22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

IGNORÂNCIA 534 ILUMINISMO 2<br />

IGNORÂNCIA (lat. Ignorantia; in. Ignorance-,<br />

fr. Ignorance; ai. Unwissenheit; it. Ignoranzd).Imperfeição<br />

do conhecimento, mais<br />

precisamente a <strong>de</strong>ficiência, inseparável do saber<br />

humano e <strong>de</strong>vida às limitações do homem.<br />

Kant distinguiu a I. em objetiva e subjetiva. A I.<br />

objetiva consiste na <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> conhecimentos<br />

<strong>de</strong> fato (I. material) ou na <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong><br />

conhecimentos racionais (I. formal). AI. swfojetiva<br />

é I. douta ou científica (<strong>de</strong> quem conhece<br />

os limites do conhecimento) [V. DOUTA<br />

IGNORÂNCIA] OU I. comum, que é a I. do ignorante.<br />

Kant acrescenta que a I. é inculpávelnas<br />

coisas cujo conhecimento ultrapassa o horizonte<br />

comum, mas é culpávelnas coisas cujo saber<br />

é necessário e atingível (Logik, Intr., VI). Esta<br />

observação <strong>de</strong> Kant ainda hoje é válida.<br />

IGNORATIO ELENCHI (gr. è>iéY%o\) ccyvota).<br />

Uma das falácias extra dictionem enumeradas<br />

por Aristóteles (El. sof, 6, 168 a 18), mais<br />

precisamente a que consiste na ignorância daquilo<br />

que se <strong>de</strong>ve provar contra o adversário<br />

(cf. também PEDRO HISPANO, Summ. log., 7. 54;<br />

e ARNAULD, Log., III, 19, D (V. FALÁCIA).<br />

IGUALDADE (gr. ioóxriç; lat. Aequalitas; in.<br />

Equality; fr. Égalité; ai. Gleichheit; it. Éguaglianza).<br />

Relação entre dois termos, em que<br />

um po<strong>de</strong> substituir o outro. Geralmente, dois<br />

termos são consi<strong>de</strong>rados iguais quando po<strong>de</strong>m<br />

ser substituídos um pelo outro no mesmo contexto,<br />

sem que mu<strong>de</strong> o valor do contexto. Esse<br />

significado foi estabelecido por Leibniz (Op.,<br />

ed. Gerhardt, VII, p. 228), mas Aristóteles limitava<br />

o significado <strong>de</strong>ssa palavra ao âmbito da<br />

categoria.<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, e que dizia eram iguais<br />

as coisas "que têm em comum a quantida<strong>de</strong>"<br />

(Met., IV, 15, 1021 a 11).<br />

A noção <strong>de</strong> I. assim generalizada (como<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituição) presta-se tanto<br />

para as relações puramente formais <strong>de</strong> equivalência<br />

ou <strong>de</strong> equipolência quanto às relações<br />

políticas, morais e jurídicas que se <strong>de</strong>nominam<br />

<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>. P. ex., a I. dos cidadãos perante<br />

a lei po<strong>de</strong> ser reduzida à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

substituição dos cidadãos nas situações previstas<br />

pela lei sem que mu<strong>de</strong> o procedimento da<br />

lei, <strong>de</strong> tal forma que, p. ex., o réu por um crime<br />

d nas circunstâncias c po<strong>de</strong> ser substituído<br />

por qualquer outro réu do mesmo crime na<br />

mesma circunstância, sem que o procedimento<br />

legal seja alterado. Do mesmo modo,<br />

po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>screver a I. moral ou jurídica dizendo<br />

que, nela, x, que se encontre em <strong>de</strong>terminadas<br />

condições, possui prerrogativas<br />

ou possibilida<strong>de</strong>s não diferentes das possuídas<br />

por qualquer outro x nas mesmas condições.<br />

Esta claro que o juízo <strong>de</strong> I. só po<strong>de</strong> ser<br />

pronunciado com base em <strong>de</strong>terminado contexto,<br />

com base na <strong>de</strong>terminação das condições<br />

às quais os termos <strong>de</strong>vem satisfazer para<br />

serem consi<strong>de</strong>rados substituíveis (cf. PEIRCE, Coll.<br />

Pap., 3 42-44).<br />

ILAÇÃO (lat. Illatio; in. Illatíon; fr. Illation;<br />

it. Illazíone). Em Apuleio e Boécio, esse termo<br />

traduz o estóico èTtupopá; indica a proposição<br />

na qual se conclui um silogismo. Esse termo<br />

<strong>de</strong>saparece na lógica medieval, sendo substituído<br />

por conclusio, para reaparecer na ida<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna indicando a complexa operação mental-discursiva<br />

graças à qual se chega a estabelecer<br />

<strong>de</strong>terminada proposição, ou essa mesma<br />

proposição. G. P.<br />

ILIACE. V. PURPUREA.<br />

ILIMITADO (in. Boundless; fr. Illimité; ai.<br />

Unbegrenzi; it. Illimitatd). A distinção entre<br />

infinito e ilimitado foi feita por Aristóteles, que<br />

<strong>de</strong>nominava o ilimitado <strong>de</strong> "infinito por semelhança".<br />

Enquanto no infinito é sempre possível<br />

tomar uma nova parte, mas essa parte é<br />

sempre nova, no I. a parte que se po<strong>de</strong> tomar<br />

nem sempre é nova. Um anel sem engaste é<br />

um exemplo <strong>de</strong> I.: é possível ir sempre além,<br />

ao longo <strong>de</strong> sua circunferência, mas estar-se-á<br />

passando sempre pelos mesmos pontos (Eis,<br />

III, 6, 207 a 2). Essa distinção, que ficou esquecida<br />

durante séculos, foi retomada por<br />

Einstein quando este afirmou que o mundo é<br />

finito e ao mesmo tempo I., exatamente no<br />

sentido aristotélico (Über die spezielle und die<br />

allgemeíne Relativitãtstheorie, 1921, § 31; cf.<br />

EDDINGTON, The Nature ofthe Physical World,<br />

1928, pp. 80-81)<br />

ILOCUÇÃO. V. PERFORMATIVO.<br />

ILUMINISMO 1 (in. Illuminism; fr. Illuminisme;<br />

ai. Illuminatísm; it. Illuminatismo). Pretensão<br />

<strong>de</strong> ter visão pessoal e direta <strong>de</strong> Deus ou<br />

das realida<strong>de</strong>s transcen<strong>de</strong>ntes. Esse termo foi<br />

<strong>de</strong>finido por Kant como "uma espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia<br />

baseada em inspirações pessoais que<br />

po<strong>de</strong>m diferir, <strong>de</strong> acordo com a cabeça <strong>de</strong> cada<br />

um" (Religion, III, V; B 143).<br />

ILUMINISMO 2 (in. Enlightenment; fr. Philosophie<br />

<strong>de</strong>s lumières; ai. Aufklãrung; it. Illuminismo).<br />

Linha filosófica caracterizada pelo empenho<br />

em esten<strong>de</strong>r a razão como crítica e guia<br />

a todos os campos da experiência humana.<br />

Nesse sentido, Kant escreveu: "O I. é a saída<br />

dos homens do estado <strong>de</strong> minorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!