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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EXISTENCIAL e EXISTENCIARIO 402 EXISTENCIA1ISMO<br />

campo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s para estabelecer a distinção<br />

entre as possibilida<strong>de</strong>s efetivas ou autênticas<br />

e as fictícias. Os domínios da indagação<br />

científica e da ativida<strong>de</strong> humana em geral po<strong>de</strong>m<br />

ser consi<strong>de</strong>rados campos <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />

nesse sentido (cf. ABBAGNANO, Struttura <strong>de</strong>lVE.,<br />

1939; IntroduzionealVesistenzialismo, 1942, Aed.,<br />

1956; Possibilita e liberta, 1957).<br />

EXISTENCIAL e EXISTENCIÁRIO (ai. Existential,<br />

existentiell). A diferença entre esses dois<br />

termos foi estabelecida por Hei<strong>de</strong>gger, no sentido<br />

<strong>de</strong> que o primeiro significa uma <strong>de</strong>terminação<br />

constitutiva da existência, uma característica<br />

ou um caráter essencial <strong>de</strong>la (correspon<strong>de</strong>nte<br />

à categoria para as coisas), cuja<br />

<strong>de</strong>terminação cabe à ontologia, ao passo que<br />

o segundo <strong>de</strong>signa a compreensão que cada<br />

homem tem <strong>de</strong> sua própria existência ao <strong>de</strong>cidir<br />

sobre as possibilida<strong>de</strong>s que a constituem<br />

ou escolhê-las (Sein undZeit, §§ 4, 9). A análise<br />

<strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>gger é existencial porque ten<strong>de</strong> a<br />

rastrear as características essenciais e peculiares<br />

à existência, ou seja, a construir uma<br />

ontologia cujo objeto é o ser da existência. A<br />

análise <strong>de</strong> Jaspers, ao contrário, mantém-se, e<br />

quer manter-se, no plano existenciãrio. Jaspers,<br />

com efeito, repudia a ontologia no sentido <strong>de</strong><br />

ciência objetiva que consi<strong>de</strong>ra os caracteres<br />

essenciais da existência (Phil., I, 24) e julga<br />

que a única análise possível da existência é ao<br />

mesmo tempo escolha e <strong>de</strong>cisão, ou seja, pensamento<br />

existenciário (Ibid., I, 13 ss.; II, 1 ss.,<br />

etc).<br />

EXISTENCIAIISMO (in. Existentialism; fr.<br />

Exístentialísme, ai. Existentialismus; it. Esistenzialismó).<br />

Costuma-se indicar por esse termo,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1930 aproximadamente, um conjunto <strong>de</strong><br />

<strong>filosofia</strong>s ou <strong>de</strong> correntes filosóficas cuja marca<br />

comum não são os pressupostos e as conclusões<br />

(que são diferentes), mas o instrumento<br />

<strong>de</strong> que se valem: a análise da existência. Essas<br />

correntes enten<strong>de</strong>m a palavra existência (v.)<br />

no significado 3 B , vale dizer, como o modo <strong>de</strong><br />

ser próprio do homem enquanto é um modo<br />

<strong>de</strong> ser no mundo, em <strong>de</strong>terminada situação,<br />

analisável em termos <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>. A análise<br />

existencial é, portanto, a análise das situações<br />

mais comuns ou fundamentais em que o<br />

homem vem a encontrar-se. Nessas situações,<br />

obviamente, o homem nunca é e nunca encerra<br />

em si a totalida<strong>de</strong> infinita, o mundo, o ser ou<br />

a natureza. Portanto, para o E., o termo existência<br />

tem significado completamente diferente<br />

do <strong>de</strong> outros termos como consciência, espíri-<br />

to, pensamento, etc, que servem para interiorizar<br />

ou, como se diz, tornar "imanente" no<br />

homem a realida<strong>de</strong> ou o mundo em sua totalida<strong>de</strong>.<br />

Existir significa relacionar-se com o<br />

mundo, ou seja, com as coisas e com os outros<br />

homens, e como se trata <strong>de</strong> relações<br />

não-necessárias em suas várias modalida<strong>de</strong>s,<br />

as situações em que elas se configuram só po<strong>de</strong>m<br />

ser analisadas em termos <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />

(v.). Esse tipo <strong>de</strong> análise foi possibilitada<br />

pela fenomenologiaiy?) <strong>de</strong> Husserl, que elaborou<br />

o conceito <strong>de</strong> transcendência (v.). Segundo<br />

esse conceito, nas relações entre sujeito<br />

cognoscente e objeto conhecido ou, em<br />

geral, entre sujeito e objeto (não só no conhecimento,<br />

mas também no <strong>de</strong>sejo, na volição,<br />

etc), o objeto não está <strong>de</strong>ntro do sujeito,<br />

mas permanece fora, e dá-se a ele "em<br />

carne e osso" (J<strong>de</strong>en, I, § 43). Esse conceito<br />

manteve-se rigoroso na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Husserl,<br />

mas exerceu gran<strong>de</strong> influência no E., para o<br />

qual as relações entre o ser-aí (isto é, o ente<br />

que existe, o homem) e o mundo sempre se<br />

configuraram como transcendência.<br />

Essa formulação do problema filosófico<br />

opõe o E. a todas as formas, positivistas ou i<strong>de</strong>alistas,<br />

do romantismo oitocentista. O romantismo<br />

afirma que no homem age uma força infinita<br />

(Humanida<strong>de</strong>, Razão, Absoluto, Espírito,<br />

etc.) <strong>de</strong> que ele é apenas manifestação. O E.<br />

afirma que o homem é uma realida<strong>de</strong> finita,<br />

que existe e age por sua própria conta e risco.<br />

O romantismo afirma que o mundo em que o<br />

homem se encontra, como manifestação da<br />

força infinita que age no homem, tem uma<br />

or<strong>de</strong>m que garante necessariamente o êxito<br />

final das ações humanas. O E. afirma que o<br />

homem está "lançado no mundo", ou seja, entregue<br />

ao <strong>de</strong>terminismo do mundo, que po<strong>de</strong> tornar<br />

vãs ou impossíveis as suas iniciativas. O<br />

romantismo afirma que a liberda<strong>de</strong>, como ação<br />

do princípio infinito, é infinita, absoluta, criadora<br />

e capaz <strong>de</strong> produções novas e originais a<br />

cada momento. O E. afirma que a liberda<strong>de</strong> do<br />

homem é condicionada, finita e obstada por<br />

muitas limitações que a todo momento po<strong>de</strong>m<br />

torná-la estéril e fazê-la reincidir no que já foi<br />

ou já foi feito. O romantismo afirma o progresso<br />

contínuo e fatal da humanida<strong>de</strong>. O E. <strong>de</strong>sconhece<br />

ou ignora a noção <strong>de</strong> progresso porque<br />

não po<strong>de</strong> entrever nenhuma garantia <strong>de</strong>le. O<br />

romantismo tem sempre certa tendência espiritualista,<br />

ten<strong>de</strong> a exaltar a importância da interiorida<strong>de</strong>,<br />

da espiritualida<strong>de</strong> e dos valores ditos

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