22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MATEMÁTICA 643 MATEMÁTICA<br />

za, dureza e seu contrário, calor e frio, e das<br />

outras qualida<strong>de</strong>s opostas, limitando-se a consi<strong>de</strong>rar<br />

apenas a quantida<strong>de</strong> e a continuida<strong>de</strong>,<br />

ora em uma só dimensão, ora em duas, ora em<br />

três, bem como os caracteres <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s,<br />

na medida em que são quantitativas e continuativas,<br />

<strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado qualquer outro aspecto<br />

<strong>de</strong>las. Conseqüentemente, estuda as posições<br />

relativas e o que é inerente a elas: comensurabilida<strong>de</strong><br />

ou incomensurabilida<strong>de</strong> e proporções"<br />

(AM., XI, 3, 1601 a 28; cf. Ms., II, 193 b 25).<br />

Esse conceito <strong>de</strong> M. persistiu por muito tempo<br />

e só no século passado começou a parecei' insuficiente<br />

para exprimir todos os aspectos <strong>de</strong>sse<br />

campo <strong>de</strong> estudos. O próprio Kant traduzia-o<br />

para a linguagem <strong>de</strong> sua <strong>filosofia</strong>. Para ele, a M.<br />

distinguia-se da <strong>filosofia</strong> porque, enquanto esta<br />

proce<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> conceitos, a M. proce<strong>de</strong><br />

por meio da construção <strong>de</strong> conceitos; mas a<br />

construção <strong>de</strong> conceitos só é possível em VI.<br />

com base na intuição aprioricio espaço, que é<br />

a forma da quantida<strong>de</strong> em geral. E diz: "Quem<br />

pensou distinguir a <strong>filosofia</strong> da M. dizendo que<br />

esta tem como objeto apenas a quantida<strong>de</strong> tomou<br />

o efeito pela causa. A forma do conhecimento<br />

da M. é a causa <strong>de</strong> ela po<strong>de</strong>r referir-se<br />

unicamente a quantida<strong>de</strong>s. Na verda<strong>de</strong>, só o<br />

conceito <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser construído,<br />

ou seja, exposto apríorinâ intuição do espaço"<br />

(Crít. R. Pura, Dout. do mét., cap. I, seç. 1). O<br />

conceito <strong>de</strong> M. como construção— portanto,<br />

<strong>de</strong> algum modo como intuição— retornou na<br />

M. contemporânea (v. mais adiante, n. 4). Mas<br />

o conceito <strong>de</strong> M. como ciência da quantida<strong>de</strong><br />

íoi repetido numerosas vezes pelos tilósolos.<br />

As longas e fantásticas di.squisiçòes cie Hegcl<br />

sobre os conceitos fundamentais da M., na gran<strong>de</strong><br />

Lógica, baseiam-se nele (Wisseuschaft<strong>de</strong>rLogik,<br />

I. I, seç. II). F. mesmo muito mais tar<strong>de</strong>, Croce<br />

reteria-se <strong>de</strong>stemidamente a esse conceito: "As<br />

M. fornecem conceitos abstratos que possibilitam<br />

o juízo numérico; constróem os instrumentos<br />

para contar e calcular e para realizar aquela<br />

espécie <strong>de</strong> falsa síntese apriori, que é a numeração<br />

dos objetos individuais" (Lógica, 1920, p.<br />

238).<br />

2 a A segunda concepção fundamental cia M.<br />

consi<strong>de</strong>ra-a como ciência das relações, portanto<br />

estreitamente ligada à lógica ou parte <strong>de</strong>sta.<br />

Os antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ssa concepção po<strong>de</strong>m ser<br />

encontrados em Descartes, que afirmava: "Embora<br />

as ciências comumente chamadas <strong>de</strong> matemáticas<br />

tenham objetos diferentes, estão <strong>de</strong><br />

acordo quanto a consi<strong>de</strong>rarem apenas a.s diver-<br />

sas relações ou proporções neles encontradas"<br />

(Discours, II). O conceito leibniziano <strong>de</strong> ars<br />

comhincitoria (v.) ou M universal sem dúvida<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o início do conceito da<br />

M. como lógica, mas não impedia que o próprio<br />

Leibniz a<strong>de</strong>risse ainda ao conceito tradicional<br />

<strong>de</strong> M. como arte da quantida<strong>de</strong> (Dearte<br />

combitiatoria, 1666. Froemium, 7, em Op., ed.<br />

Erdmann, p. 8). Obviamente, a estreita conexão<br />

da M. com a lógica começou a evi<strong>de</strong>nciarse<br />

como característica da M. só quando a lógica<br />

assumiu a forma <strong>de</strong> cálculo matemático. Segundo<br />

Boole. uma vez. que "as últimas leis da lógica<br />

têm forma matemática", a apresentação da<br />

lógica em forma <strong>de</strong> cálculo não é arbitrária,<br />

mas representa algo que <strong>de</strong>corre das próprias<br />

leis do pensamento (Laws oj 'Ihougbt, 185),<br />

cap. I, § 10). Os estudos <strong>de</strong> Declekind sobreos<br />

fundamentos da aritmética (Was sínd un<br />

solleu die Zahlen?. 1887) seguem a mesma<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> idéias. Mas quem mais contribuiu<br />

para inscrever a M. no domínio da lógica foi<br />

Frege e sua polêmica contra o psicologismo.<br />

F.m um ensaio <strong>de</strong> 1884, Frege mostrava a importância<br />

do conceito <strong>de</strong> relação para a <strong>de</strong>finição<br />

do número natural; dizia: "O conceito <strong>de</strong><br />

relação pertence — tanto quanto o conceito<br />

simples — ao campo da lógica pura. Aqui não<br />

interessa o conteúdo especial da relação, mas<br />

exclusivamente sua forma lógica. Se algo po<strong>de</strong><br />

ser afirmado sobre ela, a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse algo é<br />

analítica e reconhecida a priori" (Hine logisbmathematische<br />

lintersuchung über<strong>de</strong>n Begriff<br />

<strong>de</strong>r Zabl, 1884, § 70, trad. it., em Aritmética e<br />

lógica, p. 139).<br />

A partir daí. po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar consolidada<br />

a conexão da M. com a lógica através da<br />

teoria das relações; essa conexão foi constantemente<br />

pressuposta nas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> M.<br />

Todavia mesmo as <strong>de</strong>finições que têm esse<br />

fundamento em comum foram formuladas cie<br />

modos diferentes. A formulação mais óbvia<br />

<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>ste tipo é a que consi<strong>de</strong>ra<br />

a M. como "teoria das relações". Poincaré expunha<br />

essa <strong>de</strong>finição na forma geral, afirmando:<br />

"A ciência é um sistema <strong>de</strong> relações. Só nas<br />

relações <strong>de</strong>ve-se buscar objetivida<strong>de</strong>, e seria<br />

vão buscá-la nos seres isolados" (La valeur <strong>de</strong><br />

iascience, 1905, p. 266). Esse conceito foi adotado<br />

por Russell, que via a coincidência entre<br />

M. e lógica justamente no âmbito da teoria das<br />

relações e julgava que o tema comum das duas<br />

ciências era a forma dos enunciados, <strong>de</strong>finida<br />

como "aquilo que permanece invariável quan-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!