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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ADOPCIONISMO 19 AFECÇÃO ou AFEIÇÃO<br />

nela algum raciocínio ou <strong>de</strong> fazer, a partir <strong>de</strong>la,<br />

alguma inferência. Ou ainda: o ato <strong>de</strong> admitir<br />

tal proposição. A proposição admitida po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada verda<strong>de</strong>ira, falsa, provável ou indiferente;<br />

se consi<strong>de</strong>rada verda<strong>de</strong>ira, chama-se<br />

axioma; se provável, hipótese, se indiferente,<br />

postulado. Mas po<strong>de</strong> ser admitida só com a finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser refutada, mediante redução ao<br />

absurdo. A A. distingue-se <strong>de</strong> assunção (v.)<br />

porque aquela diz respeito a uma proposição<br />

cuja escolha ou proposta, como base <strong>de</strong> raciocínio,<br />

já foi feita por outros.<br />

ADOPCIONISMO (in. Adoptionism; fr. Adoptionisme,<br />

ai. Adoptionismus; it. Adozionismo).<br />

Doutrina segundo a qual Cristo, em sua natureza<br />

humana, é consi<strong>de</strong>rado Filho <strong>de</strong> Deus só<br />

por adoção. Essa doutrina compareceu várias<br />

vezes na história da Igreja. Foi ensinada por<br />

Teodoro, bispo <strong>de</strong> Mopsuéstia, por volta <strong>de</strong><br />

400; foi retomada no séc. VIII por alguns bispos<br />

espanhóis, combatida por Alcuíno e con<strong>de</strong>nada<br />

pelo Concilio <strong>de</strong> Frankfurt <strong>de</strong> 794. Essa doutrina<br />

implicava a in<strong>de</strong>pendência da natureza humana<br />

em relação a Deus e, daí, o dualismo entre natureza<br />

humana e natureza divina: dualismo<br />

inadmissível do ponto <strong>de</strong> vista da dogmática<br />

cristã.<br />

AD VERECUNDIAM. É assim que Locke<br />

<strong>de</strong>nominou a argumentação que consiste "em<br />

citar as opiniões <strong>de</strong> homens que por talento,<br />

doutrina, eminência, po<strong>de</strong>r ou algum outro<br />

motivo obteve fama e firmaram reputação<br />

na estima comum com alguma espécie <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>"<br />

(Ensaio, IV, 17, 19). É o apelo à autorida<strong>de</strong>.<br />

AFASIA (gr. cKpocotoc; in. Aphasia; fr. Aphasie,<br />

ai. Aphasie, it. Afasia). Em sentido filosófico,<br />

é a atitu<strong>de</strong> dos céticos na medida em que<br />

se abstêm <strong>de</strong> pronunciar-se, <strong>de</strong> afirmar ou <strong>de</strong><br />

negar alguma coisa a respeito <strong>de</strong> tudo o que é<br />

"obscuro", isto é, que não move a sensibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> forma a produzir uma modificação que induza<br />

necessariamente a assentir. A A. é, assim,<br />

a abstenção do juízo vinculada à suspensão do<br />

assentimento (v.) (SEXTO EMPÍRICO, Pirr. hyp.,<br />

I, 20, 192 ss.).<br />

AFECÇÃO ou AFEIÇÃO (gr. náGoç; lat.<br />

Passio; in. Affection; fr. Affectíon; ai. Affektion;<br />

it. Affezíone). Esse termo, que às vezes é usado<br />

indiscriminadamente por afeto (v.) e paixão<br />

(v.), po<strong>de</strong> ser distinguido <strong>de</strong>stes, com base no<br />

uso predominante na tradição filosófica, pela<br />

sua maior extensão e generalida<strong>de</strong>, porquanto<br />

<strong>de</strong>signa todo estado, condição ou qualida<strong>de</strong><br />

que consiste em sofrer uma ação ou em ser influenciado<br />

ou modificado por ela. Nesse sentido,<br />

um afeto (que é uma espécie <strong>de</strong> emoção<br />

[v.]), ou uma paixão, é também uma A., na<br />

medida em que implica uma ação sofrida, mas<br />

também tem outras características que fazem<br />

<strong>de</strong>le uma espécie particular <strong>de</strong> afeição. Dizemos<br />

comumente que um metal é afetado pelo<br />

ácido, ou que fulano tem uma afecçâo pulmonar,<br />

ao passo que reservamos as palavras "afeto"<br />

e "paixão" para situações humanas, que<br />

apresentam todavia certo grau <strong>de</strong> passivida<strong>de</strong><br />

por serem estimuladas ou ocasionadas por<br />

agentes externos.<br />

Nesse sentido generalíssimo, Aristóteles enten<strong>de</strong>u<br />

a palavra 7iá0oç, que consi<strong>de</strong>rou como<br />

uma das <strong>de</strong>z categorias e exemplificou com<br />

"ser cortado, ser queimado" (Cat., 2 a 3); chamou<br />

<strong>de</strong> afetivas (7ioc9rjT.iKca) as qualida<strong>de</strong>s sensíveis<br />

porque cada uma <strong>de</strong>las produz uma A.<br />

dos sentidos (ibid., 9 b 6). Além disso, ao <strong>de</strong>clarar,<br />

no princípio <strong>de</strong> De anima, o objetivo <strong>de</strong><br />

sua investigação, Aristóteles enten<strong>de</strong>u que visava<br />

conhecer (além da natureza e da substância<br />

da alma) tudo o que acontece i. alma, isto é,<br />

tanto as A. que pareçam suas, quanto as que<br />

ela tem em comum com a alma dos animais<br />

(Dean., I, 1, 402 a 9). No referido texto a palavra<br />

A. (rax0r|) <strong>de</strong>signa o que acontece à alma,<br />

isto é, qualquer modificação que ela sofra. O<br />

caráter passivo das A. da alma, caráter que parecia<br />

ameaçar-lhe a autonomia racional, levou<br />

os estóicos a <strong>de</strong>clarar irracionais, logo más, todas<br />

as emoções (DIÓG. L, VII, 110): don<strong>de</strong> a<br />

conotação moralmente negativa que assumiu a<br />

expressão "A. da alma", revelada claramente<br />

em expressões como perturbatio animí, ou<br />

concitatio animí, usadas por Cícero (Tusc, IV,<br />

6, 11-14) e por Sêneca (Ep., 116), e expressamente<br />

consi<strong>de</strong>radas por S. Agostinho (De civ.<br />

Dei, IX, 4) como sinônimos <strong>de</strong> affectio e<br />

affectus (emoção). Mas S. Agostinho e, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>le, os escolásticos mantiveram o ponto <strong>de</strong><br />

vista aristotélico da neutralida<strong>de</strong> das A. da<br />

alma sob o ponto <strong>de</strong> vista moral, no sentido <strong>de</strong><br />

que elas po<strong>de</strong>m ser boas ou más, segundo sejam<br />

mo<strong>de</strong>radas ou não pela razão; ponto <strong>de</strong><br />

vista que S. Tomás <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u referindo-se precisamente<br />

a Aristóteles e a S. Agostinho (S. Th.,<br />

II, I, q. 24, a. 2).<br />

A noção <strong>de</strong> modificação sofrida, isto é, <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> ou condição produzida por uma<br />

ação externa, mantém-se constante na tradição<br />

filosófica e exprime-se o mais das vezes com a

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