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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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MOBILISMO 676 MODALIDADE<br />

MOBILISMO (fr. Mobilisme). A palavra é<br />

mo<strong>de</strong>rna (cf. CHIDK, Le mobilisme mo<strong>de</strong>nw,<br />

1908); é pouco usada em italiano e em francês,<br />

mas serve para exprimir a atitu<strong>de</strong> filosófica daqueles<br />

que Platão chamava <strong>de</strong> "fluentes" (1'eet.,<br />

181 a), para quem tudo muda e nada está parado:<br />

como faziam na Antigüida<strong>de</strong> os seguidores<br />

<strong>de</strong> Heráclito e como fazem, na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna,<br />

os filósofos do <strong>de</strong>vir.<br />

MODA (in. Fashiori; fr. Mo<strong>de</strong>-, ai. Mo<strong>de</strong>, it.<br />

Moda). Kant interpretou a M. como uma forma<br />

<strong>de</strong> imitação baseada na vaida<strong>de</strong>, porquanto<br />

"ninguém quer parecer inferior aos outros,<br />

mesmo nas coisas que não têm utilida<strong>de</strong> alguma".<br />

Desse ponto cie vista, "estar na M. é questão<br />

<strong>de</strong> gosto; quem está fora <strong>de</strong> M. e a<strong>de</strong>re a<br />

um uso passado é chamado <strong>de</strong> antiquado; quem<br />

não dá valor ao fato <strong>de</strong> estar fora <strong>de</strong> M. é um<br />

excêntrico"; Kant diz que "é melhor ser louco<br />

na M. do que fora <strong>de</strong>la", e que a M. só é realmente<br />

louca quando sacrifica a utilida<strong>de</strong> ou<br />

mesmo o <strong>de</strong>ver em íavor cia vaida<strong>de</strong> (Antr., I,<br />

§ 71). Na realida<strong>de</strong>, hoje essa análise <strong>de</strong> Kant<br />

não é mais suficiente, pois se sabe que a M.<br />

infiltra-se em todos os fenômenos culturais, inclusive<br />

nos filosóficos. Na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna<br />

foram M. o cartesianismo, o iluminismo, o newtonismo,<br />

o darwinismo, o positivismo, o i<strong>de</strong>alismo,<br />

o neo-i<strong>de</strong>alismo, o pragmatismo, etc: doutrinas<br />

todas que tiveram importância <strong>de</strong>cisiva<br />

na história da cultura. Por outro lado, foram M.<br />

também movimentos culturais que pouco ou<br />

nenhum vestígio <strong>de</strong>ixaram. Po<strong>de</strong>-se dizer que<br />

a função da M. é introduzir nas atitu<strong>de</strong>s institucionais<br />

<strong>de</strong> um grupo ou, mais particularmente,<br />

em suas crenças, por meio <strong>de</strong> rápida comunicação<br />

e assimilação, atitu<strong>de</strong>s ou crenças novas<br />

que, sem a M., teriam gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para<br />

sobreviver e impor-se. Esta função específica,<br />

graças à qual a M. age como uma espécie <strong>de</strong><br />

controle que limita ou enfraquece os controles<br />

da tradição, torna inútil a exaltação ou o <strong>de</strong>sdém<br />

em relação â M.<br />

MODAL(in. Modal- fr. Module-, ai. Moda!; it.<br />

Module). Este termo <strong>de</strong>signa a proposição na<br />

qual a cópula recebe uma <strong>de</strong>terminação complementar<br />

qualquer. Para as proposições M., v.<br />

iMODAUDADE.<br />

MODAL, LEI (ai. Modules Grundgesetz).<br />

Foi assim que Hartmann chamou a redução <strong>de</strong><br />

todas as modalida<strong>de</strong>s do ser (possibilida<strong>de</strong> e<br />

necessida<strong>de</strong>) à efetivida<strong>de</strong>, isto é. ao ser <strong>de</strong><br />

