22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

LUGAR 632 LUGARES<br />

Hrasmo, quem não preferiria a este sábio "um<br />

homem qualquer, retirado da multidão dos homens<br />

loucos, que, conquanto louco, soubesse<br />

comandar os loucos e obe<strong>de</strong>cer a eles e fazer-se<br />

amar por todos; e que fosse complacente com<br />

a esposa, bom para os filhos, alegre nos banquetes,<br />

sociável com todos com quem convive, e<br />

por fim que não se consi<strong>de</strong>rasse alheio a tudo<br />

o que pertence à humanida<strong>de</strong>?" (/:'/., 30). A L.<br />

cie que fala F.rasmo é a simplicida<strong>de</strong> da vida,<br />

que se satisfaz nutrindo ilusões e esperanças;<br />

ou, no campo da religião, é a fé e a carida<strong>de</strong><br />

contrapostas às cerimônias exteriores, aos ritos<br />

mecanizados e à hipocrisia dos gran<strong>de</strong>s banquetes<br />

(Ibid., 54). Kssa forma <strong>de</strong> L. nada tem,<br />

obviamente, com a inspiração divina, mas é<br />

humana, laica, e por isso seu elogio é um dos<br />

documentos mais significativos do Renascimento.<br />

2. O mesmo que psicose (v.).<br />

LUGAR (gr. xónoç, lat. I.ocus; in. Place: fr.<br />

I.ieii; ai. Ort; it. Luogo). Situação <strong>de</strong> um corpo<br />

no espaço. Há duas doutrinas do L: I a <strong>de</strong><br />

Aristóteles, para quem o L. é o limite que circunda<br />

o corpo, sendo portanto uma realida<strong>de</strong><br />

autônoma; 2 a mo<strong>de</strong>rna, para a qual o L. 6 certa<br />

relação <strong>de</strong> um corpo com os outros.<br />

I a Segundo Aristóteles, o L. 6 "o primeiro limite<br />

imóvel que encerra um corpo" (Ms., IV, 4,<br />

212 a 20); em outros termos, é aquilo que abarca<br />

ou circunda imediatamente o corpo. Nesse<br />

sentido, diz-se que o corpo está no ar porque o<br />

ar circunda o corpo e está em contato imediato<br />

com ele. F.ssa concepção persistiu durante toda<br />

a <strong>filosofia</strong> medieval e também é repetida substancialmente<br />

pelos críticos da física aristotélica,<br />

como p. ex. Ockham (Summuhw in librasphys.,<br />

IV, 20; Quodl.. I. 4). Com base nessa concepção,<br />

existem "lugares naturais", nos quais um<br />

corpo naturalmente está ou aos quais volta<br />

quando <strong>de</strong>les é afastado: "lima coisa" — afirma<br />

Aristóteles — "move-se naturalmente ou<br />

não naturalmente, e os dois movimentos são<br />

<strong>de</strong>terminados pelos lugares próprios ou pelos<br />

lugares estranhos. O L. no qual Lima coisa permanece<br />

ou para o qual se movimenta não por<br />

natureza <strong>de</strong>ve ser o L. natural <strong>de</strong> alguma outra<br />

coisa, como <strong>de</strong>monstra a experiência" (Decciel..<br />

I, 7, 276 a 11). Toda a física aristotélica está<br />

baseada neste teorema (v. FÍSICA).<br />

2 a A teoria aristotélica dos lugares era alvo<br />

da crítica acerba <strong>de</strong> Galilei, em Dialaghi <strong>de</strong>i<br />

massimi sistemi (1632, Giornata seconda).<br />

Alguns anos <strong>de</strong>pois, Descartes expressaria com<br />

toda a clareza o conceito <strong>de</strong> L. que emergia da<br />

nova postura da ciência: "As palavras 'L.' e<br />

'espaço' nada significam <strong>de</strong> realmente diferente<br />

dos corpos que afirmamos estarem em<br />

algum lugar, e indicam apenas seu tamanho<br />

e forma, e como estão situados entre os outros<br />

corpos. Para <strong>de</strong>terminar essa situação, é<br />

necessário referir-se a outros corpos que<br />

consi<strong>de</strong>ramos imóveis, mas, como tais corpos<br />

po<strong>de</strong>m ser diferentes, poetemos dizer que<br />

uma mesma coisa, ao mesmo tempo, muda e<br />

não muda <strong>de</strong> L." (Piinc. phil., II, 13). F Descartes<br />

cita o exemplo do homem que está sentado<br />

num barco que se afasta da margem: o L.<br />

<strong>de</strong>sse homem não muda em relação ao barco,<br />

mas muda em relação à margem. Com essas<br />

observações, que exprimem a relativida<strong>de</strong> do<br />

movimento (relativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Galileu), chega-se<br />

ao conceito mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> L. como relação entre<br />

um corpo e outro, tomado como referência.<br />

LUGARES (gr. TÓJTOI; lat. Loci; in. Topics; fr.<br />

l.ieu.x; ai. Órter; it. l.uogbi). Segundo Aristóteles,<br />

são os objetos dos raciocínios dialéticos e<br />

retóricos, "assuntos comuns à ética, à política, à<br />

física e a muitas outras disciplinas, como p. ex.<br />

o argumento do mais e do menos" {Rei., I, 2,<br />

1358 a 10). Estes seriam os L.-comtws. Mas<br />

existem também, segundo Aristóteles, L. especiais<br />

ou próprios, que são os artigos constituídos<br />

por proposições pertencentes, p. ex., à física,<br />

mas nos quais é impossível fundar proposições<br />

concernentes à ética, ou reciprocamente.<br />

Os L.-comuns não têm objeto específico,<br />

por isso não aumentam o conhecimento<br />

das coisas; os L.-próprios, entretanto, especialmente<br />

se utilizam proposições oportunamente<br />

escolhidas, contribuem para o conhecimento<br />

das ciências especiais (Ret., I, 2, 1358 a<br />

21). Os retores latinos salientaram a importância<br />

<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> estudo, sobretudo dos L.-comuns,<br />

para a arte oratória, pois não aumentam<br />

o saber, mas são instrumentos <strong>de</strong> persuasão<br />

(CÍCKRO, 7b/;., 2. 7; De orat., II, 36. 152; QI:IN-<br />

TIUANO, /ml., V, 10. 20). Através das obras lógicas<br />

cie Boécio (De d iff. topicis. 1: P. /... 64", col.<br />

1174), essa noção passou para a lógica medieval.<br />

Pedro Hispano <strong>de</strong>fine os L. como "a se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um argumento ou daquilo <strong>de</strong> que se extrai<br />

um argumento conveniente à questão proposta"<br />

(Summ. log., 5. 06).<br />

Como se disse, a parte da lógica que estuda<br />

os L. é a Tópica. Para Cícero, era a parte inventiva<br />

da lógica, a que excogita os argumentos<br />

úteis ao convencimento, mais do que ao juízo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!