22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

SUJEITO 931 SUJEITO<br />

o S. 6 o Eu, que é "S. absoluto, não representado<br />

nem representável", que "não tem nada em<br />

comum com os seres da natureza" ( Wissenschaftslehre,<br />

1794, § 3, d). Segundo Fichte, a<br />

diferença entre a Substância <strong>de</strong> Spinoza e o Eu<br />

Absoluto consiste no fato <strong>de</strong> que Spinoza não<br />

concebeu a substância como S. (Ibid., trad. it.,<br />

pp. 78 ss.). Schelling fala no mesmo sentido <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ou unida<strong>de</strong> cio S. e <strong>de</strong> objeto na<br />

ALitoconsciencia Absoluta (System <strong>de</strong>s transzen<strong>de</strong>ntalen<br />

I<strong>de</strong>alisnuts, 1800, I. cap. 11; trad. it., p.<br />

34). Por sua vez, Hegel dizia: "Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r e expressar o Verda<strong>de</strong>iro não<br />

somente como Substância, mas <strong>de</strong> maneira<br />

igualmente <strong>de</strong>cidida como S. (...) A substância<br />

viva é o ser, que na verda<strong>de</strong> 6 S. ou —<br />

o que dá na mesma — é o ser que na verda<strong>de</strong><br />

6 efetivo, mas somente na medida em que a<br />

substância é o movimento <strong>de</strong> pôr-se a si mesma<br />

ou é a mediação do vir a ser outra consigo<br />

mesma" (Phanomen. <strong>de</strong>s Geistes, Pref., II, 1).<br />

No mesmo sentido. Hegel afirma que a Idéia<br />

Absoluta 6 unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. e objeto {Ene, § 214).<br />

E acrescenta: "A unida<strong>de</strong> da idéia é subjetivida<strong>de</strong>,<br />

pensamento, infinida<strong>de</strong>, e portanto <strong>de</strong>ve ser<br />

distinguicla essencialmente da idéia corno<br />

substância do mesmo modo como se <strong>de</strong>ve fazer<br />

a distinção entre essa subjetivida<strong>de</strong> clominadora,<br />

esse pensamento, essa infinida<strong>de</strong> e<br />

a subjetivida<strong>de</strong> unilateral, o pensamento unilateral,<br />

a infinida<strong>de</strong> unilateral, ã qual ela se rebaixa<br />

ao julgar e <strong>de</strong>finir" (Ene, § 215). Logo, a<br />

subjetivida<strong>de</strong> como "subjetivida<strong>de</strong> infinita", ou<br />

seja, não intelectual, prevalece sobre a objetivida<strong>de</strong><br />

na "unida<strong>de</strong> S.-objeto" que é a Idéia<br />

ou o Absoluto. Mas Hegel também viu no S.<br />

como tal a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativa ou o<br />

princípio da ativida<strong>de</strong> em geral. "O S. é a ativida<strong>de</strong><br />

da satisfação dos impulsos, da racionalida<strong>de</strong><br />

formal, vale dizer, é a ativida<strong>de</strong> que traduz<br />

a subjetivida<strong>de</strong> do conteúdo (que sob<br />

esse aspecto é fim) na objetivida<strong>de</strong> em que o<br />

S. se conjuga consigo mesmo" (Ene, § 475).<br />

Assim como Fichte, Schopenhauer insistia na<br />

impossibilida<strong>de</strong> cie representar o S.: "Aquele<br />

que tudo conhece e não é conhecido por ninguém<br />

é o Sujeito. É ele, pois, que tem o mundo<br />

em si; é a condição universal e sempre pressuposta<br />

<strong>de</strong> qualquer fenômeno, <strong>de</strong> qualquer objeto:<br />

porque o que existe, existe para o sujeito"<br />

(l)ie Weil, I, § 2). É quase supérfluo observar<br />

como o i<strong>de</strong>alismo contemporâneo abusou <strong>de</strong>ssas<br />

