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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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GEOMETRIA 484 GERAL<br />

das proprieda<strong>de</strong>s projetivas das figuras, 1822),<br />

consistia em sua invariância, ou seja, em permanecerem<br />

as mesmas ao longo das transformações<br />

que as figuras sofriam com a projeção. Em<br />

1847, a G. <strong>de</strong> posição <strong>de</strong> Staudt, realizando<br />

uma exposição rigorosa da G. <strong>de</strong>scritiva, mostrava<br />

que ela podia absorver em si toda a ciência<br />

geométrica. Nessa mesma linha, o passo <strong>de</strong>cisivo<br />

foi dado por Felice Klein com seu programa<br />

<strong>de</strong> Erlangen, que constituiu a aula inaugural<br />

dada nessa Universida<strong>de</strong> em 1872. Segundo<br />

Klein, a G. nada mais é que o estudo das<br />

proprieda<strong>de</strong>s invariáveis em relação a um grupo<br />

<strong>de</strong> transformações, enten<strong>de</strong>ndo por grupo<br />

<strong>de</strong> transformações um conjunto <strong>de</strong> transformações<br />

em que, ao lado <strong>de</strong> cada transformação<br />

também está a transformação inversa (a que<br />

<strong>de</strong>strói o efeito da primeira). Desse ponto <strong>de</strong><br />

vista, as proprieda<strong>de</strong>s a serem consi<strong>de</strong>radas<br />

"geométricas" <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do grupo <strong>de</strong> operações<br />

consi<strong>de</strong>rado fundamental. Quando este<br />

último varia, também varia o significado do<br />

termo geometria. Cayley <strong>de</strong>monstrou que o<br />

grupo fundamental da G. projetiva é mais amplo<br />

do que o das G. métricas. Outra ampliação<br />

realiza-se quando se passa da G. <strong>de</strong>scritiva à<br />

topologia (ou analysissitus[v.]), que estuda as<br />

proprieda<strong>de</strong>s invariantes em relação ao grupo<br />

generalíssimo das transformações contínuas.<br />

É fácil, portanto, perceber a diferença <strong>de</strong><br />

postura conceptual da G. contemporânea em<br />

relação à clássica. Ao contrário <strong>de</strong>sta última, a<br />

G. contemporânea não pressupõe o objeto <strong>de</strong><br />

seu estudo (o espaço), ou seja, não pressupõe<br />

que tal objeto tenha proprieda<strong>de</strong>s necessárias,<br />

expressáveis em <strong>de</strong>finições unívocas, em axiomas<br />

evi<strong>de</strong>ntes e em postulados inevitáveis. São<br />

consi<strong>de</strong>radas objeto da G. as proprieda<strong>de</strong>s que<br />

se mostrem invariantes por meio dos grupos <strong>de</strong><br />

transformações, mas ao mesmo tempo procuram-se<br />

realizar tipos <strong>de</strong> transformações sempre<br />

diferentes e consi<strong>de</strong>rar, portanto, invariâncias<br />

cada vez mais gerais. A estrutura lógica <strong>de</strong>ssa<br />

G. obviamente nada mais tem a ver com a lógica<br />

aristotélica e com a estrutura da G. euclidiana.<br />

Poincaré <strong>de</strong>screveu essa estrutura como <strong>de</strong><br />

sistemas hipotético-<strong>de</strong>dutivos (v. CONVENCIO-<br />

NALISMO). Ao mesmo tempo em que a forma lógica<br />

<strong>de</strong> tais sistemas é extremamente rigorosa<br />

e evita recorrer a elementos ou a operações<br />

intuitivas, essa G. per<strong>de</strong>u o caráter <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong><br />

racional que caracterizava a G. clássica:<br />

seu objeto não é uma substância racional, mas<br />

as invariâncias que po<strong>de</strong>m ser obtidas por meio<br />

<strong>de</strong> operações oportunas livremente escolhidas.<br />

GERAÇÃO (gr. YÉVEOIÇ; lat. Generatio; in.<br />

Generation; fr. Génération; ai. Erzeugung; it.<br />

Generazioné). Segundo Aristóteles, "a mudança<br />

que vai do não-ser ao ser do sujeito, segundo<br />

a contradição": a passagem da negação da<br />

coisa à coisa. A G. po<strong>de</strong> ser absoluta, e nesse<br />

caso é a passagem do não-ser ao ser da substância,<br />

ou qualificada, e nesse caso é a passagem<br />

do não-ser ao ser <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong> da<br />

substância (Fís., V, I 225 a 12 ss.). O oposto <strong>de</strong><br />

G. é corrupção (v.). G. e corrupção constituem<br />

a primeira das quatro espécies <strong>de</strong> mudança,<br />

mais precisamente a mudança substancial<br />

Ubid, 225 a 1) (v. DEVIR).<br />

GERAL (in. General; fr. General; ai. Gemeingültig;<br />

it. Generalè).. Essa palavra foi introduzida<br />

no uso mo<strong>de</strong>rno pelo empirismo inglês<br />

que, por meio <strong>de</strong>la, <strong>de</strong>signou o resultado <strong>de</strong><br />

uma operação <strong>de</strong> abstração; por isso, é algo diferente<br />

<strong>de</strong> universal, interpretado como natureza<br />

originária ou forma substancial. "As palavras",<br />

diz Locke, "tornam-se G. pelo fato <strong>de</strong><br />

fazermos <strong>de</strong>las signos <strong>de</strong> idéias G.; e as idéias<br />

tornam-se G. quando <strong>de</strong>las são afastadas as circunstâncias<br />

<strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> lugar, bem como <strong>de</strong><br />

qualquer outra idéia que possa <strong>de</strong>terminá-las<br />

no sentido <strong>de</strong>sta ou daquela existência particular.<br />

Com esse meio da abstração, elas adquirem<br />

a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representar mais indivíduos,<br />

cada um dos quais, tendo em si conformida<strong>de</strong><br />

com aquela idéia abstrata, é (como dizemos)<br />

daquela espécie" (Ensaio, III, 3, § 6). A idéia é<br />

G., então, quando é o resultado da abstração;<br />

a generalida<strong>de</strong> é obra do intelecto, embora a<br />

ela corresponda a semelhança das coisas naturais.<br />

Como não existem naturezas ou formas<br />

universais, o universal reduz-se ao G., e às vezes<br />

Locke emprega os dois termos como sinônimos<br />

(Jbid., III, 3, § 11). Esse termo era aceito<br />

com este sentido por Berkeley (Principies of<br />

Knowledge, Intr., § 12) e por Hume (Treatise, I,<br />

1,7). Leibniz aceitava essa palavra e seu conceito,<br />

apesar <strong>de</strong> afirmar que <strong>de</strong>sse conceito não<br />

<strong>de</strong>rivava a negação das essências universais.<br />

Dizia: "A generalida<strong>de</strong> consiste na semelhança<br />

das coisas individuais entre si, e essa semelhança<br />

é uma realida<strong>de</strong>" (Nouv. ess., III, 3, 11).<br />

Stuart Mill aceitava essa terminologia, distinguindo<br />

substantivos individuais ou singulares<br />

e substantivos G.: estes últimos possibilitariam<br />

afirmar proposições G., ou seja, "afirmar ou negar<br />

alguns predicados <strong>de</strong> um número in<strong>de</strong>fini-<br />

L

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