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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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CONCEITO 164 CONCEITO<br />

com a causa i<strong>de</strong>al na formação das coisas do<br />

mundo (Tini., 68 e).<br />

CONCEITO (gr. Xóyoç, lat. Conceptus; in.<br />

Concept; fr. Concept; ai. Begriff, it. Conceito).<br />

Em geral, todo processo que torne possível a<br />

<strong>de</strong>scrição, a classificação e a previsão dos objetos<br />

cognoscíveis. Assim entendido, esse termo<br />

tem significado generalíssimo e po<strong>de</strong> incluir<br />

qualquer espécie <strong>de</strong> sinal ou procedimento semântico,<br />

seja qual for o objeto a que se refere,<br />

abstrato ou concreto, próximo ou distante, universal<br />

ou individual, etc. Po<strong>de</strong>-se ter um C. <strong>de</strong><br />

mesa tanto quanto do número 3, <strong>de</strong> homem<br />

tanto quanto <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong> gênero e espécie (os<br />

chamados universais [v.]) tanto quanto <strong>de</strong> uma<br />

realida<strong>de</strong> individual, como p. ex. <strong>de</strong> um período<br />

histórico ou <strong>de</strong> uma instituição histórica (o<br />

"Renascimento" ou o "Feudalismo"). Embora o<br />

C. seja normalmente indicado por um nome<br />

não é o nome, já que diferentes nomes po<strong>de</strong>m<br />

exprimir o mesmo C. ou diferentes conceitos<br />

po<strong>de</strong>m ser indicados, por equívoco, pelo mesmo<br />

nome. O C, além disso, não é um elemento simples<br />

ou indivisível, mas po<strong>de</strong> ser constituído por<br />

um conjunto <strong>de</strong> técnicas simbólicas extremamente<br />

complexas, como é o caso das teorias<br />

científicas que também po<strong>de</strong>m ser chamadas <strong>de</strong><br />

C. (o C. da relativida<strong>de</strong>, o C. <strong>de</strong> evolução, etc).<br />

O C. tampouco se refere necessariamente a coisas<br />

ou fatos reais, já que po<strong>de</strong> haver C. <strong>de</strong><br />

coisas inexistentes ou passadas, cuja existência<br />

não é verificável nem tem um sentido específico.<br />

Enfim, o alegado caráter <strong>de</strong> universalida<strong>de</strong><br />

subjetiva ou valida<strong>de</strong> intersubjetiva do C.<br />

na realida<strong>de</strong> é simplesmente a sua comunicabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> signo lingüístico: a função primeira<br />

e fundamental do C. é a mesma da linguagem,<br />

isto é, a comunicação.<br />

A noção <strong>de</strong> C. dá origem a dois problemas<br />

fundamentais: um sobre a natureza do C. e<br />

outro sobre a função do C. Esses dois problemas<br />

po<strong>de</strong>m coincidir, mas não coinci<strong>de</strong>m necessariamente.<br />

A) O problema da natureza do C. recebeu<br />

duas soluções fundamentais: I a o C. é a essência<br />

das coisas, mais precisamente a sua essência<br />

necessária, pela qual não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong><br />

modo diferente daquilo que são; 2- o C. é um<br />

signo.<br />

PA concepção do C. como essência pertence<br />

ao período clássico da <strong>filosofia</strong> grega, em que<br />

o C. é assumido como o que se subtrai à diversida<strong>de</strong><br />

e à mudança <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista ou<br />

<strong>de</strong> opiniões, porque se refere às características<br />

que, sendo constitutivas do próprio objeto, não<br />

são alteradas pela mudança <strong>de</strong> perspectiva.<br />

Nos primórdios da <strong>filosofia</strong> grega, o C. apareceu<br />

como o termo conclusivo <strong>de</strong> uma indagação,<br />

prescindindo, na medida do possível, da<br />

mutabilida<strong>de</strong> das aparências e visando àquilo<br />

que o objeto é "realmente", isto é, à sua "substância"<br />

ou "essência". Para os gregos, essa busca<br />

pareceu ser a tarefa própria do homem enquanto<br />

animal racional, isto é, tarefa própria da<br />

razão; com efeito, C. e razão são <strong>de</strong>signados<br />

pelos gregos com o mesmo termo, logos. Aristóteles<br />

atribui a Sócrates o mérito <strong>de</strong> haver <strong>de</strong>scoberto<br />

"o raciocínio indutivo e a <strong>de</strong>finição do<br />

universal, duas coisas que se referem ao princípio<br />

da ciência" (Mel, XIII, 4,1.078 b). Esse mesmo<br />

mérito é atribuído a Sócrates por Xenofonte<br />

(Mem., IV, 6, 1): Sócrates mostrou como o<br />

raciocínio indutivo leva à <strong>de</strong>finição do C; e o<br />

C. exprime a essência ou a natureza <strong>de</strong> uma<br />

coisa, o que a coisa verda<strong>de</strong>iramente é. Platão<br />

faz do universal socrático a própria realida<strong>de</strong>.<br />

O belo, o bem, o justo são substâncias, isto é,<br />

realida<strong>de</strong>s no sentido forte do termo, realida<strong>de</strong>s<br />

absolutas. Platão emprega os mesmos termos<br />

(substância, espécie, forma ou simplesmente<br />

entes) para indicar as realida<strong>de</strong>s últimas<br />

como "em si mesmas" e como são "em nós"<br />

(isto é, como C). A mente humana contém "a<br />

verda<strong>de</strong> dos entes" (Men., 86 a-b); ela encontra<br />

já como suas as substâncias que constituem a<br />

estrutura fundamental da realida<strong>de</strong> (Fed., 76<br />

d-e). Aristóteles, nesse ponto, só faz reproduzir<br />

e articular numa doutrina bem mais complexa<br />

o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Platão. O C. (logos) é o que<br />

circunscreve ou <strong>de</strong>fine a substância ou a essência<br />

necessária <strong>de</strong> uma coisa (Dean., II, 1, 412 b<br />

16); por isso, ele é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do gerar-se e<br />

corromper-se das coisas e não po<strong>de</strong> ser produzido<br />

ou <strong>de</strong>struído por tais processos (Mel, VII,<br />

15,1.039 b 23). Em outros termos, para Aristóteles,<br />

o C. é idêntico à substância, que é a estrutura<br />

necessária do ser, aquilo pelo qual todo<br />

ser não po<strong>de</strong> ser diferente do que é (v. SUBS-<br />

TÂNCIA). Essas <strong>de</strong>terminações são típicas da concepção<br />

do C. como essência. Com relação a<br />

elas, o caráter da universalida<strong>de</strong> aparece como<br />

secundário e <strong>de</strong>rivado: por universal, diz Aristóteles,<br />

entendo "o que é inerente ao sujeito<br />

em qualquer caso e por si, na medida em que<br />

um sujeito é o que é" (An. post., I, 4, 73 b 25<br />

ss.). Ora, "o que é inerente ao sujeito em qualquer<br />

caso e por si, etc." nada mais é do que a

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