noções, especialmente o i<strong>de</strong>alismo italiano.<br />

Gentile dizia: "A realida<strong>de</strong> espiritual objeto do<br />

nosso conhecimento não é espírito e fato espiritual,<br />

mas pura e simplesmente espírito, como<br />

sujeito. Como tal, ela só é conhecida na medida<br />

em que sua objetivida<strong>de</strong> se resolve na ativida<strong>de</strong><br />

real do S. que a conhece" (Teoria genercüe<br />

<strong>de</strong>llo spiríto, 1920, 11, § 3). Croce emprega a<br />

palavra S. para indicar o Espírito do Mundo, a<br />

Razão ou a Plumanicla<strong>de</strong>, que é o princípio<br />

criativo da história (Storíografia e i<strong>de</strong>alitã<br />

morale, 1950, p. 21).<br />

Ficaram poucos sinais <strong>de</strong>ssa pesada mitologia<br />

no restante da <strong>filosofia</strong> contemporânea. Por<br />

um lado, as correntes do iieocnlicismo(\.), ao<br />

insistirem no aspecto lógico-objetivo cio conhecimento,<br />

relegaram para segundo plano a função<br />

do sujeito; aliás, evitaram empregar seu<br />

conceito e o próprio termo em suas análises<br />

explicativas. Por outro lado, o S. como eu (ou o<br />

eu como S.) simplesmente <strong>de</strong>saparece em<br />

algumas <strong>filosofia</strong>s contemporâneas porque <strong>de</strong>saparece<br />

a função diretiva e construtiva que ele<br />

<strong>de</strong>veria exercer. É o que acontece, p. ex., na <strong>filosofia</strong><br />

<strong>de</strong> Mach, em que o eu se torna simplesmente<br />

um conjunto <strong>de</strong> sensações, <strong>de</strong> elementos<br />

cognoscitivos, e não tem mais função como<br />

S. (Analyse <strong>de</strong>r Empfindungen, 1900, 1, 12). Em<br />

sentido análogo, Wittgenstein diz que o S. "não<br />

existe. Se eu escrevesse um livro 'O mundo<br />

como encontrei', <strong>de</strong>veria falar também <strong>de</strong> meu<br />

corpo, e dizer quais as partes <strong>de</strong>le que obe<strong>de</strong>cem<br />

â minha vonta<strong>de</strong> e quais não, etc, o que<br />

seria um método <strong>de</strong> isolar o sujeito ou <strong>de</strong> mostrar<br />

que, em sentido importante, não há sujeito.<br />

Com efeito, não se po<strong>de</strong>ria falar <strong>de</strong>le sozinho<br />

nesse livro" (Tractatus, 1922, 5.631). O S. não<br />

existe porque "o S. não pertence ao mundo,<br />

mas é um limite do mundo" (Ibid., 5.632), no<br />

sentido <strong>de</strong> que, assim como o olho, vê tudo<br />

mas não se vê a si mesmo, e portanto se resolve<br />

inteiramente nos objetos vistos. Não é muito<br />

diferente o significado da tese <strong>de</strong> Santayana, <strong>de</strong><br />

que "o espírito não existe" (Scepticism and Animal<br />

Eaith, 1923, cap. 26). Mas mesmo quando<br />

se reconhece a existência do S., sua função é<br />

reduzida ao mínimo pela corrente realista. Ao<br />

afirmar que "S. e objeto são sempre correlativos<br />

um ao outro e por isso inseparáveis". N. Flartmann<br />

está reduzindo a função do S. a "imagem,<br />

representação ou conhecimento do objeto",<br />

excluindo inclusive a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />

ele modifique a natureza <strong>de</strong>ste (Sistematiscbe<br />

Philosopbie, 1931, § 10). Finalmente, mesmo<br />

quando não excluída, a função do S. não é<br />

consi<strong>de</strong>rada inconclicionada ou criadora, mas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!