas as suas<br />

obras principais, em cada uma das quais a parte<br />

positiva fundamental é constituída <strong>de</strong> uma<br />

"Analítica". Segundo Kant, é analítico o procedimento<br />

próprio da "lógica geral", porquanto<br />

"resolve toda a obra formal do intelecto e da<br />

razão nos seus elementos e expõe esses elementos<br />

como princípios <strong>de</strong> toda valorização<br />

lógica <strong>de</strong> nosso conhecimento" (Crít. R. Pura,<br />

Lóg. transe, intr., 3). O mesmo procedimento<br />

também é próprio da lógica transcen<strong>de</strong>ntal,<br />

que isola o intelecto, isto é, a parte do conhecimento<br />

que tem origem só no intelecto (conhecimento<br />

a priori), mais precisamente da<br />

Analítica transcental, que é "a resolução <strong>de</strong><br />

todo o nosso conhecimento a priori nos elementos<br />

do conhecimento puro intelectual". O<br />

procedimento analítico também foi usado por<br />

Kant em Crítica da Razão Pratica, com o fim<br />

<strong>de</strong> isolar os princípios práticos, isto é, morais;<br />

e em Crítica do Juízo, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar<br />

os fundamentos do juízo estético e do juízo<br />

teleológico: trata-se, em todos os casos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar<br />

os elementos verda<strong>de</strong>iros ou efetivos

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