22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

IDEALISMO 524 IDÉIA<br />

çâo do objeto <strong>de</strong> conhecimento a representação<br />

ou idéia.<br />

2- No segundo sentido, o I. constitui o nome<br />

da gran<strong>de</strong> corrente filosófica romântica que se<br />

originou na Alemanha no período pós-kantiano<br />

e que teve numerosas ramificações na<br />

<strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea <strong>de</strong> todos<br />

os países. Por seus próprios fundadores, Fichte<br />

e Schelling, esse I. foi <strong>de</strong>nominado "transcen<strong>de</strong>ntal",<br />

"subjetivo" ou "absoluto". O adjetivo<br />

transcen<strong>de</strong>ntal ten<strong>de</strong> a ligá-lo ao ponto <strong>de</strong> vista<br />

kantiano, que fizera do "eu penso" o princípio<br />

fundamental do conhecimento. A qualificação<br />

subjetivo ten<strong>de</strong> a contrapor esse I. ao ponto<br />

<strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Spinoza, que reduzira toda a realida<strong>de</strong><br />

a um único princípio, a Substância, mas<br />

enten<strong>de</strong>ra a própria substância como objeto.<br />

Por fim, o adjetivo absoluto tem por finalida<strong>de</strong><br />

frisar a tese <strong>de</strong> que o Eu ou Espírito é o princípio<br />

único <strong>de</strong> tudo, e que fora <strong>de</strong>le não existe<br />

nada. Schelling diz, ao traçar a gênese histórica<br />

do I. romântico: "Fichte libertou o eu dos revestimentos<br />

que em parte ainda o obscureciam<br />

em Kant, e colocou-o como único princípio à<br />

testa da <strong>filosofia</strong>; tornou-se assim o criador do<br />

I. transcen<strong>de</strong>ntal... O I. <strong>de</strong> Fichte é o oposto<br />

perfeito do espinosismo ou um espinosismo invertido,<br />

pois Fichte opôs ao objeto absoluto <strong>de</strong><br />

Spinoza, que aniquilava qualquer sujeito, o Sujeito<br />

em sua absolutida<strong>de</strong>, o Ato ao ser absolutamente<br />

imóvel <strong>de</strong> Spinoza; para Fichte, o eu<br />

não é, como para Descartes, um eu admitido só<br />

com o objetivo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r filosofar, mas é o eu<br />

real, o verda<strong>de</strong>iro princípio, o prius absoluto<br />

<strong>de</strong> tudo" (Münchener Vorlesungen: zur Geschichte<br />

<strong>de</strong>r neueren Philosophie, 1834, Kant,<br />

Fichte; trad. it., pp. 108-09). Hegel, que também<br />

chama <strong>de</strong> subjetivo ou absoluto o seu I.,<br />

esclarece seu princípio <strong>de</strong>sta forma: "A proposição<br />

<strong>de</strong> que o finito é o i<strong>de</strong>al constitui o i<strong>de</strong>alismo.<br />

O I. da <strong>filosofia</strong> consiste apenas nisto:<br />

em não reconhecer o finito como verda<strong>de</strong>iro<br />

ser. Toda <strong>filosofia</strong> é essencialmente I., ou pelo<br />

menos tem o I. como princípio; trata-se apenas<br />

<strong>de</strong> saber até que ponto esse princípio está efetivamente<br />

realizado. A <strong>filosofia</strong> é I. tanto quanto<br />

religião" (Wissenschaft <strong>de</strong>r Logik, I, seç. I,<br />

cap. III, nota 2, trad. it., pp. 169-70). Também<br />

receberam os nomes <strong>de</strong> I. subjetivo ou I. absoluto<br />

as <strong>de</strong>rivações contemporâneas do I. romântico,<br />

que são substancialmente duas: a<br />

anglo-americana (Green, Bradley, McTaggart,<br />

Royce, etc.) e a italiana (Gentile, Croce). Ambas<br />

as <strong>de</strong>rivações mantiveram aquilo que, para<br />

Hegel, era a principal característica do I.: a nãorealida<strong>de</strong><br />

do finito e a sua resolução no infinito.<br />

Mas, enquanto o I. italiano seguiu mais <strong>de</strong><br />

perto a corrente hegeliana, procurando estabelecer<br />

essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por via positiva, mostrando<br />

na estrutura do finito, na sua intrínseca<br />

e necessária racionalida<strong>de</strong>, a presença e a realida<strong>de</strong><br />

do infinito, o I. anglo-americano tratou <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstrar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por via negativa, mostrando<br />

que o finito, <strong>de</strong>vido à sua intrínseca<br />

irracionalida<strong>de</strong>, não é real, ou é real na medida<br />

em que revela e manifesta o infinito. O título<br />

<strong>de</strong> uma das obras fundamentais do I. inglês,<br />

Aparência e realida<strong>de</strong>(1893), <strong>de</strong> F. H. Bradley,<br />

revela já o tema dominante do I. anglo-saxão,<br />

enquanto o título da obra fundamental <strong>de</strong> Gentile,<br />

Teoria do espirito como ato puro (1916),<br />

revela a inspiração fichteana e a trilha subjetivista<br />

do I. italiano. Quanto às principais características<br />

<strong>de</strong> todas as formas do I. romântico, v.<br />

ABSOLUTO; ROMANTISMO.<br />

IDEALISMO DA LIBERDADE (ai I<strong>de</strong>alismus<br />

<strong>de</strong>r Freíheif). Um dos três tipos fundamentais<br />

<strong>de</strong> <strong>filosofia</strong>, isto é, <strong>de</strong> intuição do mundo,<br />

segundo Dilthey, mais precisamente o que é<br />

representado por Platão, pela <strong>filosofia</strong> helenístico-romana,<br />

por Cícero, pela especulação<br />

cristã, por Kant, Fichte, Maine <strong>de</strong> Biran, pelos<br />

pensadores franceses a este ligados e por<br />

Carlyle {Das Wesen <strong>de</strong>r Philosophie, 1907,<br />

III, 2; trad. it., em Critica <strong>de</strong>lia ragione storica,<br />

p. 469).<br />

IDEATO (lat. I<strong>de</strong>atum). O objeto da idéia<br />

(no 2° sentido). Spinoza, que enten<strong>de</strong> por<br />

idéia a<strong>de</strong>quada aquela que tem "as notas intrínsecas<br />

da idéia verda<strong>de</strong>ira", adverte: "Digo<br />

intrínsecas para excluir a nota que é extrínseca,<br />

ou seja, a correspondência da idéia com o<br />

seu I." (Et., II, <strong>de</strong>f. 4).<br />

IDÉIA (gr. iôéa; lat. I<strong>de</strong>a; in. I<strong>de</strong>a; fr. Idée;<br />

ai. I<strong>de</strong>e; it. I<strong>de</strong>a). Este termo foi empregado<br />

com dois significados fundamentais diferentes:<br />

1 Q como a espécie única intuível numa multiplicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> objetos; 2 S como um objeto qualquer<br />

do pensamento humano, ou seja, como<br />

representação em geral. No primeiro significado,<br />

essa palavra é empregada por Platão e Aristóteles,<br />

pelos escolásticos, por Kant e outros.<br />

No segundo significado, foi empregada por<br />

Descartes, pelos empiristas, por boa parte dos<br />

filósofos mo<strong>de</strong>rnos e é comumente usada nas<br />

línguas mo<strong>de</strong>rnas.<br />

l e No primeiro significado, a I., como unida<strong>de</strong><br />

visível na multiplicida<strong>de</strong>, tem caráter privile-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!