fato (Mõglicbkeit und Wirklichkeit, 1938, p. 71)<br />

(v. NECESSIDADE).<br />

MODALIDADE (kit. Modulitus; in. Modality,<br />

fr. Modalité, ai. Modulitát; it. Modulitã).<br />

Diferenças <strong>de</strong> predicaçào, ou seja, diferenças<br />

que po<strong>de</strong>m ser produzidas pela referência <strong>de</strong><br />

um predicado ao sujeito da proposição. Tais<br />

diferenças foram reconhecidas pela primeira<br />

vez por Aristóteles, <strong>de</strong> acordo com seu conceito<br />

do ser predicativo (v. SER, 1), que é a inerência.<br />

Ele diz que "uma coisa é inerir, outras coisas<br />

são inerir necessariamente e po<strong>de</strong>r inerir, pois<br />

muitas coisas inerem, mas não necessariamente,<br />

outras não inerem nem necessária nem simplesmente,<br />

mas po<strong>de</strong>m inerir" (An. pr., I, 8, 29<br />

b 29). Desse modo, Aristóteles distingue: 1 Q<br />

inerência pura e simples do predicado ao sujeito;<br />

2- inerência necessária; 3 Q inerência possível.<br />

Posteriormente, os fomentadores <strong>de</strong> Aristóteles<br />

<strong>de</strong>ram o nome <strong>de</strong> modos à segunda e à<br />

terceira formas <strong>de</strong> predicaçào, e <strong>de</strong> "proposições<br />

modais" às proposições necessárias e possíveis<br />

(AMMOMO, Deinterpr., f. 171 b; BOÉCIO,<br />

De interpr, II, V, P. I... 64 Q , col. 582). Na Ida<strong>de</strong><br />

Média, <strong>de</strong>u-se o nome <strong>de</strong> proposição <strong>de</strong> inesse<br />

ou <strong>de</strong>puro inesse à proposição hoje conhecida<br />

como assertórica, e <strong>de</strong> modais ás proposições<br />

necessárias ou possíveis. (ABELARDO, Dialect., II,<br />

p. 100; PEDRO HISPANO, Summ. log., 1.3D. Na<br />

Lógica (1638) <strong>de</strong> Jungius dá-se o nome <strong>de</strong><br />

"enunciação pura" à proposição assertórica, e<br />

<strong>de</strong> "enunciação modificada ou modal" à proposição<br />

necessária ou possível. O mesmo uso íoi<br />

adotado pela Lógica <strong>de</strong> Port-Royal (I, 80. e por<br />

Wolff (Log., § 69). Po<strong>de</strong>-se dizer, portanto, que<br />

Kant nada mais fazia que reexpor esta longa<br />

tradição ao afirmar: "A M. dos juízos é uma função<br />

particular <strong>de</strong>les, que tem o seguinte caráter<br />

distintivo: não contribui em nada para o conteúdo<br />

do juízo (já cjue, além da quantida<strong>de</strong>, da<br />

qualida<strong>de</strong> e da relação, nada mais há que forme<br />

o conteúdo do juízo), mas afeta apenas o<br />

valor da cópula em relação ao pensamento em<br />

geral. Juízos problemáticos são aqueles em que<br />

se admite a afirmação ou a negação como simplesmente<br />

possível (arbitrário); assertóricos sào<br />

os juízos em que a alirmação ou a negação tem<br />

valor <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> (verda<strong>de</strong>); são apoditicosos<br />

juízos em que a afirmação ou a negação tem<br />

valor <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>' 1 (Crít. R. Pura, § 9, 4).<br />

Na lógica contemporânea o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da M. não foi levado a um grau suficiente <strong>de</strong><br />

clareza conceptual e <strong>de</strong> elaboração analítica.<br />

Isto porque a lógica contemporânea molda-se<br />

pela matemática, que praticamente ignora, ou<br />

po<strong>de</strong> ignorar, o uso das M. Nào é <strong>de</strong> surpreen-

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