22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

SER 88" SER<br />

conceito estóico cie representação cataléptica,<br />

que "<strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um ente subsistente e é impressa<br />

e marcada por ele, <strong>de</strong> tal modo que se conforma<br />

a ele " (DIOG. L, VII, 46; SEXTO EMPÍRICO.<br />

Ac/r. matb., VI I. 248). Essa doutrina eqüivale a<br />

<strong>de</strong>finir o S. das coisas como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

manifestação <strong>de</strong>las à percepção ou como percepção<br />

mesmo.<br />

A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> S. como possibilida<strong>de</strong> 6 explicitamente<br />

retomada pela <strong>filosofia</strong> alemã do<br />

séc. XVIII. em especial por Wolff: "Ente é o que<br />

po<strong>de</strong> existir e. conseqüentemente, cuja existência<br />

não repugna" (Onl., § 13-0. Mas como o<br />

que po<strong>de</strong> existir é possível, o que â possível é<br />

e>ile(lbicL, § 1 35). Mas nesta <strong>de</strong>finição tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,<br />

obviamente, do significado <strong>de</strong> possível.<br />

E a propósito Woltt retoma um conceito talvez<br />

oriundo cie Duns Scot (in Seul., I, d. 2, q. 7).<br />

que se encontra já formulado em I.eibniz<br />

(1'héod.. II, § 22-t): "possível ê o que não implica<br />

contradição, vale dizer, o que não 6 impossível"<br />

(Onl., § 85). Desse ponto cie vista,<br />

a possibilida<strong>de</strong> era <strong>de</strong>finida como simples<br />

ausência da impossibilida<strong>de</strong>, ou seja, como necessida<strong>de</strong><br />

negativa. Portanto, nessa doutrina, a<br />

concepção <strong>de</strong> S. em termos <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong><br />

era simples aparência. Kant, com muita firmeza,<br />

viu o que se escondia por trás <strong>de</strong>ssa aparência:<br />

"O jogo <strong>de</strong> prestígio, em virtu<strong>de</strong> do qual<br />

a possibilida<strong>de</strong> lógica do conceito (que não se<br />

contradiz) 6 confundida com a possibilida<strong>de</strong><br />

transcen<strong>de</strong>ntal das coisas (em virtu<strong>de</strong> da qual<br />

ao conceito correspon<strong>de</strong> um objeto), po<strong>de</strong><br />

enganar e contentar só os inexperientes". A<br />

"possibilida<strong>de</strong> real" é a dada por Lima intuição<br />

sensível, isto é. pela experiência atual ou possível<br />

(Críl. R. Pura, Anal. dos princ, cap. II).<br />

Conseqüentemente, "S. não é predicado real,<br />

ou seja, um conceito <strong>de</strong> alguma coisa que se<br />

po<strong>de</strong> acrescentar ao conceito <strong>de</strong> Lima coisa. (...)<br />

Se CLI disser Deus 6 ou que Deus existe,<br />

não estarei afirmando um predicado novo cio<br />

conceito <strong>de</strong> Deus, mas apenas o conceito em<br />

si, com todos os setis predicados, e o objeto<br />

em relação ao meti conceito. Ambos <strong>de</strong>vem ter<br />

exatamente o mesmo conteúdo, porém nada<br />

se po<strong>de</strong> acrescentar ao conceito que expressa<br />

simplesmente a possibilida<strong>de</strong> quando penso<br />

seu objeto como dado (com a expressão: 'Kle<br />

é')" (Ibici, O i<strong>de</strong>al da razão pura, seção IV).<br />

Deste ponto <strong>de</strong> vista, está claro o caráter limitado<br />

e condicional <strong>de</strong> qualquer possibilida<strong>de</strong> ou<br />

S., portanto o caráter fictício ou tantasioso <strong>de</strong><br />

uma "possibilida<strong>de</strong> absoluta", que valha sob<br />

qualquer aspecto (Ibid.. Anal. dos princ, Reftitação<br />

do i<strong>de</strong>alismo). Na <strong>filosofia</strong> contemporânea,<br />

as doutrinas abaixo remetem-se a essa<br />

interpretação do significado do S.<br />

a) Teorias que, em matemática, em física e<br />

nas ciências em geral, <strong>de</strong>finem a existência<br />

como modo <strong>de</strong> S. particular; p. ex., como<br />

"ausência <strong>de</strong> contradição", "possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

construção" ou "possibilida<strong>de</strong> cie verificação".<br />

A modalida<strong>de</strong> não necessária do S. que assim<br />

se <strong>de</strong>fine é evi<strong>de</strong>nte (v. EXISTÊNCIA).<br />

b) Formas do empirismo. que só reconhecem<br />

S. aos objetos <strong>de</strong> experiência possível. E. a<br />

possibilida<strong>de</strong> cie experimentação e observação<br />

que <strong>de</strong>fine o significado do S. (v. EXPERIÊNCIA).<br />

c) Teorias filosóficas que afirmam o primado<br />

da possibilida<strong>de</strong>. Seu prece<strong>de</strong>nte está na <strong>filosofia</strong><br />

<strong>de</strong> Kierkegaard. que foi o primeiro a propor<br />

uma interpretação da existência humana em<br />

termos <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> (V. EXISTÊNCIA, 3). Por<br />

outro lado, o mesmo ponto cie vista po<strong>de</strong> ser<br />

reconhecido em alguns aspectos da íenoinenologia<br />

cie Husserl e nas doutrinas a ela ligadas.<br />

Embora Husserl privilegie o S. da consciência<br />

e o consi<strong>de</strong>re necessário, ao contrário<br />

das realida<strong>de</strong>s das coisas, a análise fenomenológica,<br />

sob esse aspecto, é Lima análise cie<br />

possibilida<strong>de</strong>; para ela, como disse Hei<strong>de</strong>gger<br />

(Sein undZeil, § 7 C): "mais elevada que a realida<strong>de</strong><br />

está a possibilida<strong>de</strong>". Husserl diz: "Para<br />

mim, o lato cie uma natureza, um mundo cultural<br />

e humano, com as suas formas sociais,<br />

etc. existirem significa que as experiências correspon<strong>de</strong>ntes<br />

me são possíveis, ou seja, que,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> minha experiência real<br />

<strong>de</strong>sses objetos, posso, a qualquer instante,<br />

realizá-los e <strong>de</strong>senvolvê-los em certo estilo sintético.<br />

Isso signitica que me são possíveis<br />

outros modos <strong>de</strong> consciência correspon<strong>de</strong>ntes<br />

a essas experiências como atos cie pensamento<br />

indistinto, etc, e que é inerente a esses atos a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eles serem confirmados ou<br />

invalidados por meio <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> Lim<br />

tipo previamente estabelecido" (Cart. Meei,<br />

§ 37). Deste trecho significativo, <strong>de</strong>corre que<br />

a análise fenomenológica é uma análise em<br />

termos <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>; vale dizer: a possibilida<strong>de</strong><br />

é o significado primário que ela atribui ao<br />

ser. O mesmo acontece no existencialismo.<br />

Hei<strong>de</strong>gger disse: "O ser-aí, enquanto compreensão,<br />

projeta o seu S. em possibilida<strong>de</strong>s"<br />

(Sein itucl Zeit, § 52); na realida<strong>de</strong>, todas as<br />

análises cie Hei<strong>de</strong>gger têm como tema as<br />

possibilida<strong>de</strong>s do ser-aí, que constituem o